Krimau, um dos carrascos de Portugal no Mundial de 1986 por Marrocos, foi uma das contratações de Artur Jorge para o Matra Racing. Lembra com muita saudade técnico português, campeão europeu no FC Porto e recentemente falecido
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Abdelkrim Krimau, antigo internacional marroquino, hoje com 69 anos, que marcou a Portugal na vitória de 3-1 dos magrebinos do Mundial de 1986, foi reforço do Matra Racing como escolha específica de Artur Jorge para esse primeiro projeto em França, após sagrar-se campeão europeu pelo FC Porto.
Goleador por onde passara, Bastia, Lille, Metz, Estrasburgo, Le Havre ou Saint Etienne, Krimau, já com 33 anos na altura, é um dos nomes fortes que se junta ao técnico português e a um elenco que tinha gente do calibre de Luis Fernandez, Littbarski ou Francescoli.
"Eu ia assinar por outra equipa, mas senti uma força grande da parte dele para que fosse. Foi ele que me ligou expressamente para vir para Paris. Eu decidi vir graças a essa chamada, essa confiança que veio dele. Vinha por dois anos e foi minha cidade durante 14 anos", reflete o avançado, que marcaria seis golos em 34 jogos.
"Ele transmitia muito respeito, era comunicativo, mesmo consciente das estrelas que tinha e do significado de algumas carreiras. Mas, da nossa parte, também havia muito respeito por aquilo que fizera no FC Porto. Lembro treinos de muito diálogo e trabalho. Exigia muito também, interventivo, nunca se alheava e ouvia tudo o que quiséssemos transmitir. Tinha a grande qualidade de dar confiança a todos. Era uma personalidade fácil de se fazer respeitar, até por aqueles que tinham trajetos importantes", elogia, prestando mais louvores, que abarcam a natureza intelectual do antigo avançado do FC Porto, Académica e Benfica, formado em Germânicas.
"Era um grande treinador forte nos aspetos humanos. Conheci vários bons treinadores, mas ele tinha algo mais, promovia discussões cultas e bem-educadas, falava com toda a gente porque entendia e dominava várias línguas. Lidava facilmente com franceses, alemães, holandeses, marroquinos e uruguaios. Chegava a todos, pois sabia quando falar ou intervir", relata Krimau.
"Posso considerá-lo fantástico, muito por culpa desses estudos suplementares que fez dentro do desporto", avalia o antigo craque marroquino, reconhecido ao papel do técnico num período já sensível da sua carreira. "Ele confiava e eu sabia que podia jogar em qualquer momento e em qualquer posição. Até me fez ser líbero. Nunca me olhou de lado pela idade e acho que mostrara essa marca no FC Porto e, mais tarde, no Paris-SG, de tratar toda a gente por igual. O sucesso dele responde bem a essa pergunta, todos eram úteis para ele, até os mais velhos", recorda, confessando-se triste pela notícia da partida do técnico que também fez história em Paris.
"Estou muito triste, porque o conheci bem e também a sua família. A família do futebol perdeu alguém muito importante", lamenta.