"Comparo Gyokeres aos grandes avançados de antigamente, especialmente a Gunnar Nordahl"
O mais icónico guarda-redes sueco, figura no Mundial de 1994, também se rende ao avançado do Sporting. Em conversa com O JOGO, o antigo jogador, de 65 anos, compara o goleador dos leões com a primeira estrela internacional da Suécia: Gunnar Nordahl, que brilhou com a camisola do Milan nos anos 50.
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Thomas Ravelli é uma lenda do futebol sueco. Um dos mais famosos jogadores da geração dos passados anos noventa, inspiração e emoção entre os postes, decisivo, espetacular e expansivo, viveu um Mundial de 1994 sublime, ajudando de forma exuberante ao sucesso da Suécia nos Estados Unidos, que encerrou num terceiro lugar. Ravelli, agora com 65 anos, era um nome feito, um guarda-redes consagrado, que ainda hoje responde por 143 internacionalizações. Tem autoridade para falar de Gyokeres, o impiedoso avançado leonino, que tem o mercado sedento do seu poder letal, já contabiliza 73 golos em época e meia em Alvalade, o que resume de forma lapidar uma visão comum de uma máquina demolidora. Embora, agora, a provar também a intranquilidade e desacerto dos colegas, levando de Guimarães o “hat-trick” mais agridoce, pois a equipa não mascarou fragilidades atrás num eletrizante 4-4. Depois da visita à cidade dos conquistadores, passaram a ser 30 golos em jogos oficiais de 2024/25 daquele que foi, aliás, o goleador supremo no Mundo em 2024 com total de 62 golos. O respeito é tanto que é comparado a uma figura dos anos 50.
“Eu comparo-o aos grandes avançados de antigamente, especialmente ao nosso Gunnar Nordahl, que foi um dos grandes nomes da história do Milan e da Suécia. Foi goleador da Liga italiana por cinco anos seguidos, era um verdadeiro búfalo e marcava golos sem fim”, elogia Ravelli, falando de um mítico dianteiro que apontou 214 golos pelos rossoneri, em 272 aparições. “Gyokeres acho que tem algo dele, pelas caraterísticas que vemos e os jogos a que vamos assistindo. Marca em quase todos os jogos, está sempre no sítio certo. Acho que teve um desenvolvimento brutal e excecional no Sporting. Acredito que vai mudar de equipa, é o processo natural, e chegar a uma grande liga, talvez Inglaterra ou Itália, mas acredito mais em Inglaterra”, sustenta.
“Ele tem-se revelado muito forte, poderoso e com um aproveitamento incrivelmente bom”, acrescenta Ravelli, vendo Gyokeres liderar uma nova Suécia. “Temos produzido grandes avançados, faz pouco tempo estava pessimista sobre a seleção, mas, agora, estou otimista, porque apareceram muitos avançados. Temos problemas com a defesa, que era a nossa força”, regista.
Ravelli aprova a opção de Gyokeres ter procurado Portugal para se valorizar. “É uma das ligas fortes da Europa, embora não cheguem tantos jogos cá. Na Suécia estamos sempre mais documentados sobre o que acontece em Inglaterra. Seguimos o Viktor muito mais pelos jogos da Champions e da seleção. Em Portugal sei que há grandes ambientes nos jogos, o tempo é espetacular, joga num país adorável, envolvido por pessoas muito positivas”, enaltece Thomas Ravelli, lembrando que esteve perto de conhecer a Liga Portuguesa depois do Mundial de 1994.
“O FC Porto tentou a minha aquisição, forçou bastante, mas não havia ainda a Lei Bosman e o Gotemburgo vetou a minha saída. Os clubes eram praticamente os teus donos”, explicou, sobre uma tentativa de transferência que não se concretizou.