André Villas-Boas apresenta Pereira da Costa como CFO da lista. Recorde o que foi dito
André Villas-Boas, candidato à presidência do FC Porto, volta esta quinta-feira a receber a Comunicação Social e os sócios na sede de campanha para, a partir das 18h00, apresentar o Chief Financial Officer (CFO) da sua lista. Trata-se de José Pedro Pereira da Costa, ex-administrador executivo da NOS
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Tanto o ex-treinador como o candidato a responsável pelas finanças dos azuis e brancos falarão em conferência de Imprensa, à semelhança do que sucedeu, há duas semanas, no anúncio de António Tavares e de Angelino Ferreira como candidatos à liderança da Mesa da Assembleia Geral e do Conselho Fiscal e Disciplinar, respetivamente.
"Tem sido muito encorajador assistir à crescente onda de apoio e vontade de mudança por parte dos assoicos. Em abril, é fundamental exercerem o direito de voto. As eleições devem ser marcados por serem as mais votadas de sempre. Com força e vosso voto, conseguiremos a mudança que pretendemos. O FC Porto surgiu da vontade de agluns homens que através do desporto, a voz da regiao e das gentes saíriam mais fortes."
"Um clube sediado no Porto, com presença e visão além-fronteiras, reforçando o sentido de pertença dos associados. Um clube onde deve imperar o conceito de união e senso comum. Um clube de gente séria, honesta e esforçada. Um clube dos sócios e para os sócios. A maioria dos portistas sente que o respeito pela história e tradição está a perder-se. Nem todos são tratados equitativamente. O clube aparenta ser um quintal, com galinha dos ovos de ouro que serve alguns, enquanto o futuro está cada vez mais hipotecado. O degradar da situação financeira é o resultado de gestão gasta, de comunicação ligada ao passado, vivendo de guerrilhas que afetam o crescimento. 85% dos associados do FC Porto estão em três distritos: Porto, Braga e Aveiro. No centro e sul resistem apenas os bravos. Estamos parados no tempo e ao sabor do vento. Hoje fala-se em dívidas, passivo, processos, saídas a custo zero e de terceiros a lucrarem indevidamente do clube, e sempre à coberto de uma ausência de transparência cada vez mais evidente."
"Pelo meio, anunciam-se capitais próprios positivos. En novembro, depois em dezembro, se calhar em janeiro, agora em fevereiro... talvez em março.. Mas em abril é que dava jeito. De neblina ténue estamos a ser tomados por nevoeiro denso. Da dúvida nasce a esperança e o conforto de que o potencial do FC Porto é enorme. A vontade de o clube ser mais aberto, comunicação transparente, direção que serve só e apenas o clube e seus associados, com clube mais vencedor dentro e fora de campo. Serei implacável com cumprir desta responsabilidade."
"Como disse na minha apresentação, o caminho para a realidade financeira do FC Porto, passa pela implementação de um modelo operacional mais rigoroso. Assente numa administração executiva e não executiva que integra profissionais credíveis, reconhecidos no mercado pelo seu sucesso e competência. Urge dinâmica, vontadee, excelência, frescura, novas ideias e uma rápida desconstrução de velhos hábitos e favores que habitualmente imperam. A pessoa que identificamos como fulcral, onde a área finacneira é de enorme importância. Tem credibilidade, currículo vasto, colocou o FC Porto acima dos seus interesses pessoais e profissinais para esta missao. Sócio do FC Porto desde 1971, acredita no potencial de crescimento sustentado do clube. Traz-nos soluções novas e quer colocar o FC Porto na vanguarda da gestão financeira. Estou muito orgilhoso em anunciar José Pedro Pereira da Costa."
O que disse José Pedro Pereira da Costa, CFO da candidatura de Villas-Boas
Pereira da Costa apresenta-se: "Agradeço o convite, saudações portistas. É com grande prazer e sentido de responsabilidade que aqui me encontro. Vou tentar apresentar-me, depois enunciar as razões que me levaram a aceitar o convite, finalmente, relembrar e detalhar as grandes linhas do programa eleitoral."
"Levo 23 anos como CFO de grandes empresas, pelo que me sinto capacitado e motivado para estas funções no FC Porto. Sou portuense, sócio do FC Porto desde 1971. Tive a felicdade de ser inscrito pelo meu avê, foi com ele que frequentei as Antas. As minhas primeiras recordações de infância estão ligadas ao FC Porto. Na infância o momento alto da semana era ir com o meu avô ver os jogos. Lembro-me de ter chorado a morte de um dos grandes mitos do FC Porto, do perfume de Cubillas e dos meus tios me contarem as maravilhas do Dayle Dover no basquetebol. Mais tarde, por força do meu pai, seis vezes campeão em andebol, fui viver para Lisboa e acompanhei sempre os jogos lá. Eram tempos em que era difícil ser portista. Dificilmente ganhávamos jogos, mesmo contra Atlético, Estoril ou V. Setúbal. Vivi com intensidade o primeiro título após 19 anos."
"Os momentos mais marcantes foram as finais europeias, Viena, as intercontinentais no Japão, e depois tive o privilégio de assistir ao vivo às finais de Sevilha, Gelsenkirchen e Dublin. Curiosamente, ao assistir in loco, têm a marca de água do André Villas-Noas. A final da Liga Europa em Dublin, os 5-0 a um dos nossos rivais no Dragão, a celebração do título no estádio do mesmo rival e às escutas e ainda nessa época, uma menos mediática, mas também épica remontada na Taça de Portugal no mesmo estádio. Obrigado, André Villas-Boas, essa época foi mesmo inesquecível."
"Considero urgente a mudança no FC Porto. Visão, rigor pela nomeação, disciplina e transparência, sustentabilidade, ética foram algumas das linhas de força do programa do André. Considero que o FC Porto precisa de se renovar e entrar numa nova fase de gestão financeira. O André apresentou-me há alguns meses o seu projeto. No início, fiquei surpreso por não ter uma ligação conhecida ao clube, mas não podia ficar indiferente a este apelo, para ajudar a transformar o clube que tantas alegrias me deu. A minha família apoiou-me desde o primeiro momento. Da surpresa, passei ao sim incondicional, aceitando o convite. Partilhamos ideias e conhecimentos que reforçaram a ideia de ter tomado a decisão certa e o candidato ideal para presidente do FC Porto. Tem capacidade de liderança e competência. Acrescento ainda que conhece como poucos a indústria do futebol e o FC Porto por dentro e por fora. As ideias para gestão desportiva estão alinhadas com as melhores práticas. Finalmente, porque tenho a certeza que quer o melhor para o nosso FC Porto. Vai dar o máximo para continuar a vencer no plano nacional, reforçando o estatuto internacional juntando os valores como a ética e a sustentabilidade financeira."
Análise: "Primeiro, uma análise rigorosa que levou ao atual estado financeiro, o qual é muito preocupante. O resultado líquido foi de 250 milhões negativos em dez anos, uma média de cerca de 25 por ano, resultando num passivo de 530 M€ e dívida financeira de 310 M€. Antes de avançar com qualquer processo de reestruturação, é preciso ter resposta a várias questões.
Por que no FC Porto fizemos vendas de passes de 430 M€ em seis anos, mas só foram registados cerca de 30 M€ dessas vendas, ou seja, 7%, após abatidos os custos associados, amortizações e imparidades? Deixo os números conseguidos pelos nossos principais rivais para reflexão. Um fez vendas no mesmo período de 570 M€ com resultado de 200 M€, 35%; o outro realizou vendas de 400 M€, 170 M€, 40%.
No último exercício, a venda de bilhetes jogo a jogo e anual, sem suporte business, foi de apenas 10,8 M€. O rival com maior valor, 13,6 M€, teve assistência média na última época 30% inferior ao FC Porto.
Por que o FC Porto, com receitas de merchandising que correspondem aos equipamentos, 8/9M€ por ano, tem 2M€ de custos a mais do que os rivais? Por que nossa margem é de 35%, quando no rival é de 60%?
Quarta pergunta: em que consistem as despesas de representação de mais de 2,4 M€ por ano? Já agora, refiro que há seis anos na SAD pagavam-se por ano 500 mil euros em despesas de representação, valor que foi aumentando 1 M€ nessa rubrica. Finalmente, o que são 3M€ de outros fornecimentos externos?"
A realidade: "Importa conhecer esta realidade e esclarecer algumas das questões antes de avançar com um plano concreto. Numa primeira avaliação, parece que existem muitas oportunidades de melhoria e rentabilidade sem comprometer em nada a qualidade e o investimento da equipa. Como tal, as linhas estratégicas vão passar por um modelo operacional mais leve e rigoroso, com forte disciplina financeira. Controlo e racionalização de custos, identificando com os parceiros a renegociação de contratos e dívidas. Transformação digital do clube para simplificar processos. Numa outro frente, iniciativas para crescer a marca e aumentar vendas. Temos algumas ideias. Sabemos que é possível fazer melhor na bilheteira, merchandising e rentabilização do estádio. Numa área crítica, temos que gerar resultados com os ativos, temos de aumentar fortemente os resultados desta atividade."
O que fazer: "Passa por apostar forte na formação, planeamento rigoroso a curto prazo, scouting e redução dos custos de transição dos jogadores. Conseguir uma atividade operacional positiva é fundamental para inverter a trajetória do aumento do passivo. Só assim será possível iniciar a busca de redução da dívida. Na dívida financeira, propomo-nos a restabelecer a credibilidade junto dos principais credores financeiros, diversificar prazos mais longos de pagamento para aliviar a tesouraria. Para concluir, queremos implementar uma governança, com transparência e ética como pilares, e administração mais leve em custos."