Inspirada por Ronaldo e com objetivo em mente: "Sonho ser profissional"

Carolina Pocinho, defesa do Ouriense, luta pelo sonho de se tornar profissional e inspira-se em Cristiano Ronaldo. "Sinto-me valorizada, mas, com trabalho, ainda posso dar muito mais", garante.
O melhor mesmo é decorar o nome de Carolina Pocinho: a defesa de 23 anos tem tudo para vingar no futebol. É veloz, forte fisicamente, disciplinada taticamente e diz estar determinada a lutar pelo sonho de ser profissional. Natural de Coimbra, e a cumprir a segunda temporada no Ouriense, tem ajudado a formação de Ourém a trilhar o caminho das vitórias e aponta a O JOGO as metas coletivas e individuais da temporada.
Veste a camisola do Ouriense há duas temporadas, após ter passado seis épocas no Condeixa. O que a levou a abraçar este projeto?
-Além da proposta e da oportunidade de jogar por um clube histórico, uma das peças fundamentais para abraçar este projeto foi o míster Marco Ramos, com quem já tinha trabalho em Condeixa. Fez e continuará a fazer parte da minha evolução
O Ouriense não perde há cinco jogos, porém, só obteve uma vitória na Liga BPI. Que análise faz a este arranque? O que tem estado mais e menos bem?
-Apesar de termos um plantel curto, estamos a ter um bom arranque de temporada. Passámos a eliminatória da Taça contra o Torreense, fizemos um bom resultado em casa do Braga na 1.ª mão e estamos há quatro jogos sem perder no campeonato. No fundo, estamos a conseguir demonstrar que, apesar do contexto e das adversidades, não devemos ser subestimadas e tidas como uma vitória fácil. Estamos na Liga BPI e queremos o que todas as equipas querem: vencer jogos. Temos um grupo saudável e predisposto a dar tudo dentro de campo. Somos uma equipa movida pela vontade de mostrar a nossa diferença dentro e fora de campo.
Coletivamente, qual é o principal objetivo?
-A permanência. E demonstrar que temos capacidade para continuar a pisar palcos grandes.
A Carolina é uma das atletas mais utilizadas do Ouriense e tem estado em grande plano. Será esta a época de afirmação e valorização?
-Quero continuar a aprender e a evoluir como jogadora, de forma a ajudar a minha equipa a concretizar o objetivo. O trabalho de qualquer jogadora é valorizado com o reconhecimento do próprio clube, do treinador e de propostas. Sinto-me valorizada, no entanto, acho que ainda estou no início e posso dar muito mais. Se continuar a trabalhar posso fazer disto vida e realizar um sonho.
Então o seu maior sonho é ser profissional de futebol?
-Há uns anos achava que isso seria impossível, por ter começado tarde. Mas, neste momento, sim, a minha maior ambição é chegar a um contexto profissional. Quero ser feliz a fazer aquilo de que mais gosto e perto daqueles que mais amo.
Ter começado tarde atrapalha?
-O maior desafio que já enfrentei e continuo a enfrentar são os anos de carreira. Sou uma atleta sem formação. Comecei a jogar tarde e a experiência faz toda a diferença. Contudo, tenho tentado ao máximo colmatar isso e ter a humildade de perceber que ainda há muito para aprender e evoluir.
Como se caracteriza dentro e fora dos relvados?
-Considero-me responsável, dedicada e humilde. Percebo o contexto em que estou inserida e as minhas lacunas, mas continuo a trabalhar para futuramente poder ser uma jogadora e, principalmente, uma pessoa melhor. Olho muito para o Cristiano Ronaldo, porque acho que é um exemplo de que apenas com trabalho se é e será sempre recompensado. Só o talento não chega. Só com o trabalho diário e com dedicação é que podemos chegar longe.
"Tinham receio que se jogasse com rapazes podia aleijar-me"
Carolina revela que sempre foi uma apaixonada pelo futebol, porém, a entrada no desporto federado foi tardio devido a receios da família. "Desde pequenina que esta é a minha paixão. Tenho familiares que dizem que a primeira palavra que verbalizei foi "bola" e sempre me apoiaram. Mas, não comecei a jogar mais cedo porque tinham receio que se jogasse com os rapazes podia aleijar-me ou sofrer algum tipo de preconceito. Depois, quando o Condeixa abriu equipa e surgiu a oportunidade de jogar com raparigas, foram logo os primeiros a dar-me a notícia e a apoiar-me nesta caminhada", contou Carolina a O JOGO.
