Inês Pereira saiu do Sporting e foi para a Suíça: "Passei muitas noites a chorar"
É na Suíça que Inês Pereira está a dar continuidade à carreira iniciada em Portugal. A mudança não foi fácil e, sem a família por perto, as saudades apertaram. Mas jogar na Champions compensa tudo
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Depois de várias temporadas ao serviço do Sporting, na Liga BPI, Inês Pereira rumou no último verão à Suíça para ter no Servette a primeira experiência no estrangeiro. Foi uma das figuras da equipa helvética na Liga dos Campeões e conta com 25 internacionalizações pela Seleção Nacional.
Com apenas 22 anos, a Inês já está a galgar muito terreno e tem-se mostrado como uma referência na baliza. Como é ser uma das figuras máximas do futebol feminino português?
-Ainda há muito caminho a percorrer, mas saber que há guarda-redes a olhar para mim como um exemplo a seguir é um enorme orgulho. Trabalho muito diariamente e testo os meus limites. Procuro sempre melhorar.
Passou pelo 1.º Dezembro, CAC Pontinha, Estoril e Sporting. No início, alguma vez pensou que iria chegar tão rápido a uma equipa de topo?
-Não. Sabia o meu valor e queria muito chegar a uma grande equipa, mas nunca pensei que fosse tudo tão veloz.
Com apenas 17 anos assinou pelo Sporting e passou cinco épocas em Alvalade. Como foram esses tempos?
-Foi um privilégio poder representar o Sporting. Quando estava no Estoril, surgiu a oportunidade e não pensei duas vezes. Cresci muito no clube e estava rodeada de pessoas fantásticas, que me ajudaram imenso a crescer como jogadora e como pessoa.
E trabalhou com o Jorge Vital, uma das grandes referências do treino de guarda-redes.
-Sim e tenho a dizer que foi espetacular. Foi mesmo muito bom. Por vezes, treinávamos com os guarda-redes do masculino e a forma de treinar era completamente revolucionária e fantástica.
No verão do ano passado, a Inês abraça esta grande aventura por terras helvéticas. Como surgiu a oportunidade de representar o Servette, o campeão suíço?
-Estava em final de contrato com o Sporting e desde pequena sempre expressei a minha vontade de ter uma experiência fora. O Servette disputa a Liga dos Campeões e isso teve um grande peso na minha decisão.
Sente diferenças no treino específico de guarda-redes e no estilo do futebol suíço, comparado com o português?
-Sim. No treino específico, aqui é tudo muito mais técnico e a postura corporal é muito trabalhada. O posicionamento também é bastante importante. O estilo de jogo é mais físico, apesar de o Servette apresentar um estilo mais tático e técnico, o que nos diferencia das outras equipas. Mas a grande dissemelhança é a parte física.
E a adaptação ao país e a uma nova realidade, correu bem?
-No início foi um choque. Só queria os meus perto de mim e passei muitas noites a chorar. Pela primeira vez estava sozinha num país que não conhecia. Porém, correu tudo bem e a malta do clube ajudou-me imenso. Foi a melhor decisão que tomei. Sempre que posso dou um saltinho a Portugal para ir ver a minha família e os meus amigos.
Foi uma das jogadoras em destaque na Liga dos Campeões. Que pensamentos lhe passavam pela cabeça quando via o seu nome a ser falado por toda a gente?
-Foi um sonho. Não tenho palavras para descrever aqueles momentos na Liga dos Campeões. Estou grata por poder representar o Servette na melhor competição da Europa e orgulhosa por ajudar este grande clube.
Quem são as suas grandes referências na baliza e no futebol?
-Tenho bastantes. Gosto muito do Iker Casillas e do Buffon. No futebol feminino tenho muitos nomes como exemplo, tais como a Tatiana Pinto, a Ana Capeta e a Rita Fontemanha.
Não descansou até ir à Seleção
Apesar da juventude, Inês Pereira já vestiu a camisola de Portugal por 25 ocasiões e recorda a primeira vez que ouviu "A Portuguesa" dentro do relvado. "Representar a Seleção é um sonho para todas as jogadoras. Tracei esse objetivo na minha cabeça e não descansei até conseguir. Felizmente, com muito trabalho árduo e muita crença, alcancei esse sonho. Quando soube da notícia, não contive as lágrimas. Foi um grande momento na minha carreira futebolística", conta a guarda-redes a O JOGO.
No futuro, a jovem ambiciona ingressar na faculdade e tirar um curso de Fisioterapia, porém, neste momento, o principal desejo da atleta é "continuar apaixonada pelo futebol" e inscrever o nome "na elite do futebol feminino mundial". Aos 22 anos, o céu é o limite para Inês Pereira.