Internacional

Ex-promessa do City trocou futebol por Oxford: "Estava aborrecido..."

Gabriel Willhoft-King X/Reprodução

Gabriel Willhoft-King retirou-se do futebol aos 19 anos para estudar direito na Universidade de Oxford

Gabriel Willhoft-King enfrentou uma escolha decisiva para a sua vida adulta na época passada: continuar na academia do Manchester City, onde integrava a equipa de sub-21, e tentar fazer carreira no futebol, ou deixar esse meio aos 19 anos para estudar direito na prestigada Universidade de Oxford.

O agora antigo médio inglês escolheu a segunda opção e explicou essa decisão este mês ao jornal The Guardian, admitindo que, desde que se mudou para a universidade, dezenas de pessoas já lhe perguntaram, surpreendidas, porque é que desistiu do futebol ao fim de apenas uma época no City, já depois de vários anos na academia do Tottenham.

"Não conheço muitas pessoas que, depois de chegarem à equipa de sub-21 do Man. City, fazem as malas. Porque quando jogas pelos sub-21 do City, a expetativa seria perseguires uma carreira", referiu.

Um aspeto determinante para essa desistência foram sucessivas lesões que o jovem sofreu desde 2022. Outro, segundo o próprio explicou, foi o facto de estar muitas vezes "aborrecido" com a rotina inerente ao futebol de alto nível, explicando que até treinar sob o comando de Pep Guardiola e juntamente com estrelas como Erling Haaland ou Kevin de Bruyne, a dada altura, deixou de o entusiasmar.

"O Tottenham é uma boa equipa, mas o City é outro nível. De Bruyne, Haaland... são os melhores jogadores do mundo, mas também percebes que são pessoas normais. Eles brincam um pouco, chamam a atenção uns aos outros quando fazem erros e ver Pep [Guardiola]... ele é muito animado. A energia que ele dá, com os gestos das mãos, a levantar voz, é bastante assinalável", começou por recordar, antes de explicar como, progressivamente, foi perdendo a paixão pelo futebol: "Eu não quero dizer que perdi a ilusão, mas treinar com a equipa principal tornou-se algo que ninguém ansiava, estranhamente, porque tu só fazias pressão. Nós corríamos atrás da bola como cães durante uma hora e meia ou 60 minutos e não é uma experiência muito agradável, especialmente quando tentas pressionar De Bruyne ou Gundogan ou Foden. Não consegues chegar perto deles, então o sentimento de não quereres fazer isso ultrapassa o fascínio".

"Eu não estava a desfrutar. Não sei o que era, talvez o ambiente, mas estava muitas vezes aborrecido. Tu treinavas, ias para casa e não fazias nada. Se fizermos um contraste com agora... Eu tenho dificuldade em encontrar horas no dia. Ou estou a estudar, ou a sair com amigos, a jogar na equipa da universidade... Sempre me senti pouco estimulado no futebol. Continuei a adorá-lo, mas sempre senti que podia estar a fazer mais. Eu estava a desperdiçar horas do dia, precisava de algo diferente e Oxford e as suas pessoas excitaram-me. Acho que foi essa a razão. As lesões foram um grande fator, mas essa é a resposta fácil. Senti que precisava de algo mais, principalmente ao nível intelectual, o que soa muito pretensioso, mas pronto. Digamos que fazia carreira na League One [terceira divisão inglesa] ou no Championship [segunda divisão], fazes bom dinheiro, mas quanto é que desfrutaria disso? Na minha cabeça, não tinha a certeza. Ao mesmo tempo, no melhor dos casos jogas 10 ou 15 anos, e depois disso? Pensei que ir para a universidade me daria uma plataforma para fazer algo durante mais tempo do que 10 ou 15 anos. Por isso, foi também por ser algo a longo prazo", concluiu.

Alexandre Dionísio