Durante décadas, o diagnóstico de obesidade tem sido baseado no Índice de Massa Corporal (IMC), uma fórmula simples
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Atualmente, mais de mil milhões de pessoas no mundo estão acima do peso ideal, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). A entidade alerta para uma verdadeira "epidemia de obesidade", com números que continuam a crescer de forma preocupante, especialmente entre crianças e adolescentes.
Durante décadas, o diagnóstico de obesidade tem sido baseado no Índice de Massa Corporal (IMC), uma fórmula simples que divide o peso (em quilos) pelo quadrado da altura (em metros). Por exemplo, uma pessoa com 1,75 metro de altura e 70 quilos terá um IMC de 22,86.
Embora amplamente utilizado, o IMC tem recebido críticas por não levar em conta a composição corporal e outras variáveis importantes, o que motivou recentes propostas de especialistas para revisar os critérios de diagnóstico da obesidade.
Um grupo de especialistas internacionais sugere uma redefinição da obesidade, afastando-se do Índice de Massa Corporal (IMC) como único critério de diagnóstico, de acordo com um relatório publicado na revista The Lancet Diabetes & Endocrinology. A proposta visa adotar métricas mais precisas para identificar as pessoas que mais necessitam de tratamento.
O IMC pode superdiagnosticar obesidade em indivíduos com elevada massa muscular, como atletas, e subdiagnosticá-la em pessoas com excesso de gordura corporal, mas com valores abaixo do limiar de 30, tradicionalmente usado para classificar obesidade. Para corrigir estas falhas, o novo sistema proposto considera medições adicionais, como a circunferência abdominal e análises laboratoriais para avaliar a saúde metabólica. Segundo Katherine Saunders, especialista em obesidade, há desafios na aplicação prática, como a falta de formação médica e equipamentos adequados, já que fitas métricas convencionais não abrangem alguns casos.
Embora os especialistas reconheçam os custos e a complexidade associados a avaliações detalhadas, defendem que o sistema melhora a identificação de casos clinicamente relevantes. David Cummings, da Universidade de Washington, coautor do estudo, explicou que o objetivo não é alterar significativamente o número de diagnósticos, mas sim priorizar quem mais necessita de cuidados. Para Robert Kushner, outro coautor do relatório, esta redefinição é um “primeiro passo” que deverá ser seguido por novas diretrizes práticas e adaptações no sistema de saúde. Contudo, especialistas como Kate Bauer, da Universidade de Michigan, alertam para a dificuldade de comunicação com o público, que "precisa de mensagens simples".
Em Portugal, onde 1 em cada 3 pessoas é obesa.