Criação de uma SAD permitiu competir no Campeonato de Portugal. Ricardo Sereno, administrador, quer chegar à II Liga em “cinco anos”
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Sete vitórias, oito empates e cinco derrotas em 20 jogos colocam, atualmente, o O Elvas a meio da tabela da série D do Campeonato de Portugal, com sete pontos de avanço para o Juventude de Évora, primeiro emblema abaixo da linha de água, e que foi precisamente derrotado, por 2-1, no dérbi alentejano do passado domingo.
Nem sempre o Alentejo tem tido representatividade no CdP, por via das dificuldades financeiras, mas em Elvas está a nascer um novo projeto. Ricardo Sereno, irmão do antigo central Henrique Sereno e agora presidente do Aves SAD, é um dos rostos de uma administração com com raízes na Suíça. “Fui contactado para investir num clube. Normalmente as SAD procuraram equipas próximas de aeroportos internacionais e a procura foi feita nessas áreas. No entanto, percebíamos que poderíamos ter falta de condições logísticas ou de envolvimento das gentes locais. Entretanto, sendo eu natural de Elvas, o clube subiu ao CdP, mas não tinha dinheiro para competir. Falámos com os investidores e percebemos que podíamos criar uma SAD do zero”, explica, elogiando a envolvência na terra eternizada pela canção de Paco Bandeira. “Temos infraestruturas interessantes, com Badajoz ao lado, e uma massa adepta que, bem trabalhada, vai atrás de nós para todo o lado. Temos uma capacidade de crescimento enorme”, sublinha.
A paixão nos alentejanos já se está a notar, garante Ricardo Sereno, e a ideia é estendê-la a outros pontos. “O Campomaiorense era o clube de toda uma região. Estamos a criar uma onda grande na cidade, a tentar que a região sinta O Elvas. No domingo, em Évora, arrastámos cerca de 300 adeptos e em casa temos tido a bancada central cheia. Todos os jogadores dizem que nunca viram uma massa adepta como a nossa e só estamos a começar”, avisa.
Desportivamente, o objetivo passa por permanecer no CdP para, a curto/médio prazo se pensar noutros voos. “Começámos a época quase sem um jogador. O primeiro que contratámos foi o capitão e fizemos tudo muito à pressa. A equipa foi feita em duas semanas. Futuro? Queremos chegar à II Liga em cinco anos. A ideia seria tentar atacar a Liga 3 em 2024/25 e depois estabilizar para, passados dois anos, tentar a II Liga”, revelou.
Razão e coração difíceis de separar
Ricardo Sereno é natural de Elvas e isso faz com que gerir o clube da terra o leve a tentar separar a razão do coração. “É muito difícil fazê-lo [risos]. Quando estou a ver os jogos, é difícil. Sou sócio do O Elvas desde que nasci, o meu avô e tio foram presidentes do clube e o meu irmão Henrique também está sempre atento a nós”, atira, sublinhando que em 2024/25 a prioridade é “manter a base da equipa”.