FUTEBOL FEMININO >> Ana Soares joga no Estoril e frequenta o mestrado em Biomedicina Ciências fascinam-na, mas o sonho é ser profissional
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No Estoril desde 2017/2018, após uma passagem pelo Belenenses, Ana Soares revela que encontrou no clube uma "família". Chegou a integrar os estágios da Seleção Nacional, porém a internacionalização não se concretizou. No último ano, a lateral admite ter atravessado uma "fase complicada" com várias complicações de saúde e lesões. Contudo, a paixão pelo futebol nunca a deixou cair.
O Estoril ocupa a sexta posição na fase de permanência da Liga BPI e soma uma vitória e quatro desaires. Tem sido uma época aquém das expectativas?
-Infelizmente, a época não tem corrido como gostaríamos e temos perdido alguns jogos. No entanto, comparativamente ao início da época temos melhorado e estamos num caminho ascendente. Esta temporada tem sido marcada por bastantes lesões. Desde o início da época que temos sempre alguém que não está apto para treinar/jogar e isso acaba por nos condicionar bastante.
A equipa não vence há quatro jogos. Que peso tem sobre o vosso grupo?
-Dada a nossa situação, pois vimos de algumas derrotas seguidas, o grupo tem respondido bem e tem-se mantido unido. É um grupo bastante jovem, o que faz com que por vezes falte "matreirice" no jogo. Contudo, temos jogadoras com bastante potencial e um bom ambiente de balneário. Queremos mudar rapidamente esta página e alcançar vitórias. Almejamos a permanência na Liga BPI.
A Ana representou o Belenenses e o Sintrense antes de abraçar o projeto do Estoril. Como surgiu a oportunidade de vir para Cascais?
-Vim para o Estoril quando saí do Belenenses. Na altura, não tinha clube e decidi ir treinar ao Estoril. Nessa época fiquei apenas a jogar nas sub-19 e depois no final da temporada subi à equipa principal. O Estoril é um grande clube e sinto-me orgulhosa por representá-lo.
E tem sido feliz aqui. É das jogadoras mais utilizadas no plantel e tem feito boas exibições. Porém, o último ano não foi fácil para si...
-É verdade. Na época passada, fui obrigada a parar devido a sequelas provocadas pela covid-19. Após a infeção, comecei a sentir dificuldades respiratórias e bastante cansaço. Durante esse período, tive de fazer bastantes exames para perceber o que se passava. Foi uma época complicada porque estive parada cerca de dois meses e não podia fazer nada para melhorar a minha situação, tive um sentimento de impotência e frustração. Mas o clube e a minha paixão pelo futebol falaram mais alto.
Apesar de ser jogadora de futebol, é licenciada em Biologia e de momento está a frequentar o mestrado em Genética Molecular e Biomedicina na faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa. É um desafio conciliar tudo?
-Sem dúvida. Conciliar tudo é difícil. Tenho treinos/jogos e com a faculdade é sempre mais custoso. Acabo sempre por andar a correr de um lado para o outro. As ciências são a minha paixão, mas tenho o sonho de ser jogadora profissional.
Uma futebolista tem de sacrificar muita coisa?
-Sim, uma futebolista para ter sucesso precisa de abdicar de muitas coisas e de coisas importantes como jantares e almoços de família, convívios com amigos e até mesmo de tempo pessoal. É preciso ter imenso cuidado com tudo aquilo que fazemos, uma vez que tudo pode influenciar a nossa performance, desde a alimentação às horas de sono. Nem sempre é fácil abdicar dos momentos em família, mas no futebol acabamos também por encontrar pessoas que levamos para a vida e que acabam por se tornar a nossa família.
O futebol feminino em Portugal tem vindo a crescer a olhos vistos. Sente que o futebol português e as jogadoras portuguesas são cada vez mais valorizadas no mundo desportivo?
-Em Portugal, o futebol feminino tem tido uma grande ascensão. Quando comecei a jogar, ainda havia o grande estigma de que o futebol não era para meninas e era raro ver outras raparigas a jogar. Hoje em dia, já é bastante comum. Outra grande diferença é o facto de haver uma maior quantidade de escalões de futebol feminino. Quando comecei, havia apenas o escalão sénior. É de salientar também a divulgação que há e o trabalho da Federação Portuguesa de Futebol, que acaba por trazer mais gente a este desporto. Outro fator determinante é o facto de existirem cada vez mais equipas profissionais, o que significa que a aposta no futebol feminino é maior.
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