Em estreia na fase de subida, o 1.º Dezembro conseguiu frente ao Belenenses, orientado pelo antigo treinador, a primeira vitória. Rui Silva vê o grupo focado em chegar longe
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Rui Silva chegou ao 1.º Dezembro em cima do fecho do mercado de inverno, proveniente do Anadia. A troca por uma equipa que está a disputar a permanência na Liga 3 por outra que está na fase de subida foi um processo fácil. O lateral-direito, que tem jogado no corredor contrário, ganhou rapidamente o lugar. Campeão da prova na temporada passada, pelo Alverca, Rui Silva promete ser um reforço de peso nas ambições do emblema de Sintra, estreante nesta etapa da competição.
Com quatro subidas de divisão, por Lourosa, Santa Clara, Torreense e Alverca, o lateral constata que o 1.º Dezembro não tem as condições de outros candidatos mas promete “muita luta” na fase de subida.
Rui Silva, que passou pela formação do FC Porto e Braga, já jogou na I Liga ao serviço do Santa Clara
O 1.º Dezembro ganhou o primeiro jogo nesta fase de subida, com que sensação saiu?
- Foi merecido pelo trabalho que desenvolvemos durante o jogo. Também trabalhámos bem durante a semana para o preparar. Tínhamos cometido muitos erros em Fafe [derrota 3-1] e conseguimos resolvê-los como grupo dentro de campo.
“Houve troca de treinador. Dá sempre uma pica diferente quando jogas contra [Belenenses], uma motivação extra”
No banco do Belenenses estava um treinador [João Nuno] que deixara o 1.º Dezembro no final da primeira fase. Deu-vos um gozo especial?
- Sim, também. Houve troca de treinador, ele quis seguir outro projeto. Dá sempre uma pica diferente para jogar e uma motivação extra aos jogadores. Apesar de eu ter chegado aqui há duas semanas, percebi o impacto que o João Nuno teve neste grupo. A malta também queria ganhar pela estrutura do 1.º Dezembro, que merecia, e pelos jogadores, que trabalharam muito para ficarem entre os quatro primeiros.
Embora não tenha trabalhado com João Nuno, sente que o grupo aceitou bem as ideias do Pedro Caneco?
- Às vezes pode ser o mesmo sistema [3x5x2 ou 3x4x3], mas com ideias diferentes; o jogo é móvel. Trabalhámos coisas durante a semana em que os jogadores sentiram a diferença. Claro que demora algum tempo a assimilar as ideias do treinador, mas treino a treino e jogo a jogo estamos a melhorar o processo. Tenho a certeza que vamos fazer muitos pontos nesta fase.
É a primeira época do clube nesta etapa. Há razões para acreditar na subida?
- A nossa narrativa é sermos competitivos jogo a jogo. Não queremos olhar às tabelas , às classificações, queremos é entrar para todos os jogos para ganhar. Todos os clubes que estão nestes oito sonham.
“Já subi quatro vezes, mas nunca apanhei um grupo assim. Por isso é que fizeram história ao ficar nos quatro primeiros”
No ano passado, o 1.º Dezembro esteve até à última jornada a lutar para não descer e agora pode chegar à II Liga. O que mudou?
- É o grupo de trabalho. Já subi quatro vezes [Lourosa, Santa Clara, Alverca e Torreense], e das quatro nunca apanhei um grupo como este, por isso é que fizeram história ao ficar entre os quatro primeiros. Na primeira semana percebi logo porque tinham chegado à fase de subida, porque são um grupo a sério, de homens trabalhadores. É uma alegria imensa trabalhar aqui. Quando saí do Anadia, na primeira semana foi uma leveza grande para mim. Todos estão envolvidos em alcançar o mesmo objetivo.
Chegou no mercado de janeiro e rapidamente ganhou um lugar. Foi fácil a integração?
- O grupo é bom, já conhecia seis ou sete jogadores, do Alverca e do Torreense, com quem já tinha jogado e isso torna mais fácil a adaptação. Jogo como lateral-direito, mas neste momento estou a jogar à esquerda. Ganhei o lugar ao Lisandro Menezes, mas isto muda de um dia para o outro. Tanto jogo eu como o Lisandro, o Jorge ou o Diogo Bonito, o que interessa é ganharmos.
“O Anadia, a fechar o mercado, falou comigo. Como não atingiram a fase de subida, quiseram rescindir”
Deixou o Anadia, que vai disputar a permanência, por uma equipa que luta pela subida. Foi irrecusável?
- O Anadia, a fechar o mercado, no dia 29, falou comigo. Como não atingiram o objetivo de chegar à fase de subida, quiseram rescindir. Depois, o 1.º Dezembro ligou-me e acabei por vir para cá. Tive outro clube atrás de mim, mas optei por este, pela fase de subida e também pelo grupo. Falei com o Jorge Bernardo, o Rui Batalha e o Guilherme Oliveira, e disseram-me para vir, que ia ser muito feliz aqui, jogando ou não jogando, porque isto é uma família.
Currículo: O lateral-direito já subiu uma vez à Liga 3 (Lourosa), duas à II Liga (Alverca e Torreense) e outra à I Liga (Santa Clara)
No ano passado ajudou o Alverca a subir. Essa experiência é importante?
- A experiência é sempre importante. No Torreense também subi da Liga 3 à II Liga. Claro que não temos as condições dos outros clubes, mas temos uma coisa muito importante, que é o grupo. Temos de levar isso para os jogos e lutar de igual para igual. Os outros têm melhores condições, melhores salários, mas estamos aqui para bater de frente com eles e tentar fazer algo de bom esta época. Já conseguimos a fase de subida, mas queremos continuar a sonhar e pode acontecer ficarmos nos três primeiros.
“No Alverca tínhamos um grupo mais competitivo, maduro, por isso é que fizemos uma época tão boa”
Como foi ser campeão da Liga 3?
- No Alverca tínhamos um grupo mais competitivo, maduro, e por isso é que fizemos a época que fizemos. É um clube espetacular, não nos faltava nada e espero que o Alverca consiga subir à I Liga, porque merece. O João Pereira também me marcou, é muito competitivo e bom treinador. Não sabia que o João Pereira ia chegar logo à I Liga, mas o título de campeão da Liga 3 e o sistema de jogo muito forte que mostrámos levou a que fosse para o Casa Pia, onde está a demonstrar o treinador que é. Tem muitos pontos e tem praticamente garantida a permanência. Taticamente é muito forte, a nível de treino tem métodos muito bons e sabe motivar a malta. Isso fez com que chegássemos aos 30 pontos.