CA responde a Rui Costa sobre penálti de António Silva: "Não é questão de lei..."

Declarações de Luciano Gonçalves, presidente do Conselho de Arbitragem, e Duarte Gomes, diretor técnico nacional da arbitragem, numa conferência de imprensa do Conselho de Arbitragem da FPF, na Cidade do Futebol, sobre as primeiras dez jornadas da I Liga
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Falou no tempo útil de jogo, que subiu um minuto em relação à época passada, como pode aumentar? "É uma questão importante e não apenas um flagelo em Portugal. As médias caíram nas maiores ligas, incluindo na Premier League, conhecida por deixar jogar. Fizemos um estudo recente sobre os motivos que param mais o jogo e aquilo em que se perde mais tempo são os pontapés livres, perdem-se muitos minutos por jogo por isso. Curiosamente o VAR aparece na quarta ou quinta posição e as faltas também não aparecem no primeiro ou segundo lugar. Os árbitros têm a obrigação de ter um critério largo em lances técnicos. Não é punir sanções, é: na dúvida entre não penalizar ou penalizar, não penalizar. Assim teremos menos faltas e paragens. Depois, é serem mais proativos em bolas paradas, mas quando cai um guarda-redes sem estar lesionado e as duas equipas vão receber instruções, os árbitros não podem fazer nada quanto a isso, não são médicos, só podem tentar agilizar a lesão e compensar o tempo perdido. Há também as simulações, tempo perdido e não são só as equipas pequenas que tendem a perder tempo nos recomeços, mas isso também requer uma reflexão das equipas sobre as suas táticas. Hoje em dia um golo é muitos milhões, há muita coisa em jogo, como o despedimento de treinadores, e sabemos bem o impacto das nossas decisões, mas precisamos das colaborações de todos. Vamos fazer a nossa quota parte mas as equipas também têm de fazer a sua."
O CA considera que os episódios recentes no Dragão e na Luz foram tentativas de pressão e coação aos árbitros? "Em qualquer um dos casos, os árbitros fizeram as suas obrigações, ao mencionarem o que aconteceu nos relatórios e passarem-nos às entidades competentes. Confiamos no Conselho de Disciplina para que analise o que eles escreveram. Qualquer uma dessas situações não devia acontecer, como é óbvio, isso será consensual para todos. Não é apenas pelo árbitro e pelo ambiente, mas pela imagem que passa no seu todo, não é esse o futebol que todos queremos. Queremos um futebol mais positivo, que seja vendável e visto lá fora como o fantástico que é, com os melhores árbitros, jogadores e treinadores do mundo, que já tivemos e voltaremos a ter, mas vamos tendo estes episódios que não deviam acontecer. Os árbitros fizeram o que deviam, esperamos pelas decisões do Conselho de Disciplina e claro que estas situações têm outros objetivos de criar pressão na arbitragem no seu todo, mas os árbitros estão preparados para lidar com a pressão, são treinados para isso e têm suporte para estarem tranquilos. Aqui ninguém rebenta ninguém, se um árbitro descer de divisão, será por resultados menos positivos e jamais por interferência de quem quer que seja. Infelizmente algumas ações estão a ir buscar o pior que tivemos há alguns anos e não é o que queremos. A arbitragem fez o que tinha de fazer e esperemos que sejam casos isolados."
Rui Costa disse que não foi respeitada a lei no penálti de António Silva: "É difícil falar de lances concretos, mas não é uma questão de lei porque é um lance de interpretação, mas sim uma questão de premissas que estão definidas para determinados lances quando acontecem. Penso que terá sido isso, mas não vi as declarações do presidente do Benfica. Nomeações não faço em direto, mas iremos gerir Gustavo Correia como qualquer outro árbitro."
Como fazem a gestão de árbitros que erram? Fábio Veríssimo é visado por um clube sempre que atua nos seus jogos: "É fazer com a maior naturalidade que os próprios treinadores também fazem. Certamente há adeptos que não querem um jogador A ou B a jogar e o CA é igual, tomando decisões com base no princípio da responsabilização. Não é por algum clube não querer ou não gostar de algum árbitro que não o vamos nomear, isso terá a ver com o momento em que ele está e aquilo que é a sua competência e a responsabilização pelo erro, nada mais."
