Caminhar 100 minutos por dia pode reduzir em 23% o risco de dores lombares crónicas, revela estudo
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Um novo estudo conduzido por investigadores da Noruega e da Dinamarca concluiu que o tempo total de caminhada diária tem um impacto significativo na prevenção de dores crónicas na parte inferior das costas — mais do que o número de passos ou a intensidade do exercício.
Publicado na revista científica JAMA Network Open, o estudo analisou dados de 11.194 adultos noruegueses com uma média de 55 anos. Quase 15% dos participantes apresentavam dores persistentes na zona lombar com duração superior a três meses, critério utilizado pelo NHS (Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido) para classificar uma dor como crónica.
A principal conclusão do estudo aponta para uma relação directa entre o tempo diário de caminhada e o risco de desenvolver dor lombar: caminhar menos de 78 minutos por dia aumentava significativamente esse risco, enquanto caminhar mais de 100 minutos — cerca de 1h40 — estava associado a uma redução de 23% na probabilidade de sofrer deste problema. A redução foi observada independentemente da idade ou do sexo dos participantes.
Embora a intensidade da caminhada também tenha mostrado algum efeito protetor, os autores sublinham que o tempo total foi o factor mais relevante. “As nossas conclusões indicam que o volume diário de caminhada é mais importante do que a intensidade média da caminhada para reduzir o risco de dores lombares crónicas”, referem os investigadores.
As dores lombares são uma das principais causas de incapacidade e absentismo laboral. Só no Reino Unido, mais de 23 milhões de dias de trabalho foram perdidos em 2022 devido a problemas musculoesqueléticos (MSK), incluindo dores nas costas. Estima-se ainda que cerca de 646 mil pessoas estejam fora do mercado de trabalho por motivos relacionados com doenças MSK, tornando estas patologias a segunda maior causa de inactividade económica no país, apenas atrás dos problemas de saúde mental.
Os autores defendem que a caminhada diária deve ser promovida como uma medida simples, acessível e eficaz de saúde pública. Dada a semelhança nos níveis de sedentarismo entre a Noruega e outros países europeus, incluindo Portugal, os resultados são considerados aplicáveis a uma escala mais ampla.
Entre as sugestões para integrar os 100 minutos de caminhada no dia a dia estão: ir a pé para o trabalho ou sair duas paragens antes, fazer caminhadas após as refeições, optar pelas escadas em vez do elevador, marcar reuniões em movimento (“walk and talk”) ou fazer pausas activas ao longo do dia, sobretudo para quem trabalha sentado.
Caminhar, afinal, pode ser um dos gestos mais simples e eficazes para proteger a saúde das costas — e não custa nada.