A curiosidade é tramada! Não ligámos muito quando ouvimos falar, pela primeira vez, da "máquinas da tortura". Mas, à segunda, não fomos capazes de ignorar o frenesim em torno destes aparelhos de eletroestimulação utilizados na prática desportiva personalizada. A J vestiu o equipamento - muito pouco "fashion", diga-se -, foi à aventura. A experiência foi intensa e perdurou no tempo.
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A sensação é estranha. O treino duro. O comodismo discutível. As consequências são, numa fase inicial, dolorosas. Muito dolorosas! Sobretudo para quem tem uma primeira experiência de treino com eletroestimulação e não tem a preparação física de um atleta de competição, como é o caso. Não basta praticar uma modalidade duas ou três vezes por semana para adquirir estatuto de atleta. Mas vamos por partes. Ouvimos falar numa nova vertente de treino personalizado com os mais recentes modelos das máquinas de eletroestimulação, como é o caso da Efit e o X-Body, que estão a fazer sucesso em Espanha. "Em Portugal existem muito poucas, não chegam a dez, é uma novidade", escutámos no I6 Indoor Padel de Cascais, onde há um dos poucos exemplares. A intrigante denominação de "máquina da tortura" aguçou a curiosidade.
Frederico Malaquias, treinador do 20 Fitness Club, ginásio adjacente ao I6, acompanhou-nos numa sessão experimental. "Que tipo de treino vamos fazer?", questionámos, enquanto aguardávamos pela atribuição de um equipamento específico, repleto de elétrodos, fios e presilhas, o essencial para a utilização do aparelho. "A prescrição de exercício irá adequar-se em função do existir nenhum impedimento ou limitação física - por exemplo, uma prótese ou um bypass - Frederico Malaquias ligou a chamada máquina da tortura e orientou um treino diversificado com exercícios de flexões, abdominais, prancha, lunges, levantamento de pesos e estabilidade, entre outros.
Ignorar os sucessivos choques - talvez a descrição mais aproximada do efeito dos elétrodos - nos bíceps, glúteos, quadríceps, posteriores da coxa, gémeos ou zona lombar, e ao mesmo tempo tentar realizar de forma exemplar os exercícios, não é tarefa fácil. Nem tão pouco a experiência mais agradável!
Todos os músculos abrangidos pelo equipamento são sujeitos a uma estimulação constante, que varia e intensifica-se conforme a preparação física de cada um, sensibilidade do organismo e etapa do treino [aquecimento, exercício e descompressão]. E escusado será dizer que Frederico Malaquias não levou a J a altas intensidades.
Quando se ganha um andar à futebolista
Durante a sessão, os ponteiros do relógio parecem não acompanhar o esforço ininterruptamente exigido ao corpo, que não pode mover-se além do comprimento dos cabos que nos ligam ao aparelho de eletroestimulação.
"É um treino exigente e entre os exercícios não há pausas. Enquanto nos exercitamos, é possível definir intensidades de estímulo para cada grupo muscular de forma independente, em função dos objetivos e necessidades. Pelo que podemos efetuar simultaneamente um exercício integrado de membros superiores e inferiores, sem que seja a carga externa a limitar o potencial de estimulação do trem superior existir nenhum impedimento ou limitação física - por exemplo, uma prótese ou um bypass - Frederico Malaquias ligou a chamada máquina da tortura e orientou um treino diversificado com exercícios de flexões, abdominais, prancha, lunges, levantamento de pesos e estabilidade, entre outros.
Ignorar os sucessivos choques - talvez a descrição mais aproximada do efeito dos elétrodos - nos bíceps, glúteos, quadríceps, posteriores da coxa, gémeos ou zona lombar, e ao mesmo tempo tentar realizar de forma exemplar os exercícios, não é tarefa fácil. Nem tão pouco a experiência mais agradável!
Todos os músculos abrangidos pelo equipamento são sujeitos a uma estimulação constante, que varia e intensifica-se conforme a preparação física de cada um, sensibilidade do organismo e etapa do treino [aquecimento, exercício e descompressão]. E escusado será dizer que Frederico Malaquias não levou a J a altas intensidades.
Frederico Malaquias, personal trainer
"Com cinco sessões já se vê maior firmeza muscular"
Que traz de novo este treino personalizado com eletroestimulação?
Esta ferramenta engloba diversos programas de treino, que se distinguem por diferentes frequências e intensidades de eletroestimulação. É possível selecionar 100 níveis de intensidade geral e nove de intensidade relativa para cada grupo muscular. Quase todas as pessoas podem usufruir desta nova tecnologia, podendo ser utilizada na otimização da composição corporal (redução de massa gorda, definição muscular, aumento de massa muscular), melhoria do desempenho desportivo, qualidade de movimento e funcionalidade (padrões corretos de movimentos, mobilidade e estabilidade), prevenção e recuperação de lesões musculoesqueléticas e bem-estar.
Quais as principais vantagens?
É possível reduzir a carga articular, pois a resistência externa pode ser mínima e estimular de forma suficiente o sistema musculoesquelético, tendo especial interesse em fases iniciais de recuperações de lesões. Permite facilitar a ativação de estruturas lesionadas (ou inibidas), que podem promover movimentos disfuncionais e compensatórios. Permite recrutar fibras musculares rápidas que, com treino convencional, exigem resistências externas superiores. Possibilita um maior dispêndio energético, melhoria do fluxo sanguíneo e redução do tempo de treino.
Tem contra-indicações?
É contra-indicado em pessoas que utilizem pacemaker, próteses metálicas ou sofram de doenças do foro cardíaco, caso de insuficiência cardíaca, do foro circulatório, como a flebite e a trombose venosa profunda, e epilepsia.
Quantas sessões, em média, são precisas para se verem resultados?
Varia de acordo com a intensidade do treino, frequência semanal e objetivos. Ao nível da postura e da qualidade dos movimentos, existem melhorias nas primeiras sessões. Ao fim de cinco a oito sessões verifica-se, esteticamente, maior firmeza muscular. Já para a aquisição de massa muscular, são necessárias seis a oito semanas para os resultados começarem a ser visíveis.