"A centralização dos direitos audiovisuais será o momento que vai refundar o futebol português"
Declarações de Reinaldo Teixeira na cerimónia de tomada de posse como novo presidente da Liga Portugal
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Decorreu, esta quarta-feira, a cerimónia de tomada de posse de Reinaldo Teixeira como 11.º presidente eleito da Liga Portugal, sucedendo a Pedro Proença. No discurso, o novo presidente assumiu que a prioridade é a centralização dos direitos audiovisuais do futebol português.
“Temos um mandato com enormes desafios pela frente: Centralização dos Direitos Audiovisuais. O tema mais nuclear da indústria é a centralização dos direitos televisivos das nossas provas. Desde há 10 anos que essa tem sido a principal bandeira desta casa. Infelizmente, nestes 10 anos ainda não foi possível concretizá-la. Hoje, a 16 de abril de 2025, a Liga não tem nenhuma proposta de aquisição de direitos na mão. Hoje, a 16 de abril de 2025, a Liga não tem, ainda, uma chave de repartição futura aprovada pelas Sociedades Desportivas”, começou por dizer o ex-presidente da AF Algarve e antigo empresário de turismo.
“Temos de sair rapidamente dos estudos e ir falar diretamente com o mercado. Por isso, solicitámos já reuniões formais a todos os operadores, e plataformas de distribuição de conteúdos, a operar no mercado português”, acrescentou.
“A centralização será o momento que vai refundar o futebol português. Esta Liga Portugal, estas Sociedades Desportivas, enfrentam uma oportunidade histórica. Devemos procurar agarrá-la. O sucesso na Centralização dos Direitos Audiovisuais será, por outro lado, a maior e mais simbólica demonstração de entendimento do Futebol Profissional”, concluiu.
Na cerimónia estiveram presentes figuras conhecidas do futebol português. Dos três grandes, Frederico Varandas foi o único presidente a marcar presença. Tiago Madureira, vice-presidente do FC Porto, foi o representante dos dragões. Nuno Costa, chefe de gabinete de Rui Costa, foi representar o Benfica.
Pedro Proença, António Salvador, António Oliveira e Artur Soares Dias são mais alguns dos nomes que marcaram presença na tomada de posse.
Recorde-se que, com 81 por cento dos votos, Reinaldo Teixeira foi eleito com um dos melhores resultados da história das eleições para o organismo.
Confira o discurso na íntegra:
"Excelentíssimo Senhor Ministro dos Assuntos Parlamentares;
Excelentíssimo Senhor Secretário de Estado do Desporto;
Excelentíssimos presidentes e representantes das Sociedades Desportivas;
Excelentíssimo Senhor Presidente da Federação Portuguesa de Futebol;
Caros sócios da Federação Portuguesa de Futebol;
Demais representantes parlamentares, autoridades, entidades desportivas e académicas;
Caros colaboradores da Liga Portugal;
Caras amigas, e caros amigos;
Obrigado a todos mais uma vez por encherem esta sala. Enchem também o meu coração. Sabem, porque me conhecem, que jamais esquecerei o carinho aqui manifestado hoje, bem como o apoio recebido durante toda a campanha e particularmente nas últimas semanas.
É com muito orgulho que aqui estou, para suceder à Dr. Helena Pires e ao Dr. Pedro Proença, aos quais deixo uma palavra de agradecimento e de reconhecimento, bem como a todos os antigos presidentes desta grande casa que é a Liga Portugal – nomeadamente os também aqui presentes, Major Valentim Loureiro e Dr. Hermínio Loureiro.
Começo com uma palavra para o meu adversário nestas eleições, o professor José Mendes.
Sublinho o seu comportamento, recordarei a forma como acolheu a minha palavra um dia após as eleições e guardarei o gesto que assumiu, ao afastar-se das funções de Presidente da Mesa da Assembleia Geral da Liga.
Tal como previsto, esse facto vai provocar uma eleição para a mesa da Assembleia para a qual indicarei, como bem sabem, o Comendador António Saraiva. É uma personalidade que dispensa apresentações e fico-lhe muito grato por ter aceite este desafio.
Caras amigas, caros amigos;
Esta eleição prestou um tributo ao valor da palavra.
Palavra dada, palavra honrada!
A votação para a eleição da presidência da Liga Portugal, no último dia 11, foi um extraordinário exemplo de elevação institucional.
A expressão de voto, justiça seja feita, confirmou praticamente todos os posicionamentos anunciados em plena campanha, no apoio à minha candidatura.
Desse ponto de vista, deixem-me partilhar publicamente, foi dado um extraordinário exemplo de confiança e de compromisso por parte de praticamente todas as Sociedades Desportivas.
Isso deve orgulhar-nos! Dá ainda mais significado aos 81% de votos que tivemos, um dos maiores resultados na história das eleições da Liga Portugal.
Agora eleito, não posso deixar de devolver um compromisso redobrado, reiterando aquela que deve ser a minha missão:
Ser o presidente de todas as Sociedades Desportivas!
Com imparcialidade. Com transparência. Com valores!
Tudo farei, com a minha equipa, para estar à altura do que somos: Liga Portugal.
Uma Liga Para Todas as Sociedades Desportivas. Para os adeptos. Para o País.
Por isso, perante o nosso desígnio maior, proponho aqui hoje um Pacto: Um Pacto pelo Futebol Profissional.
- Ancorado na força dos valores comuns, para garantir as grandes medidas que temos de executar.
- Focado no objetivo da sustentabilidade das nossas Sociedades Desportivas e no valor das nossas competições.
- Pela Liga Portugal e para que consigamos fazer História.
Como disse no dia da eleição, “a realidade é crua e pede urgência”.
Sejamos claros. Estes primeiros dias de trabalho evidenciaram o ponto em que estamos. Tenho, perante todos, a obrigação de afirmar o seguinte:
- As narrativas não podem sobrepor-se à realidade.
- É nossa obrigação liderar a Liga Portugal reconectando o discurso aos dados e as intenções aos resultados.
Temos um mandato com enormes desafios pela frente: Centralização dos Direitos Audiovisuais.
O tema mais nuclear da indústria é a centralização dos direitos televisivos das nossas provas.
Desde há 10 anos que essa tem sido a principal bandeira desta casa. Infelizmente, nestes 10 anos ainda não foi possível concretizá-la.
Falta apenas um ano para entregar na Autoridade da Concorrência um projeto de comercialização.
Hoje, a 16 de abril de 2025, a Liga não tem nenhuma proposta de aquisição de direitos na mão;
Hoje, a 16 de abril de 2025, a Liga não tem, ainda, uma chave de repartição futura aprovada pelas Sociedades Desportivas;
É este o nosso ponto de partida.
O exemplo francês e a realidade do mercado dizem que as avaliações à nossa Liga podem ficar aquém das melhores expetativas.
Temos de sair rapidamente dos estudos e ir falar diretamente com o mercado.
Por isso, solicitámos já reuniões formais a todos os operadores, e plataformas de distribuição de conteúdos, a operar no mercado português.
O resultado dessas reuniões será transmitido brevemente, sem filtros, a todas as Sociedades Desportivas.
Não vamos desistir!
A centralização será o momento que vai refundar o futebol português. Esta Liga Portugal, estas Sociedades Desportivas, enfrentam uma oportunidade histórica. Devemos procurar agarrá-la.
O sucesso na Centralização dos Direitos Audiovisuais será, por outro lado, a maior e mais simbólica demonstração de entendimento do Futebol Profissional.
Um momento transformador que será exemplo, também para todos os parceiros e também para a toda a Sociedade.
Caras amigas; caros amigos;
Permitam-me o desabafo: No auge da campanha eleitoral, muitos amigos perguntaram-me “por que razão me sujeitava eu a este desafio enorme”, à tensão da exposição pública, quando podia estar tranquilo no conforto da minha vida empresarial e do meu Algarve.
É simples: Escolhi candidatar-me porque acredito, acredito mesmo, que a transformação do futebol se fará com valores e com capacidade de execução.
O Futebol profissional pode e deve ser exemplo.
A sua força de entendimento estender-se-á a todos os parceiros, incluindo aos Municípios.
Temos Sociedades Desportivas, comprometidas com projetos e presença de longo prazo nas nossas cidades, com forte vocação social e importância genuína para as populações.
Sociedades Desportivas dispostas a investir em mais campos para a formação; dispostas a remodelar estádios ou até a construir novos estádios.
Projetos de forte impacto económico, que esbarram no impasse, na burocracia, prejudicando o nosso produto e comprometendo o desenvolvimento local.
Prejudicando também os adeptos que tanta falta fazem nas nossas bancadas.
Estaremos ao lado dos Municípios, sempre numa perspetiva positiva, procurando soluções construtivas. Com valores, com ética e com transparência.
A par dos municípios, o Pacto do Futebol Profissional tem de chegar mais longe, tem de ser acolhido e valorizado, também, junto do Governo.
Num tempo social de mudança, em que os nossos jovens estão sujeitos a uma pressão e a um isolamento social de consequências por avaliar, o Futebol deve ser referência de enquadramento, de prática desportiva e de entretenimento.
Pedimos, portanto, ao nosso Governo, com o mesmo espírito positivo e dialogante, que nos dê a oportunidade de melhor cumprirmos a nossa missão social, corrigindo as injustiças de que somos alvo, nos seguros, na fiscalidade, e em particular no IVA da bilhética.
Este é um dossier prioritário.
Nas últimas horas seguiram também pedidos de audiência, por mim assinados, para todas as lideranças partidárias, para os senhores ministros dos Assuntos Parlamentares, das Finanças e da Economia.
A Liga Portugal em que me revejo será sempre exemplo nos comportamentos, na articulação com a tutela e com todos os agentes.
Dirigentes, jogadores, árbitros, demais intervenientes... com esta Liga Portugal todos estão convidados a fazer parte do Pacto do Futebol Profissional, construindo um ambiente saudável, positivo, capaz de educar comportamentos, de valorizar o espetáculo e de fazer crescer o produto.
Caras Amigas; caros Amigos;
O Pacto pelo Futebol Profissional não pode existir sem o maior de todos os parceiros: a Federação Portuguesa de Futebol.
Dr. Pedro Proença...
Assumo a presidência da Liga Portugal, a casa que bem conhece e dirigiu nos últimos 10 anos, consciente da importância de iniciarmos um tempo novo para o futebol português, assegurando disponibilidade total para uma parceria efetiva, construtiva, entre as nossas instituições, na defesa dos interesses próprios, muitos deles comuns.
Sempre em absoluta verdade e transparência, honrando aquilo que aqui trago como essencial: o valor da palavra.
Os tempos que enfrentamos são urgentes, também, na credibilidade das instituições, e na excelência do desempenho dos cargos executivos.
Terá na minha pessoa, e na Liga Portugal a que agora presido, nada menos do que um comportamento de exigência máxima.
Promoveremos, sempre, uma cultura de absoluto respeito institucional.
Saberemos divergir positivamente, fazendo da discussão e do debate, saudáveis instrumentos de mudança.
Sempre em defesa do futebol e do seu prestígio perante a Sociedade.
Conte connosco, no já referido processo da Centralização, na discussão dos Quadros Competitivos e na revisão do Protocolo Liga / FPF – que desejamos possa impactar já os orçamentos para a próxima época desportiva.
Conte com os nossos contributos para a construção de uma Justiça, Disciplina e Arbitragem de excelência.
Saibamos ser parceiros nos dossiers cruciais, desde logo, na redistribuição da receita proveniente das apostas desportivas em futebol, nomeadamente a que advém de apostas em ligas internacionais. Em boa hora, um compromisso eleitoral da sua candidatura à FPF que, estamos certos, será cumprido.
Adotemos como desígnio nacional um plano de investimento em infraestruturas, que catapulte o futebol para a modernidade do jogo.
Saibamos garantir um alinhamento estratégico, insisto, em temas como a redução do IVA dos bilhetes, ou da carga fiscal sobre os talentos criados nas academias dos nossos clubes.
Dr. Pedro Proença, crescendo em conjunto, afirmando-se a Liga Portugal e as nossas competições, teremos mais condições para crescer em qualidade, para reter talento e para retribuir com o que todos sabemos estar em falta: um contributo efetivo das nossas Ligas para as Seleções Nacionais, assegurando a identidade e a profundidade de soluções que nos colocarão ainda mais perto dos títulos. Incluindo o título mundial que Portugal merece.
Caras amigas, caros amigos;
O Pacto do Futebol profissional, por fim, faz-se em equipa e com capacidade de execução.
Temos de ser melhores. Temos de fazer mais!
Teremos uma Liga Portugal aberta à criatividade e à inovação.
Vamos avançar para os novos conteúdos e plataformas digitais;
Vamos analisar todas as oportunidades, explorar o mercado mundial, mas sempre numa perspetiva de eficiência, nos resultados e nos processos de tomada de decisão.
A Liga Portugal, em respeito às Sociedades Desportivas, deve observar critérios claros, mensuráveis, de análise custo/benefício.
Todos os investimentos devem ser orientados com dois objetivos essenciais: valorizar o produto; e gerar valor para as Sociedades Desportivas.
É este o compromisso que estendo às equipas da Liga Portugal.
Caros Colaboradores desta casa,
Sou um de vós. Há 29 anos que estou convosco. Como Presidente, serei o mesmo Reinaldo Teixeira: disponível, mas sempre muito exigente.
O espírito será o de executar. Com humanismo, com ética e transparência.
Não chega, para nós, convocar o contributo de todos, se o exemplo de valores, de compromisso e de excelência não começar em nós.
Teremos uma Liga Portugal de prestígio, com quem chega, e com quem cá está.
Uma Liga Portugal que queremos posicionar enquanto referência, como incubadora de pensamento e de soluções de gestão, que nos permita competir com as melhores ligas internacionais.
Caras amigas, caros amigos;
É isto o essencial:
- Perceber o ponto onde estamos.
- Enfrentar a realidade e a urgência.
- E saber honrar o que somos.
Saibamos honrar a força do nome Liga Portugal!
Façamos, por isso, nascer este Pacto: O Pacto pelo Futebol Profissional.
Obrigado!
Viva a Liga Portugal!"