Seleção canarinha contou com Éder Militão, Alex Telles e mais quatro portistas "cedidos". Um deles, Afonso Sousa, contou toda a aventura a O JOGO.
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Éder Militão e Alex Telles não foram os únicos portistas que se apresentaram ao serviço no primeiro dia de trabalho da seleção brasileira no Porto. O treino foi no Bessa, mas os sub-19 do FC Porto é que ajudaram numa sessão com muitos ausentes.
Pedro Justiniano (central), Levi Faustino (central), Gonçalo Borges (extremo) e Afonso Sousa (médio-ofensivo) foram avisados de véspera e ontem surpreenderam até os jornalistas brasileiros, que num primeiro momento acreditaram serem mais quatro jovens brasileiros, além de Glauber (Botafogo) e Lucas Santos (Vasco da Gama), que Tite chamara para completar o grupo.
"Ele faz isso muitas vezes, mesmo com jogadores sub-17 ou sub-20 que nunca foram internacionais", avisaram-nos. A fisionomia de Afonso desmentia, porém, qualquer possibilidade de se tratar de um jogador brasileiro. E o toque de bola remeteu imediatamente para o filho de Ricardo Sousa, neto de António Sousa, que é uma das maiores promessas da formação portista.
Justiniano, Levi Faustino e Gonçalo Borges também no treino das estrelas. Afonso Sousa foi quem mais brilhou e até explicou aos mais velhos como se marca um golo a Alisson. A ter em conta contra o Liverpool.
"Foi incrível. Uma intensidade muito grande. Nunca vivemos, com a exceção do Justiniano, uma experiência de equipa principal e estávamos ali, no meio dos melhores do mundo...", reagiu o portista, contactado por O JOGO no final da sessão. "Foi espetacular", repetiu. "Uma experiência única. Nunca tinha vivido nada assim. Até nos equipámos com eles. Fomos os primeiros a chegar ao balneário. Sentei-me e vi chegar o Gabriel Jesus e o Roberto Firmino. Virei-me para o lado e perguntei ao Gonçalo se estávamos a dormir ou se era real", ri-se o craque portista, de 18 anos.
Afonso soube da novidade na véspera. "Estava a jantar com a minha namorada quando me ligaram a avisar. Perguntei se estavam a falar a sério e estavam mesmo. Ia treinar com os sub-19 e de repente estou a jogar com o Coutinho, o meu ídolo", exclama.
Em campo, foi mais fácil do que no balneário. "Eles trataram de nos deixar à vontade. Aliás, o Gabriel e o Firmino, ao chegarem, apresentaram-se e perguntaram se precisávamos de alguma coisa. Mas nós continuávamos com alguma ansiedade. Quando chegamos à relva, o adjunto [Sylvinho] perguntou-nos a posição. Quando disse que era médio, tive sorte e fiz os exercícios todos. Comecei nervoso e tal, mas o Miranda e o Casemiro disseram-me para estar tranquilo e jogar rápido. Quando passámos para o último exercício, aquele jogo em campo reduzido, tranquilizei-me de vez. E como estava de pé quente, isso ajudou", continuou.
Golo a Alisson e moral com Danilo
Com efeito, Alisson (Liverpool) e Ederson (Manchester City) foram batidos duas vezes pelo 10 português, que só não fez hat trick porque o poste não deixou. "Os jogadores iam dando moral, elogiaram e apoiaram", reforça, num agradecimento a Casemiro e Danilo, os dois que mais tempo jogaram com ele.
"Quando estava a sair, o Danilo perguntou-me onde jogava. Respondi "FC Porto" e ele disse: "Pela qualidade, logo vi"", voltou a rir, agora já mais tranquilo. Para Afonso, o melhor de tudo foi mesmo ter privado com Philippe Coutinho. "Fui crescendo a gostar do Deco, que agora é o meu empresário. Quando comecei a perceber de futebol, o Deco já não jogava e o meu ídolo foi o Coutinho, até por jogar na posição dele. Via os jogos todos. Todos falavam de Neymar, Messi e Ronaldo; eu falava de Ronaldo e Coutinho... Hoje [ontem] treinei contra ele e ainda tirámos uma fotografia", apontou, remetendo para uma selfie que publicou logo a seguir nas redes sociais.
O FC Porto-Liverpool também na agenda da canarinha. Ainda com craques para chegar e Alex Sandro parado, o esquerdino foi um dos que mais curiosidade suscitaram. Mesmo com timidez.
No final, ainda se cruzou com Tite. "Agradeceu o empenho e desejou-nos boa sorte. Percebi que era muito humilde", conta, ainda sem ter bem a certeza do que viveu e do bem que lhe correu a sessão. "Já saí de lá e ainda nem acredito que estive com eles. No fim estavam a comer no balneário, mas eu nem consegui ir buscar nada, preferi ir para casa com fome", despediu-se.
Militão é mais do que cinco estrelas
No final do treino, os portistas mais jovens estiveram algum tempo à conversa com Alex Telles. "Falámos do FC Porto, da seleção... de tudo. Foi um bom bocado e uma troca de impressões positiva com alguém mais experiente", explica Afonso. Militão ficou mais à larga. "Ele tinha treino de recuperação. Mas também lhe desejámos boa sorte para agora e para o futuro. O Justiniano já tinha treinado com ele e dizia que era cinco estrelas, mas afinal é dez estrelas", prosseguiu o nosso entrevistado.
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Alex à boleia do rival Firmino
O FC Porto-Liverpool é o jogo da Liga dos Campeões com mais jogadores nesta seleção: Alex Telles e Éder Militão pelos dragões; Alisson, Fabinho e Firmino pelos reds.
Guiado por Roberto Firmino, com quem em breve vai ter dois confrontos a doer na Liga dos Campeões, Alex Telles acabou por ser, a par do também estreante David Neres (Ajax), o foco da maioria das objetivas no primeiro treino da seleção brasileira em Portugal, como também o de maior curiosidade.
Lateral subiu ao relvado com o futuro adversário na Champions e foi motivo de muitas perguntas.
"Quantos passes para golo ele tem este ano no FC Porto?", quiseram saber os jornalistas brasileiros. "Porque é que um lateral-esquerdo é o escolhido para marcar os penáltis?", interrogaram. "Ele já é capitão?", perguntou outro, mais distraído. "Quando o Alex Sandro saiu de Portugal, estava melhor, pior ou no nível do Telles atual?"
As dúvidas em torno do portista são bastantes por esta altura. Alex foi o melhor lateral-esquerdo do Brasileirão em 2013, mas saiu da vista do Brasil desde então. O protagonismo na Liga dos Campeões valeu um bilhete para uma avaliação próxima de Tite, que tem em mãos a missão de escolher o grupo que vai jogar a Copa América em 2019. Alex começou o dia a ser recebido no hotel precisamente pelo selecionador.
A tarde iniciou-se no ginásio juntamente com Lucas Paquetá, Arthur, Allan, Fabinho, Firmino, Gabriel Jesus, Neres e Richarlison. A seguir, uma corrida e uns toques na bola para retomar a atividade, sem descurar o descanso, de que o portista tanto necessita. O lateral foi sempre muito discreto, a revelar alguma timidez e ainda em processo de adaptação. Hoje é dia de trabalho mais a sério. E já com Alex Sandro à vista...