ÁREA D - Entrevista a Mariana Norton
Corpo do artigo
Há conversas que nos fazem muito bem ao ego. Conversar com Mariana Norton é uma delas. Cantora (e que voz tão bonita!) e atriz, encanta pela simpatia e espontaneidade. A Patrícia de Bem-Vindos a Beirais, a Isabel de Liberdade 21, ou a Mariana Marques Vila de Vila Faia, só para dar alguns exemplos, deixa-nos sempre a certeza de que o ser humano é capaz de andar muito perto da perfeição. Obrigado, Mariana.
Nasceste em Lisboa. Não gostavas de ter nascido noutra qualquer cidade?
Não, apesar de gostar muito de outras cidades. A minha mãe é argentina, o meu avô era polaco, passou por Lisboa quando estava a fugir da II Guerra Mundial, portanto, Lisboa e uma cidade bonita para nascer e um bocado simbólica. Fico contente por ter nascido aqui.
És filha de escritores, como é que não deste escritora?
Adoro literatura e por influência dos meus pais comecei a ler muito cedo. Sou uma apaixonada por literatura. Já estou a escrever mais. Já escrevi uma curta metragem que saiu no ano passado e estou a escrever neste momento um espetáculo de teatro. A escrita está a fazer mais parte da minha vida.
Os teus pais não ficaram aborrecidos quando tu optaste pela via artística?
Eu estava em Direito, era uma aluna promissora. Era suposto ser advogada. No momento em que eu desisti de Direito ficaram um bocado apreensivos. Acho que toda família acabou por abraçar mais o seu lado artístico. Acho que nos inspirámos uns aos outros para fazermos aquilo que gostamos. Eles são fãs do meu trabalho, incondicionais.
Liberdade 21 ou Vila Faia qual das séries te marcou mais?
Foram diferentes. A Vila Faia foi uma novidade, durante vários anos não quis fazer televisão, estava em Nova Iorque a estudar teatro. Foi a primeira vez que fiz televisão. Gostei muito. De repente era neta da Simone de Oliveira e arqui-inimiga da Rita Lello. Foi uma experiência muito interessante. A Liberdade 21 é um projeto que trago no coração. Fazia uma advogada muito exigente. Era advogada de atores incríveis. Gostei imenso. A "Isabel" foi uma das minhas personagens preferidas. Gostei muito.
Como é que foste parar a Beirais?
(risos) Não sei, mas felizmente fui lá parar. Lembro-me que me convidaram para um projeto que seria uma coisa pequena, para três meses. Acabei por ficar três anos e pouco. Adorei Foi muito divertido. Sempre que ia gravar sabia antecipadamente que me ia rir...
Não viste o Narcos , que marcou a internacionalização do Pêpê Rapazote?
Não vi a série toda, mas acompanhei os momentos que marcaram a internacionalização dele. E foi um orgulho para todos nós.
E quando eras criança o que é que querias ser?
Atriz. Se calhar um lado meu queria ser veterinária, mas ser atriz era o meu sonho.
Tens uma voz lindíssima. Sentes-te mais confortável como atriz ou como cantora?
Sinto-me confortável a fazer as duas coisas. Não sei... Não tenho uma resposta concreta para isso. Vou continuar enquanto puder a fazer as duas coisas.
Tens um álbum em que os poemas são escritos por ti, à exceção de dois, um da tua mãe e outro do Tiago. Deu-te mais trabalho ou prazer?
Foi um processo natural. Quando entro numa de escrever e de compor é como entrar em meditação. Quando está feito olho para trás e percebo o que fiz.
Em Portugal faz sentido lutar contra as touradas?
Ui, essa pergunta... Sou contra qualquer sofrimento de qualquer ser vivo às mãos do Homem. Sou contra o sofrimento dos touros. A tradição é uma coisa super bonita, mas os tempos mudam.
Torces pela seleção da Argentina?
Claro, mas vamos por ordem. Primeiro, Portugal. Numa competição em que estivessem os dois acontecia que quando Portugal era eliminado eu passava a torcer pela Argentina.
Já agora quem é o melhor, Ronaldo ou Messi?
Oh meu Deus!... Os dois são incríveis. O Ronaldo se calhar merece-me um carinho especial. Mas gosto dos dois.
E em Portugal há algum clube que te seduz?
Não, honestamente não. Normalmente torço pelos mais pequenos. Desculpem, porque isto é para O JOGO, mas não. Gosto mais de jogos entre seleções.
Que projetos tens no momento?
Estou a escrever um espetáculo de teatro, que se chama o "o Arquivo das Palavras Nunca Ditas". As pessoas podem recorrer ao site, que tem esse mesmo endereço, e escrever qualquer coisa que queiram desabafar. Essa é a primeira fase. E estou a trabalhar num disco novo.
És uma pessoa feliz?
A felicidade é uma pressão dos tempos contemporâneos, que pode ser um bocadinho violenta. Tento não cair nessa pressão. Procuro viver o dia a dia contente. A pressão de ser feliz acaba por ser contraproducente . Agradeço tudo o que tenho.