Leandra Pereira defronta a irmã na Liga BPI: "É especial, mas sabemos separar as coisas"
Após uma aventura na Islândia, Leandra Pereira, 24 anos, regressou ao Valadares, clube onde se sente em "casa". "Jogadora de equipa, que lê bem o jogo e é importante na recuperação de bola", é o autorretrato feito pela médio do Valadares. No futuro, o sonho é vencer a Taça de Portugal e a Liga BPI.
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Leandra Pereira concilia o trabalho com o futebol e é fisioterapeuta no clube gaiense. A médio portuguesa, natural de Barcelos, trilhou um excelente percurso pelas camadas jovens da Seleção e admite que concretizou um sonho. A cumprir a quinta temporada no Valadares, após passagens por Gil Vicente e pela Islândia, Leandra, de 24 anos, revela a O JOGO que o grande desejo é levantar um troféu nacional em Portugal.
Esta é a sua quinta temporada no Valadares, o que significa o clube para si?
-Estive no Valadares entre 2017 e 2020, e é como se fosse uma casa para mim. É um clube humilde que é referência do futebol feminino pelo que tem alcançado, não só em títulos, mas também pelo que tem contribuído para o crescimento do futebol feminino e da formação em Portugal. Gosto do ambiente familiar que existe entre a estrutura e as atletas.
Tendo em conta que ocupam o sétimo lugar da Liga BPI, qual é a sua análise à época do Valadares
-Sinto que tem sido uma época ingrata. Trabalhamos muito, diariamente, sabemos que temos qualidade, mas nem sempre o nosso valor fica evidenciado nos jogos. Também existem alguns fatores externos que têm condicionado os resultados, mas sabemos que temos capacidade para superar isso. Temos o objetivo de ficar nos primeiros seis lugares da tabela classificativa da Liga BPI.
A Leandra tem sido peça basilar na formação gaiense e é uma das atletas mais constantes do plantel. Sente que tem sido preponderante na equipa?
-Não diria isso, sinto que cada jogadora tem tido um papel importante na equipa, independentemente de jogar menos ou mais minutos. Tenho jogado frequentemente e quero manter esse registo, porque é o que qualquer atleta deseja.
Na temporada passada abraçou a primeira aventura fora de Portugal e assinou pelo Sindri, da Islândia. O que retira dessa experiência?
-Foi uma experiência curta mas enriquecedora. Conhecer outra cultura e outra realidade deu-me uma bagagem que me permite olhar para as coisas de outra forma, não só no contexto futebolístico, mas também no contexto pessoal e social. Até ao fim da minha carreira, gostava de repetir a experiência de viver noutro país.
Por falar em carreira, a Leandra apresenta um percurso sólido no futebol feminino português e também em contexto de camadas jovens da Seleção.
-O meu objetivo é evoluir como jogadora. Representar Portugal é sempre o ponto mais alto da carreira de qualquer jogadora. Todas sonhamos em representar o nosso país. Foi um grande orgulho e um sonho realizado.
Ao longo do seu percurso, a nível de mentalidades e facilidades no futebol feminino, presenciou uma evolução notória?
-Tem sido bonito o caminho que o futebol feminino tem traçado, muito por causa da luta pela igualdade de género que alguns órgãos têm travado. Finalmente, o futebol feminino começou a ser visto com outros olhos, e as pessoas foram percebendo que sendo dadas as mesmas condições que ao masculino, as mulheres podem jogar futebol de qualidade, atrativo e competitivo. Já usufruí de alguma mudança desse paradigma, mas as próximas gerações serão umas privilegiadas nesse aspeto.
E no futuro, até onde deseja chegar?
-Não consigo fazer planos futuristas, até porque a minha vida futebolística é conciliada com a minha carreira profissional de fisioterapeuta, mas sonho em vencer um troféu em Portugal.
Irmã internacional: "Abriu as portas para o meu sonho e é a minha referência"
O futebol é uma paixão antiga, mas, mais do que isso é uma paixão partilhada pela família, sobretudo pela irmã Regina (na foto), médio do Famalicão e internacional A portuguesa. Dentro de campo são adversárias, todavia, fora dele, os laços de sangue falam mais alto."A minha irmã foi e é muito importante para mim. Ela é que deu o grande passo quando não se falava muito do futebol feminino, e eu limitei-me a seguir-lhe as pisadas. Abriu as portas para o meu sonho e é a minha grande referência na vida e no futebol. Não vou dizer que não é especial defrontá-la, mas, dentro de campo, sabemos separar as coisas", diz Leandra.