"Tinha dois anos e o meu avô ofereceu-me umas chuteiras. Era algo predestinado"
Débora Maciel quer triunfar em Portugal e ajudar o emblema de Vila Verde a conquistar títulos.
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Débora Maciel é internacional sub-20 pela seleção brasileira e experimentou a liga norte-americana antes da mudança para Portugal. A defesa chegou proveniente da Chicago State University, onde frequentava o curso de Saúde e Educação Física e Fitness. Antes, jogara pelo Tyler Junior College e, no Brasil, pelo Esporte Clube Pelotas. Agora, Débora enfrenta, pela primeira vez, o desafio de jogar na Europa.
No verão fez as malas e rumou a Portugal. Como surgiu a oportunidade?
-Sempre tive muito interesse em jogar em Portugal. Acompanhava muito a Liga BPI e era um sonho meu jogar aqui. No início do ano, o meu agente questionou-me sobre o interesse em jogar em solo europeu. O Länk apresentou um projeto muito ambicioso, que não podia rejeitar, e então agarrei a oportunidade.
Diz que sempre sonhou em jogar na Liga BPI. Acha que o futebol feminino em Portugal já tem projeção além-fronteiras?
-Sim. Vejo o futebol em Portugal a crescer bastante. Comparado com os anos que joguei no Brasil, o futebol feminino aqui está muito mais evoluído, e é muito mais mediático. As pessoas gostam e apoiam. A Comunicação Social dá sempre espaço para entrevistas e jogos, o que traz mais visibilidade.
Apesar de não ser a sua primeira experiência longe de casa, este é o seu primeiro projeto na Europa. O que está a ser mais desafiante?
-O início é sempre a pior parte, mas vou-me habituando. Sempre almejei em fazer carreira na Europa. Contudo, mesmo assim, não é fácil. Existem dias em que a saudade aperta muito. Tenho de manter-me forte e relembrar-me de que passei por muito para ter esta oportunidade em Portugal, um sonho que estou a perseguir. Quero triunfar aqui.
Estreou-se há duas semanas com a camisola do Länk FC Vilaverdense após regressar de uma lesão prolongada. Que sentimentos resumem esse momento?
-Infelizmente, tive uma lesão e ainda estou em fase de tratamento. Mas, já estou de volta aos relvados e nada me deixa mais feliz. Fiquei radiante com a minha estreia. Trabalhei muito e sacrifiquei-me bastante. Quero dar o meu contributo a este clube, que tão bem me acolheu.
O Länk FC Vilaverdense disputa a fase de apuramento de campeão da Liga BPI. Qual foi a chave para o sucesso da equipa?
-Fizemos uma boa época até agora. Talvez melhor do que muitos esperavam, por ser uma equipa nova na primeira divisão. E acredito que isso foi um ponto de incentivo para o grupo, tanto dentro como fora de campo.
O que se pode esperar desta fase ?
-Vamos mostrar que estamos aqui para ficar. Será uma fase cheia de desafios, com equipas que estão a trabalhar muito bem, no duro, para conseguir bons resultados. Todos os jogos são encarados com a mesma seriedade e cada um é uma final. Estamos mais focadas do que nunca para conseguir o melhor resultado dentro de campo e somar o máximo de pontos.
Como caracteriza o grupo de trabalho?
-Temos um grupo com muita qualidade e com diferentes características. Estamos a evoluir a cada dia, a cada treino, e a aprender um pouco mais sobre as colegas. Treinamos no duro para conseguir sempre o melhor resultado dentro de campo. Estamos focadas no mesmo objetivo e estamos a trabalhar a 110% [risos]...
Relativamente ao percurso individual, como surgiu esta paixão pelo futebol?
-Toda a minha família joga ou jogou futebol. Os meus pais, irmãos, tios, primos, avós. Lembro-me perfeitamente quando recebi as minhas primeiras chuteiras. Tinha eu dois anos e foi o meu avô que me ofereceu. É algo que estava predestinado.
Qual foi o momento mais marcante da sua carreira?
-Foi a convocatória para seleção sub-20. Nesse jogo consegui marcar dois golos. Em 2017, também houve uma fase marcante na minha vida futebolística. Joguei na Liga Universitária, na Tyler Júnior College, por dois anos e esses tempos de universidade marcaram-me. Um com títulos importantes, outro com oportunidades a agregar experiência.
Como se caracteriza enquanto jogadora?
-Pergunta difícil. O que posso dizer é que sou uma jogadora muito determinada e focada nos meus objetivos. Se tivesse de escolher uma característica principal dentro de campo, acredito que sou muito forte e muito gressiva na marcação. Não deixo a adversária respirar.
Num futuro próximo, o que ambiciona?
Assim como todas as jogadoras, tenho como maior ambição voltar a representar a seleção. Entretanto, o meu foco é trabalhar e dar o meu melhor dentro de campo para ajudar o Länk a lutar por títulos. Este clube tem muito potencial e espero ajudar a instituição a alcançar os objetivos a que se propôs.