A polémica entre Olhanense e Sérgio Conceição: houve ou não salários em atraso?
Sérgio Conceição nunca completou uma temporada no Olhanense, mas em 2012/13, na qual foi treinador dos algarvios até à 13ª jornada, houve mesmo um pré-aviso de greve dos jogadores
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Questionado na conferência de imprensa desta sexta-feira, de antevisão do FC Porto-V. Setúbal, sobre a pressão de ter agora o Benfica apenas um ponto dos dragões, líder da I Liga, Sérgio Conceição desvalorizou a questão pontual dando o exemplo de "outra pressão", a sentida numa situação de salários em atraso. E apontou o caso do Olhanense, clube que treinou no final de 2011/12 e nas primeiras 12 jornadas da temporada seguinte. "Sentia-me afetado quando estava no Olhanense e tínhamos quatro ou cinco meses de ordenados em atraso e tinha jogadores com dificuldades para pôr comida em casa", disse ao início da tarde.
Perante as declarações do treinador do FC Porto, o clube algarvio, atualmente a competir no Campeonato de Portugal, emitiu um comunicado no qual "lamenta as declarações proferidas pelo treinador Sérgio Conceição, na conferência de imprensa de antevisão do jogo com o Vitória de Setúbal'. O Olhanense aponta mesmo a incorreções no discurso do treinador portista, afirmando que "nunca o SCO teve, à data, mais do que dois meses de atraso nos vencimentos de seus atletas, como também quaisquer dificuldades reportadas a direção do clube eram de imediato resolvidas, nem que fosse com recurso a empréstimos pessoais dos respectivos dirigentes".
Afinal, quem tem razão? Uma coisa é certa, em 2012/13 o Olhanense foi realmente notícia devido a salários em atraso. Mas, na altura já Sérgio Conceição estava no comando técnico da Académica e era Manuel Cajuda o treinador da equipa do Algarve. Na última semana de Março de 2013, a notícia rebentou: "Os jogadores do Olhanense apresentaram na quinta-feira um pré-aviso de greve e, caso não seja pago um salário até 5 de abril, a formação algarvia recusará defrontar o Benfica, na 25.ª jornada da I Liga", escreveu a agência Lusa, citando o comunicado do Sindicato de Jogadores, que referia ainda que a "maioria" dos futebolistas do Olhanense não recebera "qualquer renumeração desde Dezembro de 2012". Sérgio Conceição deixou o Olhanense a 5 de janeiro de 2013 - tinham sido disputadas 13 jornadas da I Liga e outras duas da Taça da Liga -, mas não é público quantos e que salários tinham sido, de facto, pagos aos jogadores à data da saída treinador. O Olhanense garante, no comunicado, que nunca mais de dois meses. A única certeza é que de dezembro de 2012 a abril de 2013 não foi pago nenhum, motivando a posição de força do plantel.
Aliás, a saída de Sérgio Conceição do Olhanense acabou por revelar-se pouco pacífica quando em agosto de 2013 o treinador apresentou um pedido de insolvência da SAD do clube. "Na altura da rescisão do contrato com o Olhanense decidi, de livre vontade, abdicar de seis meses de salário com o clube, tendo apenas direito a receber os meses de novembro e dezembro de 2012, algo que ainda não se verificou", disse na altura. "Após várias tentativas frustradas de resolver o assunto junto da direção do Olhanense, decidi avançar com a resolução do processo junto dos tribunais", esclareceu ainda nessa altura.
Recorde-se ainda que após o pré-aviso de greve ao jogo com o Benfica, da 25.ª jornada, a equipa do Olhanense falhou a hora marcada para a viagem para Aveiro no autocarro do clube, para cumprir o compromisso da 24ª jornada. O Olhanense acabaria por defrontar e vencer o Beira-Mar. E mais tarde jogou mesmo com o Benfica.
Há quatro anos, já com o Olhanense na II Liga, o clube voltou a ser notícia devido a salários em atraso, tendo o Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol enviado, de novo, um pré-aviso de greve dos jogadores.