Renovação não avança porque o 27 quer melhorar as suas condições e as águias querem cortar na massa salarial. O dianteiro vai entrar no último ano de contrato e, embora se sinta bem na Luz, terá a possibilidade de se vincular a outro clube já em janeiro. O jogador quer ver reconhecido o peso que tem na equipa.
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Grimaldo e Otamendi entraram no último ano de contrato e seguiram o seu caminho longe da Luz quando o vínculo chegou ao fim, o primeiro já anunciado oficialmente e o segundo ainda de forma oficiosa. É este o cenário que o Benfica volta a enfrentar agora com Rafa, que pode vincular-se livremente a outro emblema a partir de 1 de janeiro, com a agravante de estar em curso, segundo O JOGO apurou, uma espécie de braço de ferro pela divergência significativa entre o que o avançado de 30 anos pretende encaixar e aquilo que a SAD encarnada está na disposição de lhe pagar.
O camisola 27 dos encarnados vê o próximo como, possivelmente, o último grande contrato da sua carreira e espera ver expresso em números superiores aos que aufere atualmente a importância que voltou a ter na equipa na temporada que culminou com a conquista do 38.º campeonato do historial benfiquista. Rafa fechou mesmo a campanha 2022/23 com 14 golos e 12 assistências no seu currículo desportivo, destacando-se, entre outros feitos, a vitória que garantiu sobre o FC Porto na Liga e o bis à Juventus, dois dos seis golos que assinou na Liga dos Campeões.
O jogador por quem o Benfica investiu 16 milhões de euros em 2016, para o contratar ao Braga, considera que os seus números em campo merecem uma compensação superior, mas também o treinador Roger Schmidt vê em Rafa um dos pilares ofensivos da equipa, tendo-lhe dirigido vários elogios ao longo da temporada, seja para destacar momentos altos do jogador ou até mesmo para o defender em fases menos positivas, como no longo jejum de golos que atravessou antes do final da temporada.
"Gosto de trabalhar com ele e ele gosta de jogar nesta posição, tem muita liberdade para procurar a bola e encontrar os espaços. Além disso é difícil para os adversários", disse o técnico, em outubro, depois do embate com a Juventus, reforçando em abril, antes de um jogo com o Gil Vicente, que "o Rafa é fantástico no espaço entre linhas e na aceleração". "Podia recompensar-se a ele próprio com mais golos, mas é um jogador muito importante. É um jogador de topo e estamos contentes que aqui esteja", afirmou ainda o alemão.
O dono da camisola 27 assinou a última renovação em junho de 2019, tendo aceite subir a cláusula de rescisão de 60 para 80 milhões de euros, com um aumento salarial que o colocou na altura entre os mais bem pagos do plantel. Desde então, várias têm sido as sondagens que chegaram à Luz pelo veloz dianteiro, mas clube e jogador optaram sempre por manter a ligação em vigor, com Rafa a chegar a este momento com 273 jogos pelas águias, nos quais apontou 72 golos e ainda ofereceu 62.
Na prática, jogador, treinador e dirigentes querem prolongar o vínculo, mas a nova política iniciada por Rui Costa na SAD, e que passa pelo progressivo corte na massa salarial do plantel, surge como um obstáculo à renovação. Internamente, há a consciência que perder o dianteiro implica a ida ao mercado e um investimento que, pelas características especiais de Rafa, seria avultado. Porém, até ao momento, e após uma primeira abordagem formal, em novembro de 2022, para renovar, a distância entre os valores desejados e os oferecidos foi tanta que depois disso apenas ocorreram contactos informais e breves entre as partes e não está prevista nenhum encontro para discutir o tema com maior profundidade.