A cumprir a primeira época na equipa lisboeta, após trocar o futebol de praia pelos relvados, Sara Martins, de 27 anos, almeja ser jogadora profissional
Corpo do artigo
Eis que chegou a primeira vitória do Atlético na Liga BPI. A formação lisboeta deslocou-se ao reduto do Varzim e levou de vencida a formação poveira (1-2), com Sara Martins a assinar o golo do triunfo.
Foi a primeira vitória do Atlético esta temporada na Liga BPI. O que significa este triunfo para o grupo?
-Muito. Significa mais do que três pontos. Penso que tem um grande peso, pois sentimos que pode ser um ponto de viragem. Nós sabemos que temos capacidade, mas nem sempre os resultados o mostravam. Com esta vitoria, sai-nos de cima um peso enorme e dá-nos mais motivação.
Venceram na casa do Varzim, um adversário direto na luta pela permanência. Qual foi a chave do triunfo?
-Passou pela nossa capacidade de resiliência e de trabalho. De sabermos que, apesar de os resultados nem sempre o mostrarem, o trabalho estava a ser bem feito, e que se continuássemos unidas e a fazer o nosso trabalho, a vitoria iria aparecer.
O Atlético é o lanterna vermelha, com apenas três pontos conquistados. Contudo, ainda há uma segunda volta pela frente e, com este novo fôlego, sente que o melhor está para vir?
-Sem dúvida. Queremos a permanência na Liga BPI. É difícil, mas não é impossível. Começámos a saber que seriamos os "underdogs" [n.d.r. "os menos favoritos"], mas que tínhamos qualidade para nos mantermos. Tem sido difícil, já tivemos muitas saídas de colegas, o que nem sempre é fácil de colmatar. Mas temos de acreditar.
Relativamente ao percurso como jogadora, como surgiu o futebol na vida da Sara Martins?
-Desde que me lembro, gosto de futebol. O meu irmão mais velho sempre jogou e comecei a dar uns toques com ele, até que percebi que tinha algum jeito. Ele foi o meu grande apoio e sempre me ajudou. Até aos dias de hoje, vê os meus jogos e está lá a dar apoio.
Porém, demorou algum tempo até convencer os seus pais a praticar futebol federado num clube...
-É verdade. Comecei a jogar tarde, com 15/16 anos. Mas, antes, jogava sempre onde dava: na escola, na rua, em casa... Tive muito tempo para conseguir convencer os meus pais a deixarem-me ir para um clube.
No futebol, passou por clubes como 1.º Dezembro, Belenenses, Estoril, Sintrense e A-dos-Francos. No entanto, no ano passado, decidiu integrar uma equipa de futebol de praia. Como surgiu essa aventura?
-Foi uma boa aventura. Surgiu no final da época passada, quando ainda estava no A-dos-Francos. Eu e mais algumas colegas recebemos o convite da Casa de Benfica das Caldas da Rainha e decidimos experimentar. Jogar na areia e na relva é diferente, mas o objetivo é o mesmo, colocar a bola na baliza.
Uma jogadora de futebol tem de sacrificar-se muito?
-Claro que sim. Temos sempre que fazer escolhas. Eu, não sendo profissional, a minha vida é trabalho e futebol. Tenho de gerir o cansaço que às vezes existe. É chegar a casa tarde e acordar cedo no dia seguinte. Às vezes, precisava de mais horas no dia para ter um bom descanso. Nem sempre temos tempo para conseguir conviver com os amigos e com a família. Porém, um dia, quero fazer disto vida, e sei que tenho capacidades para lá chegar. É continuar a trabalhar para agarrar o sonho.
14672882