"Acredito que este trabalho no Boavista já deixou Petit como referência, até na Europa"
Petit, o homem de muitos milagres no Bessa, debaixo da lupa de Christopher Daum, o conceituado técnico alemão que o dirigiu no Colónia e que fala de indicações seguras de um líder inabalável.
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Dos 578 jogos no seu trajeto de jogador, Petit fez 93 na Alemanha e no Colónia assinou a única aventura fora de Portugal, juntando mais 345 duelos cumpridos já na pele de treinador. Foi na época 2008/09 que chegou com estaleca de internacional à Bundesliga, cotando-se como um elo nuclear do conceituado treinador Christopher Daum, senhor de trabalhos monstruosos até uma reclusão da ribalta por exposição num caso de consumo de cocaína, detetada através de um cabelo.
Petit fez 33 jogos e marcou quatro golos, respondendo como titular incontestável. A equipa terminou em 12.º lugar, Daum seguiu outro caminho e o atual técnico das panteras ainda jogou mais duas épocas no Colónia. Campeão alemão no banco do Estugarda, Daum, hoje com 69 anos e a batalhar contra um cancro no pulmão, não deixou de atender O JOGO para lembrar alguém especial pela natureza competitiva.
"Petit sempre se preocupou com o que era a equipa, as suas necessidades e o que acontecia dentro e fora do campo era muito importante para ele. Olhava para outros jogadores, falava com eles do comportamento mais adequado para o sucesso individual e coletivo. Não estranho que seja treinador, era um fantástico líder no campo e no balneário", argumenta Christopher Daum. "Deu para perceber que pensava como um treinador. Quando lhe perguntei algo relacionado com preocupações táticas, onze inicial, intensidade de treino, ele sempre respondeu com análises conhecedoras. Nunca foi de respostas reduzidas e sentia-se mais responsável pelo sucesso da equipa do que pelo seu."
No Bessa, forte de muitas das suas proezas como treinador, Petit tem rentabilizado os recursos num quadro adverso de condições, entre salários em atraso e greves de médicos e funcionários, cenário que não tem impedido a equipa de lutar pelos lugares cimeiros.
"Petit teve uma utilidade para mim superior ao seu trabalho de campo. Providenciou-me uma ótima ajuda pela maneira como comandava o balneário, como líder. A sua atitude com o treino influenciou todos de forma destacada. Deu algo extra à equipa, fez a diferença", elogia Daum. "Acho que merece que se abram portas de grandes clubes. Acredito que este trabalho no Boavista já o deixou como referência, até na Europa", sugere, validando as qualidades do técnico boavisteiro.
"Taticamente, tecnicamente e no aspeto físico está no topo. Mas o lado mental dele é fenomenal. Lembro que ele lia o jogo e passava instruções a outros colegas, enquanto não tirava o foco do que estava a fazer. Tomo-o como exemplar para jogadores e futuros treinadores. Desejo-lhe francamente o melhor", conclui o ex-treinador de Petit.
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