Passar tempo ao telemóvel na cama pode cortar 24 minutos de sono e aumenta risco de insónias
Os investigadores alertam que os problemas de sono são comuns entre estudantes universitários e podem ter impacto significativo na saúde mental, no desempenho académico e no bem-estar geral
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Passar tempo em frente a um ecrã depois de se deitar pode reduzir o sono em 24 minutos e aumentar em 59% o risco de insónia. A conclusão faz parte de um estudo publicado esta segunda-feira, 1 de abril, na revista Frontiers in Psychiatry, que analisou os hábitos noturnos de mais de 45 mil estudantes universitários na Noruega.
Contrariando a perceção de que as redes sociais são particularmente nocivas para o sono, os investigadores não encontraram diferenças significativas entre os seus efeitos e os de outras atividades realizadas nos ecrãs, como ver filmes, jogar ou navegar na internet. De acordo com Gunnhild Johnsen Hjetland, autora principal da investigação, o estudo sugere que os ecrãs reduzem o tempo de sono essencialmente porque substituem o descanso e não tanto por manterem as pessoas despertas.
Os especialistas identificaram quatro mecanismos principais através dos quais os ecrãs prejudicam a qualidade do sono:
Notificações que interrompem o descanso.
Tempo de ecrã que reduz diretamente o tempo de sono.
Estimulação mental que atrasa o adormecimento.
Exposição à luz azul que interfere nos ritmos circadianos.
Os especialistas identificaram quatro formas principais através das quais o uso de ecrãs prejudica a qualidade do sono. As notificações podem interromper o descanso, o tempo de ecrã substitui diretamente o tempo disponível para dormir, a estimulação mental dificulta o adormecimento e a exposição à luz azul interfere nos ritmos circadianos, afetando a regulação natural do sono.
Os investigadores alertam que os problemas de sono são comuns entre estudantes universitários e podem ter impacto significativo na saúde mental, no desempenho académico e no bem-estar geral. Embora a maioria dos estudos anteriores tenha focado adolescentes, esta investigação amplia as evidências para jovens adultos.
O estudo baseou-se nos dados do Inquérito de Saúde e Bem-Estar dos Estudantes de 2022, conduzido pelo Instituto Norueguês de Saúde Pública. No total, 45.202 estudantes, com idades entre os 18 e os 28 anos, responderam a perguntas sobre os seus hábitos de sono e utilização de ecrãs à noite. A análise incluiu informações sobre a hora de deitar e acordar, o tempo necessário para adormecer, a frequência de despertares noturnos e a sonolência durante o dia. A insónia foi definida como sintomas persistentes por pelo menos três vezes por semana durante três meses.
Apesar da robustez da amostra, os investigadores reconhecem que os resultados refletem a realidade de uma única cultura e podem não ser inteiramente aplicáveis a outros países. Ainda assim, deixam um alerta claro: reduzir o tempo de ecrã na cama pode ser uma estratégia simples e eficaz para melhorar a qualidade do sono.