Diogo Costa vai fechar ano de ouro e é reconhecido pelos pares: "É muito completo"
Camisola 99 regressa à baliza frente ao Arouca, na despedida de um 2022 alucinante e de plena consagração. Dos títulos aos recordes, Diogo Costa experienciou de tudo um pouco, sem escapar a momentos menos bons. Dos pares recebe o reconhecimento e a convicção que tem estofo para dar a volta por cima.
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Depois de Cláudio Ramos ter tomado conta da baliza do FC Porto na Taça da Liga, é hora de Diogo Costa voltar ao posto no campeonato, frente ao Arouca, na quarta-feira, no último jogo de um ano alucinante para o guarda-redes, que figura entre os 25 nomeados da IFFHS para melhor de 2022.
Dos títulos à afirmação na Seleção Nacional, dos prémios aos recordes na Liga dos Campeões, a viagem foi recheada de momentos altos e até passou pela estreia na paternidade, sem escapar a contratempos que sempre relembram a juventude. Aos 23 anos, Diogo já tem muito para contar e recolhe o reconhecimento dos pares.
Jorge Amaral e Beto, que defenderam a baliza do FC Porto em diferentes eras, conversaram com O JOGO e convergiram na ideia de que 2022 foi em cheio para o guardião.
"Foi um ano de confirmação de todo o valor que lhe era reconhecido, não só na época anterior, como num passado que não pode ser esquecido em todas as seleções nacionais, sempre com um desempenho muito bom. É a justiça feita a um grande guarda-redes", analisou Amaral, que representou os dragões década de 1980.
Beto vê "um ano de ouro do ponto de vista individual" e foi perentório quando questionado sobre o possível impacto do erro no jogo frente a Marrocos, na despedida de Portugal do Catar. "Julgo que não mexerá com ele. Aliás, o Diogo teve um pequeno percalço no primeiro jogo, com o Gana, mas depois mostrou muita segurança e deu boas respostas nos encontros seguintes. Muito pouca gente deu conta, mas com o Uruguai foi decisivo por duas vezes", sublinhou Beto, atualmente sem clube e com passado no FC Porto entre 2009/10 e 2011/12.
"Já deu mostras que tem força mental, está preparado para dar uma boa resposta e continuidade", acrescentou Beto, sem esquecer o "papel importante da equipa técnica para mudar o chip".
Jorge Amaral também vê em Diogo alguém "muito equilibrado psicologicamente e com níveis de concentração muito elevados". "Não é isto que o vai abalar. Certamente cometerá mais erros, mas é absolutamente normal, ele sabe que faz parte do jogo e tem capacidade para os ultrapassar", concluiu Amaral.
Desafiado a ser mais falador
Jorge Amaral aponta a Diogo Costa um desafio para lá das competências técnicas. "Gostava que falasse mais com a defesa. Os defesas sabem quem está lá atrás, mas se comunicasse um pouco mais não se perdia nada. Também tem a ver com a maneira de ser", analisou o antigo guardião, convicto de que "o mais difícil tem a ver com o timing de saída aos cruzamentos". "Não digo isto pelo jogo com Marrocos, é um trabalho constante. Ele "queima" muito bem a baliza, é muito forte no um contra um", indica.
Já Beto ressalva que "não existe o guarda-redes perfeito", até porque "existe uma evolução constante, não só a nível individual, mas de acordo com as mudanças no jogo, que vão exigindo cada vez um guardião multifuncional". "O Diogo já é bastante completo", fechou.
CRONOLOGIA
8 de janeiro
Começa o ano com uma vitória (3-2) frente ao Estoril, num jogo em que sofre dois golos.
17 de fevereiro
Estreia-se na Liga Europa com um triunfo (2-1) contra a Lázio.
24 de março
É titular pela Seleção Nacional na vitória (3-1) frente à Turquia, nas meias-finais do play-off de acesso ao Mundial.
29 de março
Faz os 90 minutos contra a Macedónia do Norte e ajuda Portugal a qualificar-se para o Campeonato do Mundo.
19 de abril
Completa o tetra (dezembro, janeiro, fevereiro e março) nas escolhas como melhor guardião do mês do campeonato.
5 de maio
Sagra-se campeão português, saindo do clássico (1-0) com o Benfica sem sofrer golos.
22 de maio
Junta Taça de Portugal à I Liga, mesmo sendo suplente na final, com o Tondela.
18 de junho
É distinguido como o Guarda-redes do Ano da Liga 2021/22 e entra para o onze ideal.
25 de julho
É castigado um jogo pelo CD da FPF por cânticos visando o Benfica e falha a Supertaça.
20 de agosto
Mantém a invencibilidade em clássicos com três defesas decisivas na vitória, por 3-0, do FC Porto com o Sporting.
12 de outubro
Entra para o livro de recordes da Champions na visita a Leverkusen, sendo o primeiro guardião a fazer uma assistência e a defender um penálti na prova. Casillas descreve-o como fenómeno.