Advogado de Rui Pinto: "Quem cometeu um crime não pode estar à espera de ser absolvido"
Declarações de Francisco Teixeira da Mota à saída do Juízo Central Criminal de Lisboa, esta segunda-feira.
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Francisco Teixeira da Mota, advogado de Rui Pinto no caso Football Leaks, reagiu à saída do tribunal, esta segunda-feira, à condenação do "hacker" a quatro anos de prisão, com pena suspensa.
"Decisão expectável. Há neste acórdão partes com que concordamos e com outras não. Há matéria que não devia ter sido dada como provada e outras que sim. Penso que a colaboração com as autoridades foi tida em conta nesta decisão. Não se podia contar com uma absolvição, quem cometeu um crime não pode estar à espera de ser absolvido. Desde o princípio que sabemos que a situação dele não é ortodoxa, ele reconhece que cometeu crimes. O que parece é que o tribunal soube olhar para isso. Vamos analisar as razões do porquê de o Tribunal ter dado como provado determinados factos e outros não. Vamos ver a possibilidade de recurso, mas não vou dizer isso agora. É um sinal positivo para o trabalho que o Rui Pinto desenvolveu para o interesse público o facto de não haver pena efetiva", começou por dizer, comentando depois a aministia dada a Rui Pinto - amnistiado em 79 crimes devido à lei da amnistia com a vinda do Papa na Jornada Mundial da Juventude.
"Acho sempre simpáticas as amnistias, como acho simpática a vinda do Papa a Portugal. Acho sempre uma coisa positiva. O cumprimento das penas de prisão em Portugal é, muitas vezes, excessivo. Nos EUA, as amnistias são feitas para tirar pessoas da prisão. Cá acha-se que é um perigo muito grande. Vamos estudar agora a aplicação da amnistia", referiu.
Francisco Teixeira da Mota disse também que Rui Pinto "está numa situação de testemunha protegida, onde não se pode saber onde está e onde vai", quando questionado pelos jornalistas sobre como é a vida do denunciante hoje em dia.
Rui Pinto, de 34 anos, estava acusado de 90 crimes: 68 de acesso indevido, 14 de violação de correspondência, seis de acesso ilegítimo, visando entidades como o Sporting, a Doyen, a sociedade de advogados PLMJ, a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e a Procuradoria Geral da República (PGR), e ainda por sabotagem informática à SAD do Sporting e por extorsão, na forma tentada, à empresa Doyen.
Rui Pinto já sabe que vai continuar em tribunal, na sequência de uma acusação relativa a 377 crimes relacionados com o acesso aos e-mails do Benfica e de outros clubes, Liga, empresas, advogados, juízes, procuradores, Autoridade Tributária e Rede Nacional de Segurança Interna.
Aníbal Pinto, por coautoria de crime de extorsão na forma tentada foi também condenado, com uma pena de dois anos de prisão, suspensos por igual período de tempo.