História de superação na Ovarense e na Liga BPI: "Ponderei mesmo desistir de jogar"
Uma rotura de ligamentos sofrida em 2015/16 podia ter ditado o fim da carreira de Joana Sousa, mas a força de vontade mudou o rumo da avançado que representa a Ovarense, da zona norte da Liga BPI.
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Joana Sousa deu os primeiros passos no futebol a jogar pelo GD Incansáveis. Seguiram-se outras experiências até chegar a Ovar, onde esta época se estreou no principal escalão.
Numa altura em que a Ovarense luta pela permanência, foi importante a vitória tão expressiva, por 6-0, diante do Fiães, na última jornada?
- Sabemos que nesta fase da competição não temos mais margem para erros. Depois de vários jogos menos conseguidos, claramente que esta vitória foi importante para nós. Lutamos todas para o mesmo, com o foco de conseguir mais e melhor. E o resultado do jogo foi uma demonstração desse foco, da qualidade e da união que, na minha opinião, foi a chave-mestra da vitória.
Nesse jogo apontou dois golos, como viveu esse momento?
- Vivi-o com muita emoção e felicidade junto das minhas colegas. É um orgulho enorme ajudar a minha equipa, sendo que nesta altura cada jogo é vivido como uma autêntica final.
Que análise faz a esta temporada de estreia pela equipa vareira?
- A experiência que estou a vivenciar nesta temporada é de aprendizagem e de adaptação. Competir pela primeira vez na Liga BPI fez com que, inicialmente, tivesse um pouco de dificuldade na adaptação e integração no plantel. Mas com a passagem do tempo, a experiência que fui ganhando e as aprendizagens que fui tendo com as minhas colegas e equipa técnica, posso dizer que, realmente, tem sido uma experiência incrível e de crescimento.
A equipa esteve perto de atingir a fase de Apuramento de Campeão na primeira fase, o que falhou para isso não acontecer?
- Estivemos a um ponto de atingir o Apuramento de Campeão na primeira fase. Conforme disse anteriormente, não basta termos uma equipa cheia de qualidade quando faltava o essencial: a união e a garra. E essas foram peças importantíssimas que nos faltaram para atingir esse objetivo primordial para a equipa.
Na temporada de estreia no principal escalão da modalidade, Joana Sousa tem três golos marcados em 16 jogos. Para além dos dois tentos diante do Fiães, a atleta marcou ao Boavista
Antes da mudança para a Ovarense, passou por outros clubes. Houve algum que a tenha marcado de forma especial?
- Há dois clubes que levo no coração, o GD Incansáveis por me terem ajudado a dar os primeiros passos no mundo do futebol, e o Grijó pela atitude incrível que tiveram comigo na altura em que tive uma lesão grave. Nessa fase, pensei que não voltaria a jogar mais futebol devido às várias complicações que existiram durante esse processo. O Grijó deu-me a oportunidade para chegar onde cheguei hoje. Por isso, sou imensamente grata a esses dois clubes: por me terem lançado no mundo do futebol e por me terem dado a oportunidade de continuar a jogar.
Na altura da lesão, ponderou deixar de jogar futebol?
- Sim. Na época 2015/16, quando estava no Vila, e estávamos a disputar a fase de subida, tive uma lesão grave: uma rotura de ligamentos e do menisco. Não foi devido a essa lesão que pensei em desistir, mas por tudo o que sucedeu depois... Existiram complicações após a operação, voltei a lesionar-me no menisco ainda no tempo de recuperação e teria de ser novamente operada. Com esta situação, o seguro já não cobria mais operações, tratamentos ou outra solução que pudesse resolver o meu problema. Concluindo, eu teria de assumir todos os custos da operação, fisioterapia e medicação. Sendo um custo elevado, e na altura não tinha possibilidade para assumir este tipo de despesas, ponderei mesmo desistir de jogar. Mas no meio de tanto azar tive a minha salvação, na época 2017/18, de voltar a jogar no Grijó. Foram excelentes no apoio que prestaram na minha recuperação, oferecendo todos os tratamentos necessários. Além da oportunidade que tive de voltar a jogar deram-me asas para crescer no mundo do futebol. Estou-lhes eternamente grata.
Fazer do futebol vida sempre foi um objetivo?
- Sim, claro. Sabia que na altura, em Portugal, era praticamente impossível ter como profissão o futebol, mas nunca descartei a opção de procurar equipas estrangeiras. Atualmente, em Portugal, já temos um futebol mais evoluído, com outros olhares, com outro nível de investimento e com a possibilidade de fazer vida do futebol. Continuo com o objetivo de chegar a esse patamar.
Neste momento, para além de jogar também trabalha? Como é que consegue conciliar as duas coisas?
- Sim. Estou na área administrativa e os meus horários não interferem com os horários dos treinos. Tenho facilidade em conciliar ambos os trabalhos.
Para o futuro, que ambições tem?
- Lutar por um patamar ainda mais alto no futebol feminino e, sem dúvida, representar o meu país. Espero superar todas as minhas expectativas.