"FC Porto-Braga e Benfica-Casa Pia? Claramente objetivos de criar pressão na arbitragem"

José Mourinho e Gustavo Correia no final do Benfica-Casa Pia
AFP
Luciano Gonçalves avisa que "ninguém rebenta ninguém" no Conselho de Arbitragem
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O presidente do Conselho de Arbitragem (CA), Luciano Gonçalves, garantiu esta quarta-feira que "ninguém rebenta ninguém" no organismo e que punições a árbitros "jamais" serão decididas "por interferência" de "quem quer que seja", avisando estar imune a pressões.
"Os árbitros são treinados e preparados para lidarem com a pressão, o Conselho de Arbitragem dá-lhes suporte para que estejam tranquilos. Aqui ninguém rebenta ninguém, se o árbitro descer de divisão, irá descer por resultados menos positivos, porque teve uma época menos positiva, e jamais por interferência de quem quer que seja", avisou o responsável pela arbitragem na Federação Portuguesa de Futebol, na conferência de imprensa de balanço ao trabalho efetuado pela arbitragem nas primeiras 10 jornadas da I Liga de futebol.
Luciano Gonçalves defendeu a postura dos árbitros Fábio Veríssimo e Gustavo Correia relativamente aos jogos FC Porto- Braga e Benfica-Casa Pia, respetivamente, lamentando as tentativas de "criar pressão" a que foram sujeitos.
"Da parte da arbitragem foi feito o que deveria ter sido. Claramente que qualquer situação destas tem objetivos de criar pressão no árbitro, no jogo, na arbitragem no seu todo", denunciou, apoiado por Duarte Gomes, também presente.
O diretor técnico para a arbitragem da FPF manifestou "orgulho" pela abordagem de ambos, considerando que estes cumpriram a "missão".
"O que sentimos quando os nossos árbitros dizem a sua verdade é orgulho, mas também sentido de cumprimento de missão. Estão obrigados a colocarem nos seus relatórios tudo o que acontece em termos desportivos e extradesportivos, nomeadamente incidentes. Quando o Fábio, o Gustavo, ou qualquer outro árbitro coloca no relatório o que presenciou, sentimos que cumpriu a sua missão", referiu.
Duarte Gomes mostrou-se em total concordância com as palavras de Luciano Gonçalves, que assumiu que no Conselho de Arbitragem da FPF "não irão existir "jarras"", recusando afastar árbitros de nomeações como punição.
"Em relação à "jarra", acho que ficou muito claro que não apenas não falamos nelas, como não mostramos a ninguém que o vamos fazer. Os primeiros a saber quando vão ser responsabilizados são os próprios árbitros, não a imprensa nem os clubes, qualquer outra coisa que ouçam, não foi pela via oficial", assegurou.
Por fim, o diretor técnico para o setor da arbitragem e antigo árbitro internacional assegurou ainda que os árbitros são "responsabilizados" e "muito penalizados" por maus desempenhos.
"Muitas vezes a gestão dos desempenhos nem é para castigar o árbitro, mas sim para protegê-lo da exposição. Um erro tem consequências até familiares para os árbitros, e protegê-lo é o mais sensato. É importante que se sintam responsabilizados, quando erramos, temos de assumir as consequências e não é só com a não nomeação, é no fator económico, na autoestima e no processo classificativo. Quando acharem que os árbitros não são responsabilizados, estão enganados, acreditem. São, e muito", completa.

