Yevgeny Prigozhin explica-se numa mensagem gravada de 11 minutos
Corpo do artigo
O líder do grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, disse esta segunda-feira, numa primeira mensagem de áudio após o fim de rebelião que abalou a Rússia no fim de semana, que o seu objetivo não era derrubar o poder, mas salvar o grupo paramilitar, ameaçado de ser absorvido pelo Exército regular da Rússia.
"O objetivo da marcha era não permitir a destruição do grupo Wagner", afirmou Prigozhin numa mensagem gravada de 11 minutos, garantindo que o objetivo "não era derrubar o poder no país".
Na mesma mensagem, o líder do grupo de mercenários afirmou que a marcha abortada em direção a Moscovo revelou um "problema de segurança muito sério" na Rússia. "A marcha evidenciou graves problemas de segurança no país", declarou Prigozhin, ressaltando que seus homens viajaram 780 quilómetros sem encontrar muita resistência.
Num ficheiro áudio divulgado esta segunda-feira, Yevgeny Prigozhin afirmou que o comboio parou a 200 quilómetros de Moscovo e tinha "bloqueado toda a infraestrutura militar", incluindo bases aéreas ao longo do seu trajeto.
Prigozhin disse que seus combatentes contaram com o apoio de civis "felizes" nas cidades por onde passaram ao avançar em direção à capital. "Nas cidades russas, os civis receberam-nos com bandeiras russas e símbolos de Wagner", disse Prigozhin, na sua primeira mensagem áudio desde o início e posterior interrupção da rebelião. "Todos estavam felizes quando passamos por lá."
"Lukashenko estendeu a mão e ofereceu-se para encontrar soluções para a continuação do trabalho da empresa militar privada Wagner", disse Prigozhin na mesma mensagem, não tendo, todavia, esclarecido qual a sua atual localização.
16594479
Vários desentendimentos entre o líder do Grupo Wagner e as chefias militares russas, que se foram agravando ao longo da guerra, transformaram-se num motim que levou os mercenários a deixarem a Ucrânia na noite de sexta-feira para se apoderarem de um quartel-general militar numa cidade do sul da Rússia.
Após percorrerem sábado centenas de quilómetros em direção a Moscovo, aparentemente sem oposição para além de alguns ataques aéreos a que foram ripostando, os mercenários cessaram a marcha a cerca de 200 quilómetros da capital russa.
O Kremlin afirmou ter feito um acordo para que Prigozhin se mudasse para a Bielorrússia e que fosse amnistiado, juntamente com os seus soldados.
Não houve confirmação do seu paradeiro, embora um canal de notícias russo na rede social Telegram tenha informado que Prigozhin foi visto num hotel na capital bielorrussa, Minsk.
Na mensagem que hoje divulgou, Prigozhin sublinhou que o Presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, apresentou soluções para permitir que o grupo Wagner continue as suas operações a partir de Minsk.
Lukashenko, que serviu sábado de mediador entre o Kremlin e a Wagner, propôs soluções para permitir que o grupo paramilitar continue a operar, disse Prigozhin.
"Lukashenko estendeu a mão e ofereceu-se para encontrar soluções que permitam ao grupo Wagner continuar o seu trabalho de forma legal", disse Prigozhin.
No sábado, o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, qualificou de rebelião a ação do grupo, afirmando tratar-se de uma "ameaça mortal" ao Estado russo e uma traição, garantindo que não iria deixar acontecer uma "guerra civil".