A suspensão deverá durar duas semanas.
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As autoridades de saúde portuguesas decidiram hoje suspender o uso da vacina da AstraZeneca contra a covid-19 por motivos de "precaução" e "saúde pública".
A decisão foi anunciada pela autoridade do medicamento (Infarmed) e surge após vários países europeus também já terem suspendido a administração desta vacina devido a relatos de aparecimento de coágulos sanguíneos em pessoas vacinadas.
"A DGS e o Infarmed recomendaram hoje a interrupção temporária da administração da vacina da AstraZeneca, tendo por base o princípio de precaução em saúde pública", afirmou o presidente do Infarmed, Rui Ivo, numa conferência de imprensa em que esteve também presente o coordenador da "task force" para a vacinação contra a covid-19, Henrique Gouveia e Melo, e a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas.
Espanha, Itália, Alemanha, França, Noruega, Áustria, Estónia, Lituânia, Letónia, Luxemburgo e Dinamarca, além de outros países, incluindo fora da Europa, já interromperam por "precaução" o uso da vacina da AstraZeneca, após relatos de casos graves de coágulos sanguíneos em pessoas que foram vacinadas com doses do fármaco da AstraZeneca.
A farmacêutica anglo-sueca já disse que não há motivo para preocupação com a sua vacina e que houve menos casos de trombose relatados nas pessoas que receberam a injeção do que na população em geral.
A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) e a Organização Mundial de Saúde (OMS) confirmaram que os dados disponíveis não sugerem que a vacina da AstraZeneca tenha causado os coágulos e que as pessoas podem continuar a ser imunizadas com esse fármaco.
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, anunciou, entretanto, que o comité de especialistas desta agência das Nações Unidas "está a rever os dados disponíveis" sobre a vacina desenvolvida pela farmacêutica e pela Universidade de Oxford e vai reunir-se na terça-feira para discutir a vacina.
Em Portugal, a pandemia de covid-19 já provocou a morte de 16.694 pessoas dos 814.513 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
Hoje, o diretor do Oxford Vaccine Group garantiu que a vacina contra a covid-19 desenvolvida pelo grupo farmacêutico anglo-sueco AstraZeneca é segura, alegando que há "evidências (provas) muito tranquilizadoras de que não há aumento no fenómeno do coágulo sanguíneo no Reino Unido, onde a maioria das doses na Europa foram administradas até agora".
No domingo, em comunicado, a AstraZeneca disse que "uma revisão cuidadosa" dos dados de segurança disponíveis sobre mais de 17 milhões de pessoas vacinadas na União Europeia e no Reino Unido "não produziu evidências (provas) de um risco aumentado de embolia pulmonar, trombose venosa (TVP) ou trombocitopenia em qualquer faixa etária, sexo, lote ou país específico".
Na semana passada, numa conferência de imprensa em Genebra, a Organização Mundial da Saúde (OMS) defendeu que não havia qualquer razão para não usar a vacina da AstraZeneca.
A porta-voz da OMS sublinhou que os especialistas da organização estão ainda a analisar a informação sobre a formação de coágulos sanguíneos, mas referiu que, por enquanto, não foi estabelecida qualquer relação de causa-efeito.
"Qualquer alerta de segurança deve ser alvo de investigação. Temos que assegurar que estudamos todos os alertas de segurança quando distribuímos as vacinas e temos de passar por eles, mas não existe qualquer indicação para não utilizar [as vacinas]", frisou Margaret Harris.