Rui Pinto queria mostrar que "os fundos de investimento alteravam a verdade desportiva"
"O futebol é de todos e havia necessidade de saber o que se passa", defendeu o advogado do arguido.
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O advogado de Rui Pinto disse esta segunda-feira em tribunal que o Football Leaks surgiu a partir da necessidade de divulgar um conjunto de irregularidades, algumas delas, supostamente, com fundamento criminal, que mereciam atenção.
"O Football Leaks surge porque havia necessidade de transparência, porque havia opacidade. O futebol é de todos e havia essa necessidade de se saber o que se passa no futebol", afirmou Francisco Teixeira da Mota, na alegação final do julgamento do caso Football Leaks, a decorrer no Juízo Central Criminal, ao Campus de Justiça, em Lisboa.
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Terá sido esta a lógica que levou o Football Leaks "a denunciar, não apenas a Doyen, mas outros fundos de investimento", disse, alegando que Rui Pinto "queria mostrar" que os ditos fundos "alteravam a verdade desportiva".
Teixeira da Mota dirigiu-se ainda aos juízes no sentido de que estes tivessem em conta "o que era a Doyen", citando a testemunha Bruno de Carvalho (ex-presidente do Sporting), que neste julgamento tinha afirmado que "os fundos eram uma espécie de droga" para os clubes, lembrando que "havia uma dependência do Sporting face à Doyen" e que chegou a ser "ameaçado [por aquela empresa] para ficar caladinho".
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Este advogado citou ainda o acórdão de um julgamento num tribunal espanhol para declarar que, na Doyen, havia "um esforço para ocultar a origem do dinheiro", que em parte seria proveniente da "família Arif".
Rui Pinto está acusado de 89 crimes informáticos e de um crime de tentativa de extorsão, em coautoria com Aníbal Pinto, que está acusado apenas deste último.
Na primeira sessão de alegações finais, o Ministério Público pediu pena de prisão para ambos. A defesa de Aníbal Pinto pede a absolvição deste. Só após a alegação do advogado de Rui Pinto será conhecida a data da leitura da decisão.