FORA DE JOGO - Teófilo Fernando é o verdadeiro repórter. Hoje na TSF, mas também já jogou na Antena Um, este grande camarada de ofício é muito bom no que faz. Nasceu em S. Félix da Marinha, mas cresceu em Matosinhos, perto do Estádio do Mar. O Leixões é um clube que admira muito e também é sócio internacional do Real Madrid. Ora, vamos lá conhecê-lo um bocadinho melhor.
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Quando é que descobriste o prazer de fazer rádio?
Começou um bocado sem querer, mas depois de começar na Rádio Atlântico, onde fizemos coisas muito boas que nos deram protagonismo, a partir daí, a rádio começou a ganhar maior importância para mim. Quando era mais miúdo ouvia relatos, lia jornais, crónicas de jogos...
Foi sempre isto que quiseste fazer?
-Não, no princípio nunca me tinha passado pela cabeça, mas quando comecei na Rádio Atlântico concluí que era aquilo que queria fazer.
Continuas a fazer rádio com a mesma paixão dos primeiros anos?
- Sim, continuo. E isso é importante, porque sem essa paixão não conseguimos fazer bem as coisas. Apesar de hoje as condições serem muito limitadas, continuo a adorar fazer reportagem de pista.
Em que papel é que te sentes melhor, a fazer reportagem de pista ou a editar jornais?
- Gosto mais de fazer reportagem de pista. Quando comecei era muito mais simples, porque havia um contacto facilitado com os jogadores. Hoje temos que reinventar as coisas. Temos o privilégio de estar na primeira fila no estádio e há que encontrar motivos de reportagem. A área da edição também me dá prazer, mas é na reportagem de pista que me sinto bem.
Para fazer reportagem de pista é preciso estar em boa forma, tu fazes ginásio?
- Não (risos), a única coisa que faço é dar umas voltas de bicicleta. A reportagem de pista hoje é quase como estar no sofá, porque estamos limitado a um espaço. Mas percebo a tua pergunta. A única coisa que faço é mesmo dar uma voltas de bicicleta...
E já caíste alguma vez em reportagem, a correr atrás de alguém?
- Felizmente não. Já tive alguns apertos, algumas confusões, sei lá, em festejos de títulos. Há muitos anos, quando o FC Porto se sagrou campeão em Guimarães, acabámos todos em cima do Jardel, ele estendido no relvado e nós todos em cima dele...
E nas confusões nunca mandaste uma cotovelada num companheiro?
- Às vezes acontece, há muita confusão com câmaras, micros, as coisas ficam mais azedas, mas no fim está tudo bem.
Já disseste que hoje é mais difícil fazer reportagem. O que é que mudou?
- Os clubes fecharam-se, as regras da Liga também estão diferentes. Antigamente, até com os jogadores que estavam no banco falávamos. Hoje nada disso é permitido. A reportagem que eu vi fazer a colegas como o Trindade Guedes, o Carlos Júlio Lopes, o Alexandre Santos, hoje é impossível. Tenho muitas saudades desse tempo porque valorizávamos o espetáculo.
Já fizeste várias voltas a Portugal. Trabalha-se melhor no ciclismo ou no futebol?
- Sem dúvida que se trabalha melhor no ciclismo. Há uma disponibilidade muito maior, temos total liberdade para trabalhar. Por exemplo, um corredor acaba a prova e fala imediatamente. A família do ciclismo está sempre disponível. Para além de gostar muito de ciclismo, não há dúvidas de que se trabalha melhor no ciclismo.
Faz-se boa rádio em Portugal?
- Sim, faz-se muito boa rádio em Portugal. Houve uma altura, quando as televisões entraram em força, que se perguntava o que é que ia ser da rádio. Mas a rádio reinventou-se, hoje temos que ter mais cuidado com o digital, por exemplo. Temos fantásticas rádios de informação em Portugal, como a TSF, a Renascença, a Antena Um. Moro em Anadia e tenho que me deslocar para o Porto todos os dias e uma das minhas companhias é a rádio. Ouço muito rádio.
Ouves a TSF, claro...
- Por acaso até ouço mais as outras, gosto de saber o que os outros estão a fazer, porque são companheiros, são amigos. É bom sabermos o que os outros fazem.
Qual é o momento que vais guardar para tua vida?
- Tenho vários, felizmente. Tive a a oportunidade de fazer o Campeonato do Mundo em 2006, que acho que é uma competição de sonho para um repórter. O Campeonato da Europa em Portugal foi também algo que me marcou. E depois há os títulos europeus do FC Porto, em que também estive. E as Voltas a Portugal, claro.
O campeonato está mais competitivo?
- Sim, pelo menos os grandes, mesmo o FC Porto que está a jogar muito bem, têm sempre mais dificuldade em vencer.
Quem é que achas que vai ser o campeão este ano?
- Acho que dificilmente o FC Porto perderá este campeonato. Tem uma vantagem confortável, apresenta um futebol atrativo, acho que esta vantagem será suficiente, embora o calendário teoricamente apresente mais dificuldade para o FC Porto do que para os rivais.
És uma pessoa feliz?
- Sou, tenho a vida que quero em termos profissionais, tive a oportunidade de ter pessoas que acreditaram em mim, com muita amizade, e em termos pessoais sou uma pessoa feliz.