Bruno intensificou ambiente tóxico na intenção de tornar a permanência de jogadores insuportável, facilitando negócios. Invasão tinha essa motivação, mas fugiu ao controlo.
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Há um outro lado na história da invasão à Academia, ocorrida a 15 de maio passado. O JOGO sabe que a entrada de elementos ligados à Juventude Leonina (Juve Leo) em Alcochete, que desencadeou agressões ao plantel principal e staff técnico, conduzindo à prisão de 40 pessoas - processo de investigação que culminou com as detenções do presidente destituído Bruno de Carvalho e o líder da citada claque, Nuno Mendes, vulgo Mustafá -, assentava numa estratégia do ex-líder do Conselho Diretivo e da SAD, o qual instrumentalizou a claque para tornar o clima tóxico e assim forçar transações de jogadores.
O Ministério Público acredita que o ex-líder instigou o aperto de 15 de maio passado, o qual descambou. O JOGO sabe que Bruno, sem medir consequências, instrumentalizou a Juve Leo
Temendo o risco de crise financeira após um fortíssimo investimento sem resultados à altura, a administração liderada por Bruno de Carvalho necessitava de operar a venda de três jogadores. Com a relação entre presidente e plantel cada vez mais distante e crispada como foi do conhecimento público à altura, Bruno de Carvalho - agora indiciado pela prática de 56 crimes - optou por gerar um clima de intimidação insuportável que conduzisse ao desejo de jogadores com mercado abandonarem o clube a todo o custo, retirando-lhe o ónus de vendedor aos olhos de sócios e adeptos. Contudo, descontrolou-se o aperto a jogadores, que a justiça acredita ter sido instigado pelo homem que liderou o Sporting entre 2013 e 2018, espoletando um caso que manchou como nunca o emblema de Alvalade, atingindo proporções internacionais e conduzindo à rescisão unilateral de contrato de nove atletas.
Perigo: líder destituído queria fintar crise financeira efetuando três transações
Dada a proximidade entre a presidência do clube e a liderança da Juve Leo (ler mais informação na peça ao lado), o nosso jornal sabe que intensificaram-se os contactos entre Bruno de Carvalho e a claque. Com os títulos da temporada passada a fugirem (a Taça da Liga nada disfarçou) e o clima perante a equipa apodrecido a partir da derrota em casa do Atlético de Madrid, Bruno de Carvalho reuniu-se com o mais antigo grupo organizado de adeptos em Portugal nas instalações deste, onde terá viabilizado, acredita o Ministério Público, o ataque à Academia, verificado mais de um mês depois, após altercação entre jogadores e Fernando Mendes, ex-líder da claque, na Madeira.
Bruno de Carvalho tentou deste modo aproveitar o ambiente incandescente para retirar benefícios no mercado, mas a espiral de violência que marcou o ataque à Academia entrou na esfera da justiça, que hoje vai ouvir Bruno de Carvalho e Mustafá.