Bock com decisão "de risco": "Liguei a muitos atletas que ficaram de pé atrás"
Treinadorvoltou ao quarto escalão nacional para orientar um Vilaverdense com histórico recente de problemas financeiros. Começou tarde, em cima do joelho, mas já leva duas vitórias seguidas
Corpo do artigo
Leia também É mesmo "Fode", mas António Salvador prefere Pascoal
O Vilaverdense tem sido notícia pelos piores motivos nas últimas duas épocas, devido a problemas financeiros e incumprimentos salariais no futebol masculino e feminino. Com duas descidas seguidas - a queda foi da II Liga para a Liga 3 e, agora, para o Campeonato de Portugal - a pré-temporada arrancou tarde, em cima do joelho, e o treinador inicialmente escolhido, Gil Silva, saiu antes da bola começar a rolar.
A SAD apostou em Bock, que regressou ao CdP depois de em 2023/24 ter saído no arranque da época do Marco 09, que tinha conseguido levar para os nacionais. "Comecei a trabalhar dois dias antes do início dos treinos. Aliás, até já tinham feito dois treinos, dados por um jogador", conta Bock a O JOGO. As três primeiras jornadas foram adiadas e, à eliminação da Taça de Portugal (derrota por 1-0 com o Monção), seguiram-se quatro partidas sem vencer (dois desaires e dois empates). Até ao tabuleiro virar, com triunfos caseiros perante Mirandela (3-0) e Tirsense (2-0). "Estava reticente em aceitar o convite, mas falei com as pessoas de cá e fizeram-me ver que é um projeto interessante. Queriam um treinador que já tivesse subido de divisão e que tentasse colocar a equipa a jogar bem à bola", conta Bock.
No entanto, sabia que as dificuldades iriam surgir naturalmente. "Não é fácil aceitar um clube com poucos jogadores. Não fizemos uma preparação normal para uma equipa semiprofissional. Uma pré-temporada mal feita pode trazer muitos dissabores", aponta. O recrutamento de jogadores foi outro dos problemas em cima da mesa. "Liguei a muitos atletas que ficaram de pé atrás, e a maior parte não veio, precisamente por causa do histórico de dificuldades dos últimos dois anos. Joguei à bola, fui futebolista profissional e entendia perfeitamente a posição dos jogadores quando lhes ligava", reconhece. "Sabia o risco que ia correr, mas é um desafio muito aliciante para a minha equipa técnica", completa.
O treinador revela que o primeiro mês foi pago à hora, mas que o segundo está "ligeiramente atrasado" e que o plantel espera receber "esta semana". "Não é muito mau, mas não é um mar de rosas", sintetiza. Ainda assim, o momento desportivo desanuvia as dificuldades diárias. "Se ganharmos o nosso jogo em atraso podemos ir para o terceiro lugar. Estou muito orgulhoso do que os jogadores têm feito. Ganhámos no domingo ao Tirsense, que se apetrechou para subir. Não estou arrependido de ter vindo para o Vilaverdense. Aconteça o que acontecer, sei que vou ter muitas dificuldades, mas também sei que vou sair daqui muito melhor treinador", partilhou.
Na Madeira quase sem dormir para empate em jogo "incrível"
A série de três jogos sem perder, com duas vitórias consecutivas pelo meio, começou com um empate a uma bola na Ribeira Brava, na Madeira, e a viagem foi feita... no próprio dia. "Não havia voos para irmos de véspera para a Madeira, de maneira que saímos às sete da manhã do Porto. Ou seja, os jogadores tiveram de acordar às três da manhã. Fomos quase sem dormir e fizemos um jogo incrível. Temos conseguido ser muito competitivos", elogia.

