Julgamento continua no próximo dia 16 de janeiro.
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Foram esta sexta-feira suspensas as alegações finais do processo Football Leaks. Aníbal Pinto alega ter sido alvo de um ataque informático da Doyen em 2015 e a juíza concedeu dois dias úteis para o Ministério Público e a defesa de Rui Pinto se pronunciarem sobre o requerimento apresentado pelo arguido e também advogado.
A defesa de Aníbal Pinto, recorde-se, requereu que seja feita uma perícia informática ao computador do advogado para demonstrar que o sistema informático deste último foi atacado remotamente, em 2015, pela Doyen Sports, com o conhecimento de inspetores da Polícia Judiciária (PJ).
João Azevedo, que defende Aníbal Pinto, assegurou que foi esse ataque, à margem da lei, que permitiu à PJ identificar Rui Pinto, cuja identidade era até então desconhecida, defendendo que em causa está "prova proibida" e que, por isso, todos os atos praticados no inquérito após essa identificação são nulos.
"Não se mostra possível continuar as alegações. O tribunal dá dois dias", afirmou a juíza presidente Margarida Alves, depois de este requerimento ter provocado uma interrupção dos trabalhos que se prolongou por cerca de 45 minutos e na sequência das posições assumidas pelos diferentes assistentes no processo sobre esta matéria.
E se a Ordem dos Advogados ou o Sporting evitaram comentar, a maioria dos assistentes criticaram Aníbal Pinto e a sua defesa, apontando "manobras dilatórias" e defendendo que o requerimento - que pede uma perícia informática e a reinquirição das testemunhas José Amador, Rogério Bravo, Nélio Lucas e Pedro Henriques - fosse indeferido.
Contudo, a procuradora começou por pedir um prazo para estudar a questão e depois disse que já se poderia pronunciar de tarde, mas como o advogado de Rui Pinto, Francisco Teixeira da Mota, alertou para a "complexidade" e as "questões técnicas" levantadas com o requerimento, o tribunal acabou por conceder dois dias para essa análise, remetendo a continuidade do julgamento para 16 de janeiro.
Na quarta-feira passada, o Ministério Público pediu a condenação a pena de prisão de Rui Pinto, criador da plataforma eletrónica Football Leaks, por 89 dos 90 crimes de que está acusado no processo.
Nas alegações finais do processo Football Leaks, que começou em 4 de setembro de 2020, Marta Viegas, procuradora do MP, considerou que o único crime não provado foi o de sabotagem informática à SAD do Sporting.
Marta Viegas considerou também provado que o outro arguido do processo, o advogado Aníbal Pinto, deve ser condenado pelo crime de extorsão na forma tentada, pelo qual está acusado.
Rui Pinto, de 34 anos, responde por um total de 90 crimes: 68 de acesso indevido, 14 de violação de correspondência, seis de acesso ilegítimo, visando entidades como o Sporting, a Doyen, a sociedade de advogados PLMJ, a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e a Procuradoria-Geral da República (PGR), e ainda por sabotagem informática à SAD do Sporting e por extorsão, na forma tentada. Este último crime diz respeito à Doyen e foi o que levou também à pronúncia do advogado Aníbal Pinto.
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