"Trocar o Sporting pelo Braga? Não hesitei em assinar, muitas coisas chamaram por mim"

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LUSA
A internacional portuguesa Patrícia Morais mudou-se esta época para o Minho, após cinco anos em Alvalade. A guardiã, de 29 anos, conta com uma vitrina recheada de troféus e já conquistou tudo em Portugal.
O nome de Patrícia Morais é um dos mais sonantes no futebol feminino português e já está gravado a ouro na história do Braga. Na conquista da Taça de Liga, frente ao Benfica, o único título feminino que faltava aos arsenalistas, a guarda-redes foi fundamental ao defender duas grandes penalidades, no desempate.
O futuro adivinha-se de sucesso, especialmente tendo em conta que um dos maiores sonhos já foi concretizado - a participação no Campeonato da Europa. Agora, o grande desejo é participar num Mundial, prova na qual Portugal nunca marcou presença.
O Braga conquistou a Taça da Liga feminina, o único troféu que faltava à Patrícia, num jogo em que foi decisiva ao defender duas grandes penalidades consecutivas. Qual foi a chave para este sucesso frente ao Benfica?
-Muito trabalho! O jogo correu muito bem e fiz uma boa exibição. Devo tudo às minhas companheiras, que lutaram muito e foram umas autênticas guerreiras. Já merecíamos sorrir.
Exibiu-se ao mais alto nível na final frente ao Benfica. Estava confiante na vitória?
-Muito. O nosso treinador de guarda-redes ajudou imenso e estudámos muito bem as atletas do Benfica. Houve uma jogadora que bateu a grande penalidade e que não conhecíamos. Acabei por defender porque atirei-me para o meu melhor lado. Senti um misto de sensações. Fomos recompensadas pelo trabalho desenvolvido.
O Braga está um pouco abaixo das expectativas na fase de apuramento de campeão da Liga BPI, ocupando o sexto lugar. Começaram bem, mas é notório que foram perdendo gás...
-Sim, é verdade. Queríamos estar noutra posição da tabela. Em janeiro tivemos um surto de covid-19 no plantel e isso dificultou imenso o nosso trabalho. Foi difícil voltar ao que éramos, mas estamos a trabalhar nisso. As atletas são incansáveis e têm uma mentalidade diferenciada. O ADN deste clube é algo extraordinário.
Foi esse ADN que fez a Patrícia deixar Alvalade e mudar-se para a equipa do Braga?
-Sem dúvida. Estava em final de contrato com o Sporting e o Braga andava atento à minha situação. Não hesitei em assinar. Muitas coisas chamaram por mim. O nosso presidente [António Salvador] aposta muito no futebol feminino e isso é crucial na motivação das atletas. E o Braga é um clube grande, que luta por títulos. Foi uma escolha feliz e sinto-me mesmo bem aqui. As pessoas são fantásticas e de uma humildade tremenda.
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Passou por vários clubes, entre eles o 1º Dezembro, A-dos-Francos e Sporting, e com 19 anos mudou-se para França, onde jogou no FF Yzeure e do ASPTT Albi. Qual destes emblemas a marcou mais?
-Todos os clubes me marcaram, mas o FF Yzeure foi especial. Tinha 19 anos e deixei o A-dos-Francos para embarcar numa nova aventura, rumo a França. Tenho a dizer que foi a minha melhor decisão. Queria estabilizar as minhas idas à Seleção e ganhar maturidade. E foi nesse clube que evoluí muito. Tinha um treinador fantástico e foi dos meus melhores anos a nível individual.
Tem mais de 70 internacionalizações, já disputou um Campeonato da Europa e já ganhou tudo o que havia para ganhar em Portugal. E agora, qual é a maior ambição?
-Não gosto muito de falar no futuro, gosto que tudo leve o seu rumo normal. Cumpri o grande sonho de estar presente no Campeonato da Europa, num apuramento em que fizemos história. Agora vou perseguir o objetivo de representar Portugal num Campeonato do Mundo.
"Há oito anos que não estou presente nos anos da minha mãe"
Uma futebolista profissional tem que sacrificar muitas coisas. Sempre ao mais alto nível, Patrícia Morais contou a O JOGO que teve que abdicar de muito para chegar onde está.
"Não é nada fácil ser profissional, mas foi esta a vida que quis. Não estamos presentes em momentos especiais. A minha sobrinha nasceu e não consegui estar presente; há mais de oito anos que não passo o aniversária da minha mãe com ela. É difícil, mas é o nosso trabalho", diz, conformada, a guardiã.
Em relação à evolução do futebol feminino em Portugal, Patrícia admite que embora esteja "a crescer a olhos vistos", ainda há "um longo caminho a percorrer".
