O dono da baliza dos leões e o ex-FC Porto conviveram entre 2008 e 2013 no Real Madrid, onde o primeiro começou a afinar uma técnica reconhecida como a sua grande virtude por quem com ele trabalhou.
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Encarnando a forma de um autêntico muro diante da baliza do Sporting, Adán foi decisivo para a conquista de um ponto em Famalicão e só foi batido num lance onde Nuno Mendes, numa infeliz "combinação" com Gonçalo Inácio, marcou na própria baliza.
Durante os 90 minutos, o guarda-redes espanhol igualou o recorde de defesas num só jogo - as mesmas cinco feitas frente ao Braga, na 2.ª jornada da presente edição da Liga Bwin -, sendo que quatro delas foram no cara a cara com avançados rivais.
A capacidade de "agigantar-se" nesse tipo de duelos vem de longe e foi aprimorada em Madrid pelo trabalho diário com Casillas, cuja defesa mais icónica da carreira foi o um contra um ganho a Robben no prolongamento da final do Mundial"2010 conquistado pela Espanha.
Entre 2008 e 2013, o dono da baliza do Sporting coincidiu com o ex-FC Porto no Real e chegou a ganhar a titularidade ao internacional espanhol numa das épocas em que os merengues foram orientados por José Mourinho. Na sua equipa técnica estava José Morais que, em conversa com O JOGO, falou da forma como Casillas inspirou Adán. "Estiveram juntos alguns anos e, em Espanha, o Casillas era o guarda-redes de referência. O Adán modelou-se no Iker e acabou por interiorizar gestos técnicos deste, especialmente na forma como fechavam a baliza nas saídas. É normal que apresentem semelhanças", explicou o técnico, dando, também, mérito ao trabalho de Silvino Louro, responsável pelo treino de guarda-redes, na evolução de Adán. "Já aos 24 anos mostrava ser um guarda-redes rápido, ágil e corajoso a sair aos pés do adversário. O Silvino falava sempre muito do potencial e teve muito mérito no seu crescimento."
Antes de chegar ao Sporting, o melhor período da carreira de Adán ocorreu no Bétis. Por lá trabalhou sob o comando de Jon Pascua Ibarrola que, ao nosso jornal, confirmou o domínio vindo de trás das situações de um contra um. "Não trabalhávamos muito esse aspeto do jogo porque ele já era muito forte. Tínhamos pouco tempo para o trabalho específico e apostei na evolução ao nível do jogo com os pés, porque era a característica mais importante tendo em conta o sistema em que o Bétis jogava", explicou o atual treinador de guarda-redes do Marselha. Este também destapou o véu em relação ao trabalho psicológico realizado com Adán, que chegou a Sevilha para ser o número 1, após anos a viver na sombra, no Real. "Ele não tinha muitas lacunas e já era bastante fiável. Optei por me focar num trabalho mais ao nível mental. Nos tempos em que estivemos juntos ajudei-o a ser mais consciente sobre aquilo que se pede a um titular. Em entrevistas, o Adán reconheceu que isso fez maravilhas à sua confiança e que o fez mostrar a sua melhor versão. Isso deixa-me feliz."