Deputada Isabel Moreira sobre Rubiales: "Ainda por cima está numa posição de poder"
"Não me podem beijar, não me podem tocar no meu corpo", exclama a deputada socialista a O JOGO.
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A deputada portuguesa Isabel Moreira (PS) considera que o beijo forçado dado por Luis Rubiales a Jenni Hermoso nos festejos do título mundial da seleção espanhola configura uma situação de abuso que merece ser condenada.
"É um caso grave, que não pode ser aceitável. Sem consentimento, um homem não nos pode agarrar e beijar. Não pode apalpar, não pode beijar, não pode tocar. Não é normal. Ainda por cima ele tem uma posição hierárquica superior, uma posição de poder. Naquele momento dava a sensação de ter ali um troféu. É tudo muito feio, tudo muito indigno", declara a deputada socialista a O JOGO, acrescentando: "Um beijo, ou é consentido ou não é. Se não é, então é assédio. Ainda para mais, ele está numa posição de poder. É um abuso e não é aceitável."
Para Isabel Moreira, o presidente da federação espanhola deveria ser demitido, apesar de ter feito um pedido de desculpas público. "Ele tem que ser afastado. Há várias imagens que mostram que ele é um homem tóxico. Celebra golos tocando nos seus genitais, fez isso agora, portanto é um homem tóxico. E se isto acontece em público, com câmaras, com aquele homem, com todo aquele poder, sem nenhuma opacidade, perguntamos: o que fará ele quando ninguém está a ver?", disse, congratulando-se pela reação enérgica proveniente do quadrante político espanhol.
"Ainda bem que houve reações, nomeadamente a nível governamental em Espanha, e que o próprio já teve, por força das reações, que vir a publico dizer que fez uma reflexão sobre o assunto", assinalou, referindo-se aos vários deputados espanhóis, e até ministros, que condenaram publicamente o ato de Rubiales, ocorrido após o triunfo da Espanha sobre a Inglaterra (1-0), em Sydney, no último domingo.
"Ela conteve-se porque era um festejo que nem sequer era só nacional. Era um festejo de nível internacional e qualquer mulher faria isso. Não ia sobrepor o seu problema individual a uma alegria enorme e coletiva. Mas um homem não se pode comportar daquela maneira, para mais um homem com o poder que ele tem. Um homem poderoso e hierarquicamente superior. Se fosse uma filha nossa, gostaríamos de a ver sujeita a uma situação daquelas? De a ver beijada na boca e que a seguir ele lhe desse uma palmada no rabo? Não gostaríamos, certamente", prosseguiu Isabel Moreira, lembrando ainda que muitas mulheres são confrontadas com várias situações de abuso ao longo da vida: "Há uma multidão de raparigas, de meninas, as nossas filhas, as nossas netas, sobrinhas, a verem. E todas nós passamos por situações deste género. Isto começa quando somos pequenas, eventualmente com familiares, nos autocarros, na rua, com superiores hierárquicos no trabalho ou com professores na escola, com o que quer que seja. Não me podem beijar na boca, não podem tocar no meu corpo."