Bruno Paixão, ex-árbitro suspeito de ter sido subornado pelo Benfica, através de uma empresa prestadora de serviços fictícios, na sequência do processo "Saco Azul", em entrevista à CNN
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O que fez quando teve conhecimento das empresas fornecedoras de serviços do Benfica? "Senti desconforto. Perguntei a quem de direito se tinham alguma relação com a minha contratação. Foi-me dito que não, que o projeto de implementação da norma era efetivo. Mesmo assim fiquei de pé atrás. Mas o que é certo é que, nos nove meses que lá estive, ninguém me falou de futebol."
Há 40 mil euros que dizem que recebeu de José Bernardes... "Há mais uma auditoria que fiz para uma empresa, auditoria interna e depois acompanhei externa. E agora estive a consultar os emails para ver a última vez em que tive contacto com José Bernardes e descobri um documento em que fiz mais um trabalho para uma outra empresa."
Recebeu por essa? Faturou? Recebeu dinheiro? "Foi na mesma linha dos outros valores. Cerca de dois mil euros."
Tem os primeiros oito mil euros correspondentes a nove meses de trabalho, mais quatro mil por uma subcontratação e mais um trabalho? "Sim. Esse ficou por entre dois a quatro mil euros, por aí."
Recebeu 40 mil euros pagos em dinheiro por José Bernardes relacionado com corrupção desportiva? "Não recebi."
Alguma vez foi abordado para ajudar equipa A ou B em 33 anos de carreira? "Sim. Fui nomeado pelo CA [Conselho de Arbitragem], já era José Fontelas Gomes o presidente, para um jogo de play-off da Liga Ledman [II Liga], a 3 de junho de 2017. Fui abordado por ex-delegado da Liga e um senhor que não conhecia de lado nenhum."
Reportou o caso às autoridades? "[Era um caso de] match-fixing. Era um jogo do Académico de Viseu. Reportei o caso e, meia hora depois, estava sentado com dois agentes da Polícia Judiciária a reportar os factos."
Sabe o que aconteceu ao delegado? "Não sei se por este motivo ou outro, mas já não é delegado [da Liga de Clubes]."
Algo mais a dizer? "Um agradecimento ao Duarte Gomes [antigo árbitro]. Tem-me ajudado bastante, ao presidente da APAF, Luciano Gonçalves, por me defender. Estou totalmente disponível para entregar o material que tenho aqui e todos os meus diplomas a quem de direito e desafiar todos os meus colegas, árbitros/assistentes, dirigentes, técnicos de arbitragem, e até no Casa Pia, se tive algum comportamento incorreto com eles, que digam publicamente."