Apesar das explicações dos dragões, em comunicados emitidos na terça-feira, as ações da SAD portista continuam impedidas de serem negociadas em bolsa
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As ações da SAD do FC Porto continuam suspensas, esta quarta-feira. Apesar das explicações que o clube azul e branco deu ontem, dia da suspensão das ações, na sequência de uma entrevista dada por Pinto da Costa, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) ainda não comunicou o levantamento da suspensão.
A CMVM suspendeu na terça-feira a negociação das ações da FC Porto SAD, enquanto aguarda “a divulgação de informação relevante ao mercado”. O comunicado do regulador do mercado surgiu um dia após o presidente do clube e do conselho de administração da SAD, Pinto da Costa, ter dito que não deixará o FC Porto refém de fundos de investimento e de André Villas-Boas, candidato à presidência dos dragões, ter questionado a sociedade sobre negócios estruturantes.
“O Conselho de Administração da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) determinou no dia 02/abr/2024 pelas 09:25 (UTC), nos termos do artigo 214.º e da alínea b) do n.º 2 do artigo 213.º do Código dos Valores Mobiliários, a suspensão da negociação das ações Futebol Clube do Porto - Futebol, SAD, aguardando a divulgação de informação relevante ao mercado”, refere a comunicação ao mercado.
Pinto da Costa, que incluiu o gestor da Quadrantis na sua recandidatura às eleições dos vice-campeões nacionais, disse na segunda-feira que o clube portuense não ficará refém de fundos de investimento, em entrevista à estação televisiva SIC.
“Claro que não. Isso era um absurdo. Um indivíduo empresta dinheiro ao FC Porto, o FC Porto precisa do empréstimo e é altamente beneficiado com o pagamento de juros que já está a pagar e eu vou agora desconfiar de quem me ajuda? Não falta a quem esse fundo queira emprestar dinheiro bem mais alto”, explicou.
A FC Porto SAD projeta assinar contrato com a Legends em abril, arrecadando entre 60 e 70 milhões de euros (ME) pela negociação da exploração comercial do Estádio do Dragão, revelaram na terça-feira os vice-campeões nacionais.
Em comunicado submetido à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), os azuis e brancos atualizaram a informação transmitida horas antes ao regulador, na qual apontavam a assinatura desse vínculo com uma empresa internacional até 30 de junho.
O valor global “será registado de imediato” nas contas da FC Porto SAD, mesmo que o respetivo pagamento “possa não ser feito de forma integral no momento da assinatura”.
A parceria irá ser consubstanciada “na participação minoritária, de até 30%, numa nova empresa”, que vai explorar as receitas comerciais diretamente associadas ao Estádio do Dragão, entre as quais a bilhética ou os direitos de designação do recinto, entre outras.
“Uma vez que esta empresa integrará o perímetro de consolidação da FC Porto SAD, o valor desse capital injetado será incorporado nas contas consolidadas da sociedade. A empresa parceira do FC Porto irá receber uma parte – que serão previsivelmente 30% a título de dividendos - do resultado gerado pelos negócios, com total partilha de risco, dos quais se esperam um significativo crescimento, dada a experiência internacional que o parceiro aportará à estrutura comercial do Grupo FC Porto”, explicou a administração da SAD presidida por Pinto da Costa, cuja negociação de ações foi suspensa esta manhã.
Na segunda-feira, numa entrevista à estação televisiva SIC, o presidente e recandidato à liderança do FC Porto nas eleições de 27 de abril tinha enaltecido essa futura entrada de capital oriunda do acordo selado por 15 anos com a empresa norte-americana Legends.
O dirigente recusou ainda deixar o clube dependente de fundos de investimento, apesar de integrar na sua lista o empresário João Rafael Koehler, fundador e administrador da sociedade de gestão de capital de risco Quadrantis, como candidato a vice-presidente.
Essa empresa incorpora a empresa Connect Capital, que celebrou em abril de 2023 um empréstimo de 14,5 ME à FC Porto SAD, tal como consta do último relatório e contas semestral dos azuis e brancos, que estão a negociar uma reformulação da sua dívida.
“Eles têm um plano do interesse do clube. Vamos diminuir altamente o passivo e ter um financiamento de 250 ME a um juro muito mais baixo. Com o financiamento que tem sido feito, vão cobrar-nos cerca de metade dos juros que estamos a pagar”, reiterou Pinto da Costa, remetendo detalhes para o administrador financeiro cessante Fernando Gomes.
A FC Porto tinha indicado na manhã de hoje que, “apesar de não ter ainda fechado um financiamento”, tem estado a negociar uma reformulação da sua dívida de médio e longo prazo, numa verba estimada de 250 ME, a uma “taxa de juro competitiva”.
“No que diz respeito a um possível novo financiamento, fruto da permanente auscultação ao mercado em busca de melhores condições financeiras, a sociedade ainda está numa fase de negociação, pelo que não pode concretizar detalhes da operação, como taxas de juro e/ou contrapartidas associadas. Nesta data não está garantido o fecho do negócio”, finalizaram os vice-campeões nacionais, no segundo comunicado enviado ontem à CMVM.