Opção imediata para a vaga do lesionado Lucas Veríssimo, o brasileiro Morato é o central que mais se destaca no capítulo do passe
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Senhor que se segue na hierarquia encarnada no que diz respeito ao eixo defensivo, Morato vai ganhar agora ainda mais espaço e preponderância no onze, face à grave lesão de Lucas Veríssimo. Contratado no início de 2019/20 ao São Paulo, o central tem aproveitado a gestão de Jesus para jogar cada vez mais, destacando-se em relação à concorrência no sector, sobretudo, pela sua capacidade... com bola.
Morato estreou-se a marcar pelo Benfica esta época, na goleada sofrida por 5-2 na recente viagem a Munique, ante o Bayern. Só Lucas Veríssimo, com três golos, também já faturou
Procurando manter o nível de Otamendi, Vertonghen e Lucas Veríssimo no que diz respeito às missões defensivas, ainda que perca na eficácia, Morato assume-se no capítulo do passe. É o central às ordens de Jorge Jesus que, segundo dados da plataforma Wyscout, mais entregas faz no total para os companheiros, batendo Otamendi por cinco passes, o segundo central das águias com mais colocações de bola a cada 90". Equiparado precisamente ao capitão das águias nos passes recebidos (40,9), o camisola 91 assume o risco de construir, apresentando mais passes longos (6,1 para 4,7 de Vertonghen), para a frente (28,1, em comparação com os 24,2 de Lucas Veríssimo) e para o último terço (10,5 em relação aos 5,9 de Otamendi e Lucas Veríssimo) do que os restantes companheiros do último reduto.
Morato, defesa de 20 anos, tem mais entregas no total, assim como para a frente e para o último terço. Porém, perde no total de duelos e nas disputas defensivas para Lucas Veríssimo e nos duelos aéreos para Otamendi
Quatro dos nove encontros somados até ao momento como titular foram realizados na Europa, ajudando as águias a manterem a baliza de Vlachodimos a salvo nas visitas ao terreno de PSV Eindhoven e de Dínamo Kiev. Porém, Morato foi incapaz, tal como o resto da equipa, de travar a avalanche alemã no 5-2 sofrido em Munique diante do Bayern. Guardou, contudo, como boa memória o facto de ter marcado o seu primeiro golo pela equipa principal - se Lucas Veríssimo tem três golos, Otamendi e Vertonghen, que têm ambos uma assistência, estão ainda em branco na finalização.
Morato - cuja renovação está na agenda do clube da Luz, que pretende premiá-lo pela ascensão em termos de estatuto, admitindo até prolongar o vínculo, válido até 2024 - tem sido afinado por Jorge Jesus, mas é ainda batido nos duelos e nas disputas defensivas por Lucas Veríssimo e nos duelos aéreos por Otamendi. Líder nas interceções, com 5,4, a par de Lucas Veríssimo, Morato é o segundo com mais recuperações (9,9), atrás das 11,3 de Otamendi, mas é também central com mais perdas de bola: tem mais 2,1 do que Veríssimo, o segundo pior.
>>>> 3 QUESTõES a Luís Freitas Lobo (Especialista em futebol e cronista d" O JOGO)
1 - A lesão de Lucas Veríssimo pode justificar que Jorge Jesus volte a um sistema só com dois centrais?
-Penso que pode criar condições para essa obrigação dado que limita as opções não tendo um dos jogadores fundamentais que levaram Jesus a ir para três centrais. Não tendo um deles, a hipótese de voltar a uma defesa a quatro aumenta, mas isso não será algo que pode nascer só por uma questão de opção, seria mais por obrigação face à situação. Mas nesta altura o Benfica tem três centrais que lhe garantem o sistema.
2 - Morato já está à altura de Otamendi, Vertonghen ou Veríssimo?
-Ainda não é uma "cobra", ainda não se pode comparar com titulares da Bélgica, da Argentina ou do Brasil. Há uma distância grande quanto ao estatuto e à liderança, mas, se falarmos apenas de qualidade, está plenamente à altura. Morato é muito bom e não me tem surpreendido nada. Apenas me espantava que houvesse dúvidas sobre a sua integração no plantel profissional e vai continuar a evoluir, é um jogador que não treme.
3 - Faz sentido o Benfica ir ao mercado em janeiro por um central?
-Depende da ideia do treinador: se Jesus quiser mesmo jogar com três centrais como sistema preferencial isso faz sentido. Se entender que esse sistema não é assim tão obrigatório, o Benfica tem soluções. Também terá de aparecer uma boa oportunidade de negócio, não é contratar por contratar: em janeiro, quem chega é para jogar de forma indiscutível. Tem de ser alguém de qualidade semelhante, um jogador como Rúben Semedo, que Jorge Jesus conhece bem.