A caminhada de Joana Ramos para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro está a correr às mil maravilhas. Com o ouro conquistado recentemente no Grand Slam de Tyumen, na Rússia, subiu ao 9º lugar do ranking mundial e 2ª posição do ranking de apuramento olímpico.
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DESALINHO Por Ana Proença
A judoca, de 32 anos, tem acumulado pódios em torneios internacionais. Estudante no 3º ano de Direito, Joana diz que o pior do judo é ter de controlar o peso. "Pode hipotecar uma competição ou meses de treino."
Porque escolheu formar-se em Direito?
Porque sempre lutei muito contra as injustiças e pela igualdade. Os acontecimentos que ensombraram as gerações dos meus avós e dos meus pais fizeram com que criasse, desde pequena, uma consciência cívica, igualitária, socialista. Cresci num Portugal que ainda estava a desgarrar-se de preconceitos machistas...
Quanto tempo perde por dia com o judo?
Treino seis horas por dia e sou ainda treinadora no Sporting duas horas por dia.
O que mais a atrai num homem?
O cavalheirismo, o sentido de humor e o sorriso. Os homens muito bonitos não me atraem porque não são de confiança! Prefiro os caladinhos e simpáticos aos que chegam para matar... [risos]
Se existisse uma máquina no tempo, até que época ou século gostaria de viajar?
Sem dúvida até ao tempo dos Descobrimentos. É uma pergunta gira, porque adoro história e dou por mim, muitas vezes, a pensar como seria naquela altura. Mesmo sendo mulher, iria disfarçar-me de homem e enfiar-me num barco à conquista do mundo. Quem sabe se não conseguiria ir com o Pedro Álvares Cabral até ao Brasil.
Porquê judo e não atletismo, basquetebol ou natação?
Aos 12 anos um amigo disse-me que ia para o judo e eu não sabia o que era. Resolvi ir com ele para ver. Achei estranho porque aquilo tinha muitos abracinhos...[risos] Mas assim que experimentei adorei: era igual a andar à bulha com o meu irmão, mas sem ninguém ficar magoado. Achei a melhor receita para descarregar o stress.
Com que bonecas brincava em criança?
Tinha Barriguitas, o Pequeno Pónei e a Nancy. Depois, mais tarde, vieram as Barbies. Mas o que eu gostava mesmo era de ir para o jardim fazer bolinhos com terra e fingir que eram de chocolate.
Gosta de moda?
Bastante. Quando era miúda desenhava os meus vestidos. Na década de 1990 comprava muitas revistas de moda. Agora nem tanto. Já fiz uma passagem de modelos, para o Comité Olímpico, mas não chegou aos calcanhares da adrenalina que sinto antes de entrar para um combate.
Já foi ver "Os Maias" ao cinema?
Ainda não, mas não tenho qualquer preconceito em relação ao cinema português. Lembro-me que, na escola, li apenas o resumo de "Os Maias", porque aquilo tinha muita descrição no início [risos]. Mas adorei o "Amor de Perdição", chorei do início ao fim!
Gosta de tatuagens? Tem alguma?
Adoro e até já desenhei algumas para amigos. Mas ainda não tenho nenhuma porque não houve nenhum desenho que, até agora, fizesse sentido tatuar.
Não há demasiado esfrega-esfrega no judo? A tal ponto de incomodar?
Tive de me habituar a treinar com rapazes, pois não existem assim tantas mulheres. Mas desde o cinto branco que tenho uma mentalidade muito profissional. E confio que as outras pessoas pensam o mesmo.
Foi praxada quando entrou para a faculdade?
Claro, entrei em Coimbra... [risos] Para mim foi uma experiência muita positiva, porque sou bastante tímida e, se não fossem as praxes, teria demorado muito mais tempo a conhecer e a relacionar-me com os colegas. Não me fizeram nada de mal.
Quando se maquilha?
Se eu puder todos os dias. Mas há dias em que saio de casa tão a correr, para não chegar atrasada, que nem me penteio.