Castro já passou um belo aniversário no Bernabéu e ex-FC Porto recorda: "Ele foi muito importante"
O herói de Berlim é o único que sabe o que é vencer no enorme palco merengue, tendo participado num triunfo do Gijón em 2010/11 contra o Real Madrid, de José Mourinho. O Braga joga esta quarta-feira (20h00) no reduto dos blancos, para a quarta jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões.
Corpo do artigo
Jogo especial para Castro no Santiago Bernabéu, mesmo que tenha as portas do onze praticamente trancadas. O médio, talismã do único triunfo nesta fase de grupos dos bracarenses, assinando golo da vitória em Berlim, numa incrível reviravolta de 2-0 para 2-3, é o único no plantel que conhece o significado desse prazer maior na casa do maior colosso mundial, o bicho papão da Liga dos Campeões, com 14 conquistas. Saboreou esse gostinho no campeonato espanhol, em 2010/11, graças a uma vitória do Sporting Gijón por 1-0, golo de De Las Cuevas.
Castro levava poucos meses na cidade asturiana e esteve no plano inicial do técnico, já falecido, Manolo Preciado, homem de quem guarda impagáveis memórias. O Real Madrid era, então, treinado por José Mourinho, que provaria nessa noite o fim do seu extraordinário recorde de nove anos de invencibilidade como anfitrião, num total de 150 jogos. Data bem especial para Castro, que, ainda por cima, completava 23 anos a 2 de abril, festejando uma vitória arrepiante. Nos eleitos de Artur Jorge para um encontro inolvidável, que caberá certamente nos arquivos mais honrosos do clube, o médio tem esse encanto único por um palco mítico, agora remodelado. Castro já ajudou a escandalizar Madrid e, como líder de balneário, figura indispensável no dia-a-dia de todos os companheiros, exemplo de raça e de transmissão de mística, o médio tem uma aula programada de como se podem contornar os impossíveis, os erros de cálculo das previsões e o atropelo em 90 minutos à ditadura dos orçamentos, por mais díspares que sejam.
Nesse jogo de 2011, alinhou José Ángel, lateral-esquerdo, de 34 anos, ainda hoje vinculado ao Gijón, e que vestiu as cores do FC Porto durante duas épocas no reinado de Julen Lopetegui. Recorda com satisfação e saudade o encontro e o papel de Castro. “Essa foi uma vitória muito celebrada por todos no balneário; foi uma alegria, todos efusivos, levávamos tempo sem ganhar aí. Estávamos a jogar bom futebol, a fazer ótima temporada e o plano de Preciado funcionou. De pressionar o rival, apertá-lo em todo o campo e não o deixar cómodo. Conseguimos levar a melhor”, sublinhou. “O Castro foi muito importante para nós, tinha acabado de se estrear por um clube grande, o FC Porto, e ao chegar, deu-nos um salto de qualidade. Foi importantíssimo em todos os aspetos”, avalia.
“Tinha uma disponibilidade incrível para o jogo, era trabalhador, esses eram os aspetos mais fortes. Fico muito feliz que se mantenha na elite, passando por equipas importantes. Isso não está ao alcance de todos, se o faz a este nível, é porque é, de facto, um grande jogador”, destaca José Ángel, esperando que Castro, tal como outro amigo português, Paulo Oliveira, dos tempos do Eibar, sejam bem-sucedidos no Bernabéu.
“Passo-lhes confiança. Se estão nessa situação é porque têm qualidade suficiente para enfrentar este tipo de jogos e adversários. Que joguem tranquilos!”, ressalva José Ángel, conhecedor de muitos duelos na casa do Real Madrid. Espera que o Braga consiga um caminho próspero na prova, tanto na edição corrente como em futuras participações. “É um clube de grande valor, que tem crescido, e estar a este nível é importante para eles, porque não é habitual. Significa que está a fazer um grande trabalho em Portugal. Que os jogadores possam desfrutar mais tempo e ser mais assíduos na prova”, finalizou.
Palco conhecido para nove
Se Castro já venceu no Bernabéu, há mais de uma década, há quase um onze que já lá jogou, fruto de carreiras que passaram por Espanha, a começar naqueles que possuem nacionalidade espanhola, como Marín e Víctor Gómez. Os laterais jogaram em La Liga por Villarreal e Espanhol, respetivamente, e perderam, duas vezes o primeiro, uma o segundo.
Mas, atenção, há também quem tenha lá marcado no plantel arsenalista, paladar supremo traído pelo sabor amargo da derrota, pois de nada valeram os golos, nem para um empate. Bruma fez o gosto ao pé pela Real Sociedad, na época 2015/16, um dos seus três remates certeiros na liga espanhola, exatamente contra um adversário que seria campeão europeu. Mais cedo, Pizzi picou lá o ponto, pelo Espanhol. Ricardo Horta, sem o protagonismo de hoje, tem para contar a história de um empate do Málaga no reduto dos madrilenos. E importa ainda falar de Paulo Oliveira, que aproveitou as quatro épocas nos bascos do Eibar para fazer quatro visitas, integrais, ao reduto do Real Madrid. Sempre a perder... Para Rony Lopes a experiência foi só de alguns minutos, como suplente utilizado pelo Sevilha.