Olhando ao balanço de compras e vendas dos campeões da última década nas maiores ligas, os red devils gastam, em média, mais pelo sucesso do que City ou PSG.
Corpo do artigo
Foi em em 2011, há uma década, que o Paris Saint-Germain entrou no clube dos novos milionários do futebol europeu ao ser comprado pela Qatar Sports Investment (QSI). De então para cá, tem dividido atenções com o Manchester City, detido por um fundo da família real de Abu Dhabi (EAU), pelas contratações milionárias e o desafio às regras do fair play financeiro.
Contudo, ao contrário do que muita gente pode pensar, os parisienses fecham o pódio dos mais gastadores olhando ao saldo entre compras e vendas nesta última década. No topo estão os citizens e no segundo lugar o United, o clube que, entre os 16 campeões das cinco maiores ligas europeias, celebrou o campeonato mais caro. Isto, claro está, dividindo os 955,81 M€ negativos por um, dado que só celebraram uma vitória na Premier League.
Tendo um saldo ainda mais negativo, superior a mil milhões de euros, o City teve maior sucesso desportivo e os cinco campeonatos ganhos permitem-lhe dizer que saíram a pouco mais de 200 milhões de euros, inclusivamente mais económicos do que os dois conquistados pelo Chelsea ou o do Liverpool.
Aliás, na Premier League o título mais económico foi o do Leicester. Contudo, no total de troféus, Chelsea e Man. City acabam por ser aqueles que menos gastaram por cada um ganho.
Quanto ao PSG, o facto de ter ganho sete campeonatos e um total de 27 troféus nestes dez últimos anos, significa que os títulos e os troféus acabam por não sair especialmente caros. Convém, contudo, referir que os outros três campeões franceses nestes dez anos, Montpellier, Mónaco e Lille têm saldos positivos entre compras e vendas no período em análise.
Completamente hegemónicos na Alemanha e Itália, Bayern e Juventus, com nove títulos em dez possíveis, colocam os seus títulos e troféus a preços de saldo, mas mesmo tendo ganho duas Champions, cada uma destas saiu a 177,4 M€ aos bávaros.
Já a Juventus, sem conseguir terminar com um jejum que dura desde 1996, acaba por olhar para os quase 500 M€ de saldo negativo com um sabor a insucesso.
Refira-se que o Dortmund tem saldo positivo por uma Bundesliga ganha, enquanto o Inter, atual campeão italiano, "pagou" 410,4 M€ pelo único troféu em dez anos, o mais caro entre todos os clubes em análise.
Em Espanha, o Atlético de Madrid tem os títulos e troféus mais baratos e o Barcelona os mais caros, apesar de ter mais campeonatos e troféus do que o Real Madrid. Este último destaca-se, sobretudo, pelo facto de ter as Ligas dos Campeões mais baratas, face às quatro conquistadas neste período, no valor de 61,17 M€, uma pechincha comparado com os mais de 500 milhões que custou ao Barcelona apenas uma.
Dream team a preço de saldo
Parece um contrassenso mas o Paris Saint-Germain, um dos maiores gastadores a nível de contratações na última década, teve o melhor mercado de sempre, em termos de qualidade de aquisições, a preços de saldo. O PSG já tinha um plantel de luxo, com nomes sonantes como Neymar, Mbappé, Di María, Verrati e Marquinhos à cabeça, mas as chegadas de Messi, Wijnaldum, Sergio Ramos, Donnarumma e Hakimi transformam o clube francês num autêntico Dream Team.
E o impressionante é que tirando o último, comprado ao Inter por 60 M€, todos os restantes chegaram livres depois de terem terminado os vínculos com os respetivos clubes.
O primeiro grande golpe do clube liderado por Nasser Al-Khelaifi foi o médio Wijnaldum. Após decidir abandonar o Liverpool, o jogador neerlandês parecia ter tudo acertado com o Barcelona - era um dos alvos prioritários do técnico Koeman -, mas as dificuldades financeiras dos catalães atrasaram o processo e o PSG chegou-se à frente, com o jogador a não ter dúvidas em assinar no dia 1 de julho.
Uma semana depois foi a vez de assinar Sergio Ramos, capitão épocas a fio do Real Madrid que não se entendeu com o clube merengue para renovar. Mais uma semana volvida, e três dias depois de ter ganho o Euro"2020 onde foi eleito o melhor jogador do torneio, o PSG anunciou Donnarumma, o guarda-redes da Itália e que terminara o vínculo com o AC Milan.
Mas o golpe final e mais inesperado aconteceu já esta semana. O Barcelona revelou-se incapaz de renovar o contrato de Messi e o argentino que ganhou um recorde de seis Bolas de Ouro juntou-se à constelação comandada pelo compatriota Mauricio Pochettino.
Com tantos jogadores de classe mundial, ao PSG não se exige menos do que ganhar todas as competições em que se encontra envolvido. Sendo que é a Liga dos Campeões que interessa verdadeiramente ao emblema de Paris conquistar, uma vez que é o troféu que teima em fugir-lhe: em 2020 esteve perto de o levantar, perdendo, contudo, a final para o Bayern. Em França, o domínio tem sido por demais evidente com sete campeonatos ganhos nas últimas nove épocas. Mónaco, em 2017, e Lille, na época passada, foram as equipas que surpreenderam o PSG na Ligue 1, algo que ninguém julga possível suceder esta temporada.
Galáticos não são exemplo
O Dream Team parisiense tem os olhos todos colocados na Champions, mas convém-lhe ter em mente que os sonhos por vezes transformam-se em pesadelos e os primeiros anos do século ficaram marcados pelo mau exemplo dos Galáticos do Real Madrid. O conceito desenvolvido por Florentino Pérez acabou bastante mal para os merengues.
Sendo certo que depois de juntar Zidane a Figo e companhia (Casillas, Roberto Carlos, Hierro, Redondo, Raúl...) viu o Real sagrar-se campeão europeu em 2002, o atual líder dos blancos não recolheu depois os frutos desejados com as contratações de Ronaldo, o Fenómeno, Owen e Beckham. Um campeonato, duas Supertaças (uma de Espanha e uma europeia) e uma Taça Intercontinental, foram o magro pecúlio de conquistas desta "super" equipa entre 2002/03 e 2005/06, quando Pérez decidiu deixar o clube e o projeto galático morreu.