Uribe, Otávio e Nakajima formaram o meio-campo nos últimos jogos, mas o equilíbrio do capitão pode obrigar a mudar. O JOGO ouviu os treinadores Manuel Machado, Vítor Campelos, Vasco Seabra e Paulo Alves sobre o assunto
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O Sporting é um adversário de maior exigência e os quatro treinadores inquiridos por O JOGO apontam ao regresso do Comendador para um trio com Uribe e Otávio. Nakajima talvez na ala.
Clássico de Alvalade devolve Danilo à discussão
O clássico de Alvalde, num contexto em que o FC Porto não se pode dar ao luxo de desperdiçar mais pontos para o Benfica, sob pena de ver abrir ainda mais o fosso na luta pelo título, alimenta a discussão em torno da possibilidade de devolver Danilo Pereira ao onze inicial contra o Sporting, depois de ter jogado os primeiros 45 minutos em Chaves.
Não restam dúvidas sobre as características de um jogador que traz mais consistência e equilíbrio defensivo, prevendo-se um Sporting mais ofensivo, empenhado em aproveitar este duelo para encurtar a distância para os lugares da frente. A discussão ganha ainda mais razão de ser depois de o próprio Sérgio Conceição ter mudado de protagonistas no miolo, justificando-se com a necessidade de munir a equipa de outras ferramentas para a tornar mais criativa na abordagem ofensiva.
Em consequência, viu-se um FC Porto diferente nos últimos jogos, assente numa dupla do meio-campo formada por Uribe e Otávio, com Nakajima nas funções de um número 10. Frente a adversários como Tondela e Santa Clara, a fórmula deixou Sérgio Conceição satisfeito com o rendimento ofensivo, somando-se quatro golos nesses dois encontros.
O sacrificado no onze, neste caso, seria Nakajima ou Luis Díaz
Mas a questão, à partida para o clássico de Alvalade, é perceber se esta fórmula de Conceição já terá as dinâmicas necessárias para enfrentar uma equipa como a do Sporting, teoricamente dotada de maior poderio ofensivo. Nesse sentido, os treinadores ouvidos por O JOGO não só ajudaram a perceber melhor a abordagem que o FC Porto poderá fazer do clássico, como explicaram até que ponto incluir Danilo no onze pode mudar os comportamentos do sector.
Todos admitem que, com o Comendador na equipa, Otávio será devolvido a uma posição mais adiantada na dinâmica do sector. O sacrificado no onze, neste caso, seria Nakajima ou Luis Díaz. Se fosse o colombiano, o japonês teria de ser devolvido à esquerda. Estas são as configurações possíveis de um "puzzle" que ainda está a ser alinhavado.
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Manuel Machado
"Dois médios mais recuados e Otávio"
"A jogar fora, eventualmente a estrutura passará por três médios, dois mais recuados (Danilo e Uribe) e um terceiro mais adiantado, como Otávio. O Sporting joga com três médios que preenchem bem o espaço interior, pelo que acredito que o FC Porto também vá por aí. Otávio cria os equilíbrios necessários para dar consistência defensiva e garante, ao mesmo tempo, o necessário nas transições ofensivas, criando movimentos de rotura e desequilíbrios no espaço interior, graças à velocidade de execução e capacidade de passe".
Vítor Campelos
"Danilo é o capitão e tem muito peso"
"Parece-me que o indicado seria uma tripla com Danilo, Uribe e Otávio. Danilo é o capitão, tem peso no balneário, peso emocional no coletivo, traz experiência e uma consistência defensiva importante num clássico. Uribe, como 8, vem dar equilíbrio a defender e ainda é capaz de chegar bem à frente. Otávio seria uma opção atendendo à capacidade para jogar na frente: é um jogador de posse, com capacidade de passe, que traz dinâmica, trabalha muito para o coletivo e é capaz de desequilibrar o jogo a qualquer momento".
Vasco Seabra
"Dinâmica terá a ver com espaços a fechar"
"Tratando-se de um clássico, esta pode ser a oportunidade para fazer reentrar Danilo no onze, se pretender jogar com um médio mais posicional, mais fixo à frente da defesa e que ocupe melhor o espaço no corredor central. Mas se o Sérgio Conceição sentir que tem uma dinâmica instituída naquele sector, que esteja bem preparada para atacar, também estará rotinada para defender, e deste ponto de vista aposto que até manteria Uribe e Nakajima. Entendo que a dinâmica terá mais a ver com os espaços a fechar, do que as opções".
Paulo Alves
"Nakajima a 10 só em jogo mais aberto..."
"Apostar num duplo pivô defensivo pode retirar alguma capacidade atacante, pelo que o que me parece mais lógico seria uma aposta em Danilo, Uribe e Otávio. Danilo é fundamental, ajuda a manter os equilíbrios, Uribe dá consistência, cria desequilíbrios e capacidade de progressão. Com Otávio, o FC Porto é mais criativo na frente, cria mais espaços e é mais forte no último passe. Nakajima no lugar de Otávio, no limite, mas com um jogo mais aberto, com mais espaços e mais descomprometido taticamente".
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Dúvidas também na lateral
Não são só as questões levantadas pela aposta em Danilo no onze inicial que prometem fazer crescer cabelos brancos a Sérgio Conceição, mas também as opções para o lado direito da defesa. Se é praticamente seguro que Alex Telles joga, a discussão do lado oposto envolve vários protagonistas, a começar pelas consequências ofensivas que poderão ter na equipa uma opção por Corona.
Conhecendo-se o peso do mexicano no ataque, Conceição terá sempre de ponderar se não será mais vantajoso para a equipa jogar com ele a extremo. Sem ele na defesa, Manafá surgiria como o candidato mais forte. Mas também há Mbemba e Saravia...