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Regras alemãs vão mudar para abrir porta a investidores internacionais

. REUTERS/Michaela Rehle

Presidente da Liga alemã anunciou início de processo para promover alterações na titularidade dos clubes da Bundesliga e da segunda divisão.

O futebol alemão vai avançar para profundas alterações quanto à titularidade dos clubes, com o objetivo de atrair investidores internacionais e colocar a Bundesliga ao nível das mais fortes, como a inglesa ou a espanhola.

A intenção de mudança foi revelada esta quinta-feira em Frankfurt aos jornalistas internacionais por Christian Seifert, presidente da Liga alemã (DFL), explicando que "está em estudo" a revisão da regra conhecida por "50+1", que impede a um investidor único possuir a maioria do capital de um clube.

"Vamos iniciar um processo com os 36 clubes profissionais (Bundesliga e segunda divisão) para rever esta regra, velha de 20 anos", disse Seifert, que no entanto admitiu que deverá haver resistências e que não conta concluir a revisão antes do final do ano.

Na Alemanha, a cultura de clubes é tradicionalmente de associação, sendo detidos e geridos pelos sócios.

"Os estados estão cheios, os preços dos lugares são acessíveis, toda a sociedade vem ao estádio - jovens, velhos, negros, brancos, ricos, pobres, é um desporto para toda a gente e isso é um traço muito particular da Bundesliga", disse Seifert, que evocou o Muro Amarelo de Dortmund, a tribuna popular mais vasta de Europa e onde se pode ir apoiar o Borussia por 15 euros.

A regra do 50+1 "fez da Bundesliga o que ela é hoje", diz o presidente da DFL, pelo que "mudar o quadro vai permitir-nos passar de bem a muito bem e não só enriquecer os clubes".

Seifert defende igualmente que é preciso evitar que os clubes se tornem "simples produtos que se compram agora para vender amanhã". Há que "preservar valores importantes para as cidades e os seus habitantes", juntamente com a procura de "melhores possibilidades de investimento para investidores sérios e duradouros".

O líder da DFL já tinha deixado um alerta ao constatar o claro recuo dos clubes germânicos nas competições internacionais. Na última época, nenhuma equipa chegou às meias-finais, o que já não acontecia desde 2004/05, e na atual só o Bayern Munique avançou para os "oitavos" da Liga dos Campeões, enquanto Leipzig e Dortmund caíram para a Liga Europa, onde já não havia mais equipas do país.

"É uma questão de dinheiro. Se queremos ser competitivos, temos de aceitar, até um certo ponto, as regras comerciais", justificou.

Redação