ENTREVISTA, PARTE II - A presença do avançado sueco nas sessões de treino tem ajudado os jogadores do setor defensivo a evoluir, de acordo com o central. Amorim, Varandas e Viana convenceram Debast a rumar a Alvalade.
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Viktor Gyokeres tem sido uma verdadeira dor de cabeça para os defesas em Portugal. Debast acredita que a qualidade do ponta-de-lança sueco é vital no desenvolvimento das capacidades dos centrais do Sporting.
Qual foi o avançado mais difícil que enfrentou até agora na liga portuguesa?
-O Viktor [Gyokeres], nos treinos... É bom, numa equipa com tantos defesas jovens, ter um avançado como o Viktor com quem treinar, um avançado que tem um desempenho excelente nos treinos e nos jogos. É um ótimo momento de aprendizagem. A equipa vai subir de nível automaticamente, a treinar com ele.
Quais são as maiores diferenças entra a liga portuguesa e o campeonato belga?
-A liga belga é mais física do que o campeonato português. A liga portuguesa adequa-se mais ao meu estilo de jogo e às minhas qualidades como futebolista. Gosto da intensidade e da paixão com que os jogadores disputam os encontros aqui.
Os estádios em Portugal são muito diferentes dos estádios na Bélgica?
-Em Portugal, existem alguns estádios mais pequenos, mas também existem estádios muito grandes, como o nosso, o do Benfica e o do FC Porto. A diferença entre os clubes grandes e os clubes mais pequenos é maior, no entanto, os campos são sempre bons. Na Bélgica, os estádios, os relvados e as equipas são de nível semelhante.
Por que razão escolheu o Sporting, quando tinha outros clubes, de outros países, interessados nos seus serviços?
-Fiquei imediatamente apaixonado pelo projeto do Sporting quando referiram o nome do clube. As conversas aconteceram através dos meus agentes, do meu pai. Eu quis saber mais coisas sobre o clube, porque os jogos do Sporting e da liga portuguesa não são transmitidos na Bélgica. Eu comecei a ver os jogos do Sporting e falámos muito. Fiz duas chamadas telefónicas com o treinador [Rúben Amorim], falei com outras duas pessoas. Adorei o processo, a forma como me explicaram o plano para eu ficar mais forte fisicamente, um melhor jogador, para trabalhar, fora do campo, no desenvolvimento do meu corpo, na evolução dos meus pontos fracos como futebolista, e era isso que procurava.
Quais eram as áreas em que procurava evoluir, quando decidiu vir para Portugal?
-Trocar de clube é sempre um risco assumido. Eu queria ter tempo de jogo para trabalhar nos meus pontos menos bons. Tive uma boa sensação no contacto com o clube, com o ambiente. Visitei as instalações do clube antes de assinar contrato, e gostei do que vi. Pareceu-me um sítio acolhedor, um bom clube para progredir. Esta sensação foi o mais importante para mim, e tudo correu bem. O Sporting vinha de uma ótima temporada, e eu queria fazer parte desta equipa.
Quem foi a pessoa mais importante no processo da sua vinda para o Sporting?
-Várias pessoas. As primeiras pessoas com quem falei foram o treinador [Rúben Amorim], o presidente [Frederico Varandas] e o Hugo [Viana], e fiquei satisfeito com as conversas que tive com eles.
O seu antigo companheiro de seleção Vertonghen [ex-Benfica] deu-lhe algum conselho relativamente a esta mudança para Portugal?
-Sim, falei com ele, tenho uma ligação muito próxima com ele. Ele era um pouco como um irmão mais velho para mim na seleção, dentro e fora de campo. Eu perguntei-lhe como era a vida em Portugal, onde deveria procurar casa, e também fiz perguntas sobre o clube. Ele disse-me que vir para o Sporting seria o passo perfeito para eu tomar. Além do futebol, ele passou-me uma ideia positiva da cidade [Lisboa], e de tudo o resto.
Quais são os aspetos mais positivos de viver em Portugal?
-A comida é incrível. O clima é bom, os meus pais, a minha família e os meus amigos ficam felizes quando vêm cá. É mais fácil convencê-los a visitarem-me, com esta comida e o clima. Eu disse-lhes que planeava voltar à Bélgica para passar um dia no Natal, mas eles disseram-me que vinham a Lisboa porque, aqui, o clima é mais quente, e há mais coisas para fazer.
Espaço para crescer na defesa
O central de 21 anos adaptou-se rapidamente ao estilo de jogo da equipa leonina, mas confessou que ainda existe uma larga margem para melhorias no aspeto defensivo. Concorda que evoluiu muito fisicamente.
Em qual das três posições do eixo defensivo prefere jogar?
-Prefiro jogar no lado direito porque sou destro, e porque me permite mostrar as minhas qualidades ofensivas, mas também gosto de jogar no centro. Posso jogar na esquerda, mas é mais difícil manter o meu estilo de jogo, porque os passes longos não saem da mesma forma. No entanto, estou sempre disponível para jogar lá, se o treinador pedir.
A sua capacidade de passe está relacionada com o facto de ter sido médio na formação?
-Sim, ajudou muito. Eu joguei como número 10 até aos 15 anos. Isso ajudou-me muito a evoluir na construção de jogo e no passe. No aspeto defensivo, preciso de trabalhar para encontrar formas de tomar melhores decisões, mas é algo normal, e é por isso que estou aqui, para aprender com os outros jogadores.
O seu passado como médio leva-o a assumir maiores riscos na defesa?
-Sim, esse é o meu estilo. O Sporting contratou-me para oferecer estas características à equipa. É um aspeto importante, mas o meu principal foco é a responsabilidade defensiva, defender a nossa baliza, antes de pensar em marcar golos.
Decorridos seis meses no Sporting, sente que evoluiu como jogador?
-Fisicamente, estou mais pesado e musculado. Era um objetivo importante para mim, foi um dos desafios que definimos no início da temporada, quando cheguei cá.