Começou em São Petersburgo, na Rússia, a 1 de abril e espera terminar em Dublin, na Irlanda, a 14 de maio. Exatamente 44 dias e 44 maratonas depois. Peter Thompson, inglês de 32 anos, está a correr por uma causa que também o trouxe até Lisboa.
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Sempre fez atletismo?
Não, comecei a correr há oito ou nove anos. Antes jogava futebol, mas chateava-me muito durante os jogos. Precisava de relaxar e a corrida fez isso. O futebol tem o ambiente de equipa, mas a corrida é viciante. Não dependemos de ninguém para obtermos resultados.
Porque decidiu embarcar nesta aventura de 44 maratonas, em 44 dias, por 44 países?
Corro maratonas há seis anos. Tenho um recorde pessoal de 2h25m, mas correr tornou-se uma obsessão. Estava a deixar de ser divertido. Só pensava nos tempos e em ser melhor. Então decidi fazer algo diferente, que me afastasse desses objetivos e ao mesmo tempo pudesse angariar dinheiro para ajudar pessoas com problemas mentais. Decidi correr por uma causa.
Porquê 44?
Li histórias de pessoas que correm em cada um dos Estados Unidos da América, mas nunca li que alguém corresse em todos os países da Europa. A ideia era correr em cada país da Europa. Há definições diferentes de quantos países há na Europa, por isso segui a lista da ONU.
Como se preparou, em termos de treino, para esta aventura?
No meu treino normal corria duas vezes por semana, mas era um treino baseado na velocidade. Nunca tinha corrido quatro horas, por isso tive de incluir no meu treino corridas longas em dias seguidos.
O corpo, nesta altura, já está em velocidade de cruzeiro?
Já se adaptou, sim. Mas a primeira semana foi muito difícil. O corpo não está preparado para isto. Tive dores nos joelhos e nos tornozelos. No sétimo dia, na Ucrânia, comecei a correr sem saber se ia acabar a maratona.
Preparar a logística também é, em si, uma maratona...
Demorei cerca de oito meses a preparar tudo. Está tudo planeado ao pormenor. As viagens, como vou de um sítio para o outro, onde durmo e, claro, onde vou correr. Isso faz com que muita coisa não dependa de mim. Por exemplo, para ir de Sarajevo, na Bósnia, para Zagreb, na Croácia, devia ir num autocarro que não partiu. Tive de apanhar um táxi para viajar seis horas; custou-me 300 euros.
A gastronomia também muda de país para país. O estômago está a aguentar tudo isso?
Tenho tentado adaptar-me. A minha dieta normal é muito rigorosa: como muitos vegetais e proteína, e não como chocolates ou fast-food. Mas agora tenho de ingerir seis mil calorias por dia. Tenho comido muito chocolate, bolos, bolachas e também fast-food. Tem sido raro sentar-me a comer uma refeição decente.
Como foi a passagem por Lisboa?
Muito boa. E muito quente. Mas estive pouco tempo em Lisboa. Aterrei de manhã, vindo de Inglaterra, onde tinha corrido a Maratona de Londres. Deixei as minhas coisas no aeroporto, fui de metro até ao Parque das Nações e corri ao longo do rio com um amigo de Inglaterra. Depois voltei ao aeroporto e viajei ainda nesse dia para Espanha.
O objetivo de tudo isto é angariar dinheiro. Está a conseguir?
Sim. Neste momento, já juntei perto de 13 mil euros, através de patrocínios e doações, que depois vou oferecer a duas instituições de apoio a doentes mentais.
Em que pensa quando corre?
Correr sozinho durante quatro horas é complicado, pois acabo por pensar muito no que me dói. Tento ouvir música, mas só na parte final. Ao início prefiro ouvir os sons do local onde estou.