Pede perícia para demonstrar que foi atacado pela Doyen.
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Esta sexta-feira marca o último dia de alegações finais no julgamento do processo Football Leaks e Aníbal Pinto pediu que seja feita uma perícia para demonstrar que foi atacado pela Doyen.
A defesa do arguido requereu que seja feita uma perícia informática ao computador do advogado para demonstrar que o sistema informático deste último foi atacado remotamente, em 2015, pela Doyen Sports, com o conhecimento de inspetores da Polícia Judiciária (PJ).
Ontem, João Azevedo, advogado de Aníbal Pinto, tinha referido que cliente que representa tinha recebido um e-mail que atuara como "cavalo de Troia" no computador do advogado, mas, no início da sessão de hoje, corrigiu que, segundo uma perícia pedida na quinta-feira à noite pelo próprio, o método usado é, afinal, compatível com "phishing". O causídico requereu, igualmente, que este resultado preliminar seja junto ao processo.
O objetivo é "demonstrar de forma inequívoca que o Dr. Nélio Lucas [à data diretor-geral da Doyen Sports] nunca esteve constrangido", não se verificando, assim, o crime de extorsão na forma tentada de que Aníbal Pinto está acusado, em coautoria com Rui Pinto, de ter praticado contra o fundo de investimento.
"Esteve sempre dominante e dominou a seu bel-prazer, com controlo absoluto", acrescentou. O e-mail terá sido remetido por Pedro Henriques, que então se apresentou como advogado de Nélio Lucas.
João Azevedo assegurou que foi esse ataque, à margem da lei, que permitiu à PJ identificar Rui Pinto, cuja identidade era até então desconhecida, defendendo que em causa está "prova proibida" e que, por isso, todos os atos praticados no inquérito após essa identificação são nulos.
"A identificação do Sr. Rui Pinto não foi obtida como o [inspetor] José Amador descreveu", sublinhou, requerendo, em seguida, que este volte a testemunhar em tribunal, tal como Nélio Lucas. Segundo João Azevedo, o e-mail de Pedro Henriques terá sido remetido a Aníbal Pinto com o conhecimento daquele investigador.
Na quarta-feira passada, o Ministério Público pediu a condenação a pena de prisão de Rui Pinto, criador da plataforma eletrónica Football Leaks, por 89 dos 90 crimes de que está acusado no processo.
Nas alegações finais do processo Football Leaks, que começou em 4 de setembro de 2020, Marta Viegas, procuradora do MP, considerou que o único crime não provado foi o de sabotagem informática à SAD do Sporting.
Marta Viegas considerou também provado que o outro arguido do processo, o advogado Aníbal Pinto, deve ser condenado pelo crime de extorsão na forma tentada, pelo qual está acusado.
Rui Pinto, de 34 anos, responde por um total de 90 crimes: 68 de acesso indevido, 14 de violação de correspondência, seis de acesso ilegítimo, visando entidades como o Sporting, a Doyen, a sociedade de advogados PLMJ, a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e a Procuradoria-Geral da República (PGR), e ainda por sabotagem informática à SAD do Sporting e por extorsão, na forma tentada. Este último crime diz respeito à Doyen e foi o que levou também à pronúncia do advogado Aníbal Pinto.
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