Jogador do Varzim, sobressai pela versatilidade e pretende continuar a crescer em Portugal, onde já está há oito anos
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Natural da Venezuela, Angel Gomes mudou-se aos oito anos para o Panamá, onde começou a jogar futebol na Academia Bagoso. Em dezembro de 2016 mudou-se para Viana do Castelo, onde viveu com um tio. Com passagens pela AF Braga e Campeonato de Portugal, o extremo, que se sente mais confortável à esquerda, já jogou também como número 10 e, na vitória contra o 1.º de Dezembro (2-0), foi até ala direito, num esquema de 3x5x2, fazendo uma assistência para Moshood marcar. Em estreia na Liga 3, o jogador pretende continuar a subir degraus e tem o sonho de ser chamado à seleção do seu país.
Que avaliação faz deste ano de estreia na Liga 3?
-Comecei logo a jogar como titular. Sinto que tem sido um ano de muita aprendizagem, trabalho e as coisas estão a correr muito bem.
Qual a principal diferença para as divisões inferiores?
-Sinto que é mais a nível de visibilidade, das condições que temos. A maioria das equipas da Liga 3 são muito profissionais, e é nisso que sinto mais diferenças.
A equipa está a apenas um ponto da zona de subida. Há condições para atingir esse patamar?
-Somos uma equipa com muita qualidade, temos muita vontade de ganhar e temos tudo para colocar o Varzim o mais acima possível.
Qual a grande força do Varzim esta época?
-Tem sido a união do grupo e o apoio que sentimos dos adeptos. Pouco a pouco, vamos fazendo a nossa caminhada...
Jogar com apoio expressivo nas bancadas é uma vantagem para intimidar os adversários?
-Não tanto para intimidar os adversários, mas para motivar-nos a darmos ainda mais e jogarmos melhor para conseguirmos ganhar.
Contra o 1.º de Dezembro foi adaptado a lateral e até fez uma assistência. Sente-se confortável nessa posição?
-Sim, já era uma posição que tinha feito em anos anteriores. Esta época também já tinha jogado como ala direito. Senti-me confortável, acabou por correr bem e estou aqui para ajudar a equipa.
Onde acha que rende mais e quais os seus pontos fortes?
-Vou dar sempre o melhor, onde quer que jogue. Estou preparado para o que a equipa precisar. Os meus pontos fortes são o um contra um, sou um jogador muito rápido e forte. Gosto de jogar mais como extremo-esquerdo, a minha posição de raiz, mas esta época já joguei a 10 e ala direito.
Na época passada estava no Limianos e eliminou o Varzim da Taça. O interesse começou aí?
-Não sei responder a isso de uma maneira certa. Não sei se foi esse jogo, no qual marquei, que levou a que me contratassem, mas acredito que tenha ajudado. Já tinha um bocadinho de noção do que era o Varzim e senti, sobretudo no início, e cada vez mais, a grandeza do clube e o que representa jogar aqui. Tenho-me adaptado bem e aos poucos tenho crescido.
E já conhecia alguém no clube?
-Conhecia o preparador físico da equipa [David Machado], com quem já tinha trabalhado nos sub-23 do Aves. O que me levou assinar foi a grandeza do clube, a visibilidade, as condições de trabalho, os adeptos e o estádio. Assinei por uma época e quanto ao futuro, estou apenas focado em fazer o máximo para ajudar no presente.
Que sonhos tem como jogador?
-Os maiores sonhos são chegar à I Liga e representar o meu país.
Está em Portugal há oito anos. O que o motivou a vir?
-Foi por causa do futebol. Estou aqui há oito anos e tenho feito um percurso em crescendo. Saí aos oito da Venezuela para o Panamá e em dezembro de 2016 decidi vir para Portugal, em busca dos meus sonhos. No início vivi com os meus tios, porque o meu pai é português e tinha um irmão em Viana do Castelo; estive lá nos dois primeiros anos, antes de chegarem os meus pais e o meu irmão.
Qual foi o clube ou época mais marcante?
-Foi o ano passado, no Limianos. Foi a melhor época até agora a nível de números [seis golos e três assistências], ganhei muita confiança e depois as coisas surgiram naturalmente. Disputámos a fase de subida e ficámos a dois golos de subir à Liga 3, pois estávamos empatados com o S. João de Ver, que subiu. Tínhamos um grande ponta-de-lança, o Vasco Costa.
“Magia de Hazard” e o desejo de ser colega de Rondón na seleção
Fã de Cristiano Ronaldo, Angel Gomes tem em Eden Hazard uma das grandes referências, por jogar numa posição parecida com a sua. “Sempre me identifiquei muito com o seu estilo de jogo. Ficava fascinado com a maneira como se movia em campo; era aquela magia especial que fazia a diferença. A criatividade e sua forma de jogar sempre me inspiraram”, revelou o extremo, de 24 anos, a propósito do internacional belga. No que toca ao melhor jogador venezuelano da atualidade, Angel elege Salomón Rondón. “É um histórico da seleção venezuelana e um dos melhores que o país já teve. O seu espírito de liderança, dedicação e capacidade para marcar golos fizeram a diferença no futebol venezuelano. Além disso, admiro muito o seu trajeto e adoraria ter a oportunidade de um dia jogar ao lado dele”, frisou, admitindo que tem a esperança de que a Venezuela ainda se apure para o Mundial’2026.