Andebol

Irmãos Costa, defeitos, qualidades e a Liga dos Campeões: "Acredito que podemos ganhar..."

Ricardo, Martim e Kiko Costa Mário Vasa

PARTE II - Qualidades e defeitos analisados pelos irmãos mais famosos do desporto português. Liga dos Campeões pelo Sporting é objetivo

O magrinho encheu e o atirador já passa

Era o próprio Kiko quem, em 2020, se dizia ainda muito magrinho. "Sim, dizia e era, agora já estou melhor, mas é um caminho muito largo, ainda falta imenso para percorrer. Era magro, franzino, já sou menos, ainda tenho que me construir e continuar a crescer fisicamente. Com a ajuda dos meus colegas, da minha família e dos meus amigos, tem sido tudo bastante mais fácil, pessoas que nos querem bem, há pessoas que nos ajudam a percorrer este caminho, sem pessoas que nos querem ver mal do nosso lado", refere.

"Este é um clube excelente, que nos dá muitas condições para conseguirmos crescer. Cheguei aqui com 15 anos, era um miúdo, não sabia muitas das coisas que sei hoje. O andebol, no início, era mais difícil, jogava com pessoas bastante mais velhas, isso ainda acontece, mas era muito mais difícil. Jogar contra o Carlos Ruesga, que já tinha 38 e era um fora de série, bem, eu nem tinha bem noção na minha cabeça, mas à medida que os anos foram passando as coisas foram-se tornando mais fáceis, começou a fazer tudo muito mais sentido, consegui ajudar a equipa a ganhar os jogos. Já estou mais próximo do que devo fisicamente, mas ainda falta, ainda tenho 20 anos", recorda.

O mesmo Francisco, Kiko é como carinhosamente é conhecido e tratado, apontava um defeito ao irmão: só rematava, tinha de aprender a passar. "Aos poucos tenho melhorado nesse aspeto, mesmo hoje em dia há muitas coisas que tenho que melhorar e uma delas é essa, até porque há jogos em que a bola não entra sempre. Se em todos os jogos fizéssemos 12 em 12 era fácil, mas não é assim, há jogos em que se falha mais, em que as defesas estão a defender bem e temos de arranjar outras soluções, temos de encontrar outra maneira de jogar andebol", assume. "Toda a gente tem sempre coisas a melhorar, até na vida. Eu tenho vindo a melhorar, mas sem perder o foco e o meu instinto, que é marcar o golos, é uma coisa que faço bem. É o mais doce do jogo e também não posso perder essa característica", anota.

"Já melhorou, claro que sim", dispara Kiko. "Mas eu também não quero que ele perca isso, como ele disse. E, em muitos jogos decisivos que nós tivemos ao longo destes cinco anos, foi ele que resolveu, foi ele que teve a coragem de pegar na bola e de marcar o golo decisivo e é muito bom ter um jogador desse nível na nossa equipa, um jogador que consegue decidir, sabendo toda a gente que a bola vai para lá, e ele marca. Isso é algo único e nem todas as equipas têm esse tipo de atleta", elogia o irmão mais jovem.

"Podemos ganhar a Champions"

"Quando vim para cá tinha 18 anos, agora tenho 23, tinha que evoluir. Se com 23 ficasse o mesmo jogador que era com 18, algo estava mal, mas acho que a toda a equipa tem evoluído muito ao longo destes cinco anos. Crescemos como jogadores, a nossa capacidade física, a minha, a do Kiko, a de vários jogadores, como o Salvador, por exemplo, toda nossa capacidade de jogar andebol melhorou bastante", elogia Martim Costa, sem parar: "Também temos um grande preparador físico e excelentes treinadores adjuntos, o Candeias. Tem sido um processo de evolução nestes cinco anos e o caminho é continuar a crescer, porque temos uma margem muito grande, a equipa é super jovem e ainda queremos mais".

Perante a descrição, O JOGO insistiu na questão da Liga dos Campeões. "A equipa pode dar mais e acredito que podemos ganhar a Champions. Obviamente que é muito complicado, não vou estar aqui a dizer que não é, é super complicado, mas também não sei quando é que vai ser, se vai ser este ano ou se para o outro. É um objetivo e é com isso e com essa mentalidade que temos de começar sempre cada época, porque temos essa capacidade", assegura Martim. "Acho mesmo que podemos, temos essa capacidade e jogadores para isso. Obviamente que é difícil, mas é só ir ao ano passado e estivemos a isto [faz gesto de muito pouco] da final four. Não entrámos, mas que está na minha cabeça e na cabeça da equipa, está", afiança o lateral-esquerdino leonino.

Rui Guimarães